Livro e documentário resgatam a história do Ramal Tuiuti entre Juréia e Guaxupé
Lançamento realizado na última sexta-feira, 14 de novembro, na Casa da Cultura de Muzambinho, marcou a apresentação oficial do livro e do filme documental que retratam o Ramal Tuiuti, ligação ferroviária histórica entre a antiga Estação de Juréia (Monte Belo) e o município de Guaxupé. A iniciativa tem como objetivo preservar a memória coletiva das comunidades que cresceram e se transformaram ao redor dos trilhos que por décadas guiaram o desenvolvimento regional.
Resultado de ampla pesquisa conduzida pelo historiador mineiro Ricardo Luiz de Souza, o projeto se baseia em documentos históricos, mapas, registros iconográficos e, principalmente, depoimentos de moradores. A obra combina métodos da História Oral e da Antropologia, oferecendo ao público duas produções complementares:
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Um livro com cerca de 180 páginas, rico em contextualização histórica e análise cultural;
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Um documentário, que registra imagens, relatos e paisagens que ainda guardam as marcas do antigo ramal ferroviário.
Abaixo, o vídeo do filme na íntegra:
Uma ferrovia que transformou o Sul de Minas
Pertencente à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, o Ramal Tuiuti teve papel fundamental no desenvolvimento de diversos municípios mineiros. Com 74 quilômetros de extensão e mais de cinco décadas de atividade, a ferrovia conectava Guaxupé à Estação de Tuiuti, hoje Juréia, distrito de Monte Belo.
Durante seu período de operação, a linha movimentou pessoas, produtos agrícolas, comércio e histórias que se entrelaçaram à identidade das comunidades locais. Seu legado permanece na memória afetiva de moradores, trabalhadores ferroviários e descendentes que vivenciaram a rotina dos trens.
A obra lançada busca contribuir para a rememoração histórica da região, valorizando a cultura construída ao longo dos anos pelo contato diário com os trilhos e destacando o impacto das ferrovias no surgimento de novos hábitos, como a adoção da pontualidade e da organização industrial.
O olhar histórico e humano de Ricardo Luiz de Souza
O livro conduz o leitor por uma jornada que vai além dos fatos técnicos e cronológicos. Toma como ponto de partida um mundo anterior à modernização — quando transportes eram lentos, estradas precárias e a vida cotidiana seguia o ritmo da luz natural — e acompanha o impacto das estradas de ferro que, impulsionadas pela Revolução Industrial, modificaram definitivamente o modo de viver.
Em sua análise, o autor aborda:
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A transformação econômica e social trazida pelas locomotivas;
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O papel do Sul de Minas como eixo entre regiões mineradoras e polos agrícolas;
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A profunda relação entre moradores e o ambiente ferroviário;
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Depoimentos que revelam o cotidiano, os desafios e as memórias afetivas dos trabalhadores;
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O legado material preservado nas estações, instrumentos e estruturas remanescentes.
O historiador destaca que os grandes protagonistas dessa narrativa são as pessoas comuns, cujos relatos revelam como as experiências regionais dialogam diretamente com as mudanças nacionais e globais.
Desativação, memória e preservação
A partir da década de 1960, com a expansão das rodovias e a priorização do transporte rodoviário, o Ramal Tuiuti — assim como tantos outros — foi sendo gradativamente desativado e considerado deficitário. Trilhos foram retirados, estações assumiram novos usos e parte dessa história correu o risco de se perder.
A obra busca justamente evitar o apagamento dessa identidade ferroviária, oferecendo ao público a oportunidade de revisitar uma época marcada por desafios tecnológicos, transformações sociais e importantes laços comunitários.
Mais informações
Link para aquisição do livro:
https://pedroejoaoeditores.com.br/produto/nos-trilhos-da-memoria-o-ramal-ferroviario-de-tuiuti/
Ficha Técnica do Filme
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Produção: Arteriall Filmes
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Direção: Gilmar Mangussi
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Montagem e Edição: Lucas Barbosa Vicente
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Roteiro e Pesquisa: Ricardo Souza
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Apoio: Secult MG e Governo de Minas Gerais — Descentra Cultura: FEC 2024.2403.0190







