• Muzambinho.com
  • muzambinho.com.br
  • loja.muzambinho.com

Novembro Azul: tabu torna o câncer de próstata mais fatal

Redação10 de novembro de 20257min0
novembro-azul-64fde5402764e2d1
Receio de fazer o toque retal faz com que a doença seja descoberta mais tarde, na fase mais agressiva

O câncer de próstata é um problema cultural. Por mais que haja um esforço para que alertas e informações cheguem ao público-alvo, como a realização da campanha “Novembro Azul”, o tabu permanece: para evitar a manipulação do reto, por onde é feito o exame de toque, os homens adiam ao máximo a ida ao consultório. E, quando decidem ir, pode ser tarde demais.

“Ainda existe muito tabu sobre o exame de próstata, sobre a saúde do homem em si. Ele tem uma dificuldade grande de se sentir frágil, né? Então ele foge de diagnósticos, não só de próstata, mas de um modo geral, como os problemas cardíacos, por exemplo. Ao não fazer o exame, a intenção é justamente não descobrir o problema”, lamenta o urologista Sérgio Rametta.

Esse adiamento, explica o médico da Afya Montes Claros, se deve às próprias características da doença, que evolui lentamente, “não sendo agressiva ao ponto de (provocar) uma morte rápida”. Apesar disso, o alto índice de morte se dá pela conjunção de ser extremamente frequente em homens, especialmente os acima de 65 anos, e a não procura de atendimento médico.

No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer estima 71.730 novos diagnósticos por ano entre 2023 e 2025, o que faz dele o tipo de câncer mais incidente entre homens, excluindo os de pele não melanoma, e o segundo que mais mata no país, com mais de 16 mil mortes apenas em 2021. “A gente acaba diagnosticando doenças mais graves em situações onde a cura já tem condições de ser atingida com sucesso”, registra Rametta.

Se já não bastasse o grande tabu em torno do exame de toque, que não passa de alguns minutos, os Estados Unidos resolveram não indicar mais, há cerca de dez anos, os exames de rastreamento. Isso porque uma anormalidade na próstata pode não determinar um câncer futuramente, além do fato de ela se desenvolver lentamente, de maneira silenciosa.

“Estudos atuais estão mostrando que, se antes eles diagnosticavam doenças em estágio mais inicial, agora houve um aumento importante do diagnóstico de doenças em fases mais tardias, necessitando de um tratamento mais agressivo. É importante fazer esse diagnóstico de forma precoce para aumentar a chance de cura e diminuir essa morte por câncer de próstata”, diz Rametta.

Para o urologista André Coelho, “um bom medidor para a realização do exame de próstata é basicamente a iniciativa daquela pessoa em cuidar bem da sua saúde, não focando apenas na avaliação da próstata, mas como um cuidado global de saúde. Ele é indicado para todo homem a partir dos 40 anos. Caso tenha alguma alteração, o processo poderá ser conduzido da maneira mais clara, prática e objetiva possível”.

Para Rametta, o câncer de próstata é uma das doenças mais traiçoeiras que existem. “Ela é totalmente silenciosa, não trazendo nenhum sintoma nas fases iniciais. E, muitas vezes, o paciente a relaciona com dificuldade para urinar. Ele fala assim: ‘Ah, eu estou urinando bem, então não tenho nenhum problema’. Na verdade, isso não é o correto”, explica.

“O câncer de próstata, muitas vezes, abre a sintomatologia com sintomas de dor ou de metástase à distância, de uma doença que já se espalhou para outros órgãos do corpo”, completa Rametta.

Exame de sangue não substitui o toque retal

O urologista André Coelho salienta que a ida ao consultório não se restringe simplesmente ao toque retal. “(Na primeira consulta) O paciente vai para uma avaliação global da saúde do paciente. (O toque) é apenas um tipo de avaliação urológica, principalmente quando é importante a gente acompanhar um paciente que já tem uma alteração prévia”, observa.

Segundo Sérgio Rametta, “o que a gente faz é toda uma avaliação geral do paciente, questionando sobre a saúde sexual, sobre os sintomas urinários, sobre outros sintomas, inclusive da parte cardiovascular. É muito comum a gente também fazer uma avaliação de glicemia”, detalha. “A gente tem um papel de médico do homem”, conclui o urologista da Afya.

“Solicitamos exame de sangue geral e avaliamos tudo para zelar da melhor maneira possível a saúde dos nossos pacientes. Vários dos sintomas que acontecem depois de 50, 60 anos, têm a ver com a próstata”, registra Rametta, que também frisa que fazer somente o exame de sangue de PSA (Antígeno Prostático Específico) não substitui o toque retal.

“Ele nos ajuda no diagnóstico, levantando a suspeita de câncer de próstata. Mas não é possível confiar só nele. Você tem 25% de pacientes com câncer de próstata e PSA normal para a idade. E 25% de pacientes com PSA alterado, mas sem câncer”, afirma Rametta. “Quando você associa o PSA ao exame de toque, essa falha cai para em média de 0% a 0,8%. Com os dois juntos você praticamente vai diagnosticar todo mundo que tem a doença”, sublinha André Coelho.

Para quem tem histórico familiar de câncer na próstata, deve ficar alerta. “O principal fator de risco é genético. É a história familiar. É o pai ou irmão com câncer de próstata. Hoje sabemos também que outras doenças, outros cânceres, influenciam geneticamente para a pessoa ter câncer de próstata, como o de mama, de cólon, intestino, ovário”.

Fonte: O Tempo

  • Muzambinho.com

Deixe um Comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados com *