Cresce número de casos de miopia no país e especialistas alertam para impacto entre crianças e jovens
O crescimento acelerado dos casos de miopia tem preocupado oftalmologistas de todo o país. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 59 milhões de brasileiros já são míopes, e a projeção é de que, até 2040, o número de casos graves quase dobre. O aumento é atribuído principalmente aos hábitos da vida moderna, como o uso excessivo de telas, a falta de tempo ao ar livre e o diagnóstico tardio, especialmente entre crianças e adolescentes.
Nas grandes cidades, o problema é ainda mais evidente. A rotina corrida, os espaços reduzidos e a vida cada vez mais mediada por dispositivos digitais criam o cenário ideal para o avanço da miopia. Segundo especialistas, essa combinação vem alterando o perfil da saúde ocular da população e pode trazer consequências sérias nas próximas décadas. “Quando o grau da miopia aumenta muito rápido, os riscos vão além dos óculos. Estamos falando de degeneração macular e descolamento de retina, problemas que podem aparecer décadas mais tarde”, explica Dra. Cláudia Morgado, especialista em cirurgia refrativa do Centro de Saúde Ocular Kátia Mello, no Rio de Janeiro.
Além de comprometer a qualidade da visão, a miopia não corrigida tem impacto direto no rendimento escolar e no desenvolvimento cognitivo das crianças. Muitas vezes, o problema é identificado tardiamente, quando o aluno já apresenta dificuldade de aprendizado, desatenção e queda nas notas. “Não basta colocar óculos quando a criança reclama. É essencial identificar precocemente os sinais e orientar o uso equilibrado de telas, além de incentivar o tempo ao ar livre”, reforça Dra. Kátia Mello, médica oftalmologista, fundadora do Centro e especialista em oftalmologia preventiva e geriátrica.
As consequências, porém, não atingem apenas o público infantil. Adultos jovens, que passam grande parte do dia diante de telas de computadores e celulares, também registram aumento de casos de miopia e outros distúrbios oculares, como a síndrome do olho seco, condição que provoca ardência, coceira e sensação de areia nos olhos. O alerta dos especialistas é claro: a saúde ocular deve ser acompanhada desde cedo, com consultas oftalmológicas regulares, controle no tempo de exposição a telas e maior estímulo a atividades ao ar livre, que ajudam na regulação do crescimento ocular.
“A miopia é uma questão de saúde pública que precisa ser enfrentada com informação e cuidado. Quanto mais cedo for diagnosticada e acompanhada, menores são os riscos de complicações futuras”, completa a Dra. Cláudia Morgado. O tema tem mobilizado profissionais da área, que defendem campanhas de conscientização e programas de triagem visual nas escolas. A miopia, que antes era vista apenas como uma questão de correção óptica, passou a ser considerada uma das principais preocupações de saúde ocular do século XXI.








