Com pressão externa, café bate menor nível em 51 meses na ICE
De acordo com analistas internacionais, o dia é caracterizado por liquidações de caráter especulativo, que fizeram com que o dezembro se aproximasse do referencial psicológico de 105,00 centavos de dólar. O dezembro experimentou novas baixas, atingindo o menor patamar em cerca de 51 meses, acima apenas do verificado em 06 de novembro de 2013, quando o segundo contrato ficou em 104,60 centavos. O terminal reflete, em grande parte, o aumento das tensões com o segmento externo. Ao longo desta quarta, a Turquia anunciou a imposição de um reajuste de 100% nas tarifas sobre importações dos Estados Unidos, incluindo produtos como álcool, carros e tabaco. O movimento é de retaliação, após Washington ter anunciado a elevação de tarifas sobre produtos turcos. A ação de Ancara fez com que os mercados reagissem. O câmbio foi amplamente afetado e o dólar apresentou valorização ante várias moedas internacionais, incluindo as de países produtores de café. Diante disso, vários operadores ressaltaram que o café, assim como outras commodities, passou a ser ofertado mais significativamente no terminal, culminando com as perdas. Além disso, nesta quarta um relatório emitido pela Agência de Informação Sobre Energia indicou que as reservas de petróleo bruto nos Estados Unidos subiram, surpreendendo agentes do mercado. Com isso, essa commodity também registrou perdas mais efetivas, ajudando a derrubar outros segmentos. A bolsa norte-americana teve uma abertura com ligeira baixa. Ainda no início dos trabalhos, algumas recompras foram observadas, mas elas se mostraram bastante contidas. A máxima não foi além dos 109,00 centavos para o dezembro. Rapidamente, os vendedores passaram a ser mais efetivos e as perdas apareceram, com a mínima atingindo a marca de 105,55 centavos. No segmento externo, dia de perdas para as bolsas de valores nos Estados Unidos, com as commodities softs apresentando evolução para cacau e suco de laranja e retração para café, algodão e suco de laranja.
“O mercado continua efetivamente pressionado e verificamos mais uma sessão marcada por perdas expressivas. O dezembro já flerta com o nível de 105,00 centavos, sem que uma contrapartida seja observada. O mercado externo continua a ter uma função efetiva na construção das baixas, com a tensão causada pelas políticas protetivas dos Estados Unidos refletindo no segmento cambial e afetando os terminais de maior risco. Os volumes negociados em Nova Iorque continuam altos e as rolagens de posições estão bastante ativas”, disse um trader.
Com a colheita do café robusta da safra 2018/19 praticamente finalizada no início deste mês, as primeiras floradas da temporada 2019/2020 da variedade já começam a ser observadas no Brasil. Com produtores consultados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) atentos às floradas, as negociações de robusta seguem limitadas. Além disso, muitos cafeicultores estão retraídos, à espera de preços mais elevados. Apesar das recentes quedas nas cotações externas, a valorização do dólar e o leve aquecimento da demanda sustentaram os preços internos do robusta nos últimos dias.
Fonte: Agnocafé