Dólar fecha a R$ 4,19 e bate novo recorde histórico de fechamento
O dólar fechou em alta nesta quinta-feira (13) e atingiu novo valor máximo em relação ao real. Os investidores monitoram a cena eleitoral e o movimento do câmbio dos demais países emergentes, após a Turquia aumentar os juros, tirando a pressão sobre a moeda do país.
A moeda norte-americana subiu 1,11%, negociada a R$ 4,1952 na venda. É o maior valor de fechamento já registrado em relação ao real. Antes disso, a maior cotação havia sido em 21 de janeiro de 2016, quando a moeda chegou a R$ 4,163. Veja mais cotações.
Na máxima do dia, a moeda chegou a R$ 4,2046. O maior valor intradia já registrado foi no dia 24 de setembro de 2015, a R$ 4,2484. Já na mínima, a moeda chegou a recuar a R$ 4,1256.
No acumulado do ano, a moeda dos EUA já sobe 26,61%. No mês de setembro, avança 3,02% e, na semana, 2,41%.
O dólar turismo fechou negociado a R$ 4,3634, sem considerar a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Ação do BC
Nesta quinta (13), o Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 4,360 bilhões do total de US$ 9,801 bilhões que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
Cenário interno e externo
Na cena externa, a busca pelo risco retornou após a China anunciar que recebeu bem o convite dos Estados Unidos para realizar uma nova rodada de discussões comerciais, no momento em que Washington se prepara para intensificar a guerra comercial entre os dois países com tarifas sobre US$ 200 bilhões em bens chineses.
Na Turquia, o Banco Central do país elevou taxa básica de juros do país, de 17,75% para 24%, em uma tentativa para acalmar os mercados financeiros após a inflação ter saltado para o nível mais alto em quase uma década e meia. A alta nos juros veio acima da esperada pelo mercado e pode aliviar as preocupações quanto à influência do presidente Tayyip Erdogan sobre a política monetária.
Mais cedo, o avanço menor que o esperado da inflação do consumidor nos Estados Unidos fez o dólar cair ante uma cesta de moedas, com o mercado respirando aliviado sobre os próximos passos da política monetária da maior economia do mundo.
“Se o núcleo da inflação não melhorar significativamente no próximo ano, isso resultaria em ritmo ainda mais gradual de elevação das taxas”, comentou o analista da gestora CIBC Andrew Grantham, em nota. Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial de atrair recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
Apesar do melhor humor no exterior, o mercado de câmbio local mantinha-se cauteloso nesta sessão por conta da cena eleitoral no Brasil. O destaque do dia foi a nova cirurgia do candidato à Presidência da República do PSL, Jair Bolsonaro.
Novo patamar e perspectivas
A recente disparada do dólar acontece em meio a incertezas sobre o cenário eleitoral e também ao cenário externo mais turbulento, o que faz aumentar a procura por proteção em dólar.
Veja mais abaixo 6 pontos para entender por que o dólar subiu tanto:
Indefinição eleitoral gera corrida por dólares
Guerra comercial afeta os emergentes
Alta do juros nos EUA fortalece o dólar
Crise das moedas emergentes afeta o Brasil
Fraqueza da economia contamina os mercados
Investidores aproveitam incerteza para especular
Investidores têm comprado dólares em resposta a pesquisas que mostram intenção de voto mais baixa para candidatos considerados mais pró-mercado. Na avaliação do mercado, os candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto são menos comprometidos com determinados modelos de reformas econômicas considerados fundamentais para o ajuste das contas públicas.
Na prática, as flutuações atuais ocorrem principalmente conforme cresce a procura pelo dólar: se os investidores veem um futuro mais incerto ou arriscado, buscam comprar dólares como um investimento considerado seguro. E quanto mais interessados no dólar, mais caro ele fica.
Outro fator que pressiona o câmbio é a elevação das taxas básicas de juros nas economias avançadas como Estados Unidos e União Europeia, o que incentiva a retirada de dólares dos países emergentes. O mercado tem monitorado ainda a guerra comercial entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais e a crise em países como Argentina e Turquia.
A visão dos analistas é de que o nervosismo tende a continuar até que se tenha uma maior definição da corrida eleitoral.
A projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2018 ficou estável em R$ 3,80, segundo último boletim Focus do Banco Central. Para o fechamento de 2019, permaneceu inalterada em R$ 3,70 por dólar.
Última sessão
Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,12%, a R$ 4,1491 na venda. Na terça-feira, a moeda encerrou a sessão a R$ 4,1539, renovando o maior valor do ano. No acumulado do ano, a alta é de cerca de 25%.
Fonte: G1.com.br