Comércio lidera ranking de empresas que mais fecharam no Sul de MG em 2018
O comércio foi o setor que mais teve empresas fechadas no Sul de Minas em 2018. Em um levantamento da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, foram analisados pelo G1 os cinco tipos de empresas que mais fecharam e abriram as portas este ano. E o comércio lidera com um número maior que o dobro da indústria e serviços.
Entre os cinco tipos de empresas que mais fecharam, o comércio aparece com 402 unidades a menos na região em 2018. No setor da indústria, as cinco áreas mais afetadas somam 82 empresas e nos serviços foram 106.
Dentro do impacto negativo, as lojas de vestuário e acessórios foram as que mais pararam as atividades – ao todo foram 142 lojas a menos. A lista segue com lanchonetes, minimercados, bares e restaurantes. Todos do setor de comércio.
Confira o ranking:
5 tipos de negócios que mais fecharam no Sul de MG em 2018
Tipos de negócios | Número de unidades fechadas |
Comércio de artigos de vestuários e acessórios | 142 |
Lanchonetes, casas de chá, de sucos ou similares | 88 |
Minimercados, mercearias e armazéns | 66 |
Bares e outros estabelecimentos de vendas de bebidas | 54 |
Restaurantes ou similares | 52 |
Para se ter uma ideia da diferença nos números, o tipo de negócio que mais fechou no setor de serviços foi de transporte rodoviário de cargas, com 34 unidades a menos. Na indústria, unidades de fabricação de artigos do vestuário representam 21 encerramentos de atividade.
Ainda em análise dos 5 tipos de negócios, o comércio no Sul de Minas abriu 243 unidades, o que deixa um saldo negativo de 159 para a região. O comércio, que aparece como vilão no levantamento anterior, surge como destaque positivo apenas na 4ª colocação.
O mesmo tipo de comércio que mais fechou em 2018, o de artigos de vestuários e acessórios, também aparece como destaque positivo, na criação de 75 novas unidades.
Entre os 5 tipos de negócios que mais abriram no Sul de Minas aparecem a área de construção civil e atividades médicas.
5 tipos de negócios que mais abriram no Sul de MG em 2018
Tipo de negócio | Número de unidades abertas |
Outras atividades de serviços | 99 |
Construção de edifícios | 89 |
Atividade médica ambulatorial restrita a consultas | 79 |
Comércio de artigos de vestuários e acessórios | 75 |
Incorporação de empreendimentos imobiliários | 67 |
Retrato da crise
O chef de cozinha Lucas Oliveira foi um dos empresários a sentir o peso das estatísticas. Dono de um restaurante em Poços de Caldas (MG) desde 2016, via o negócio caminhar bem e chegou a receber prêmios como restaurante destaque na cidade. Mas no ano seguinte, viu o faturamento cair.
Até tinha capital para suprir a crise por um tempo. No entanto, toda a economia foi em vão após o local pegar fogo.
O incêndio foi o estopim para a mudança da empresa. Com o seguro que cobriu apenas 30% dos gastos, Lucas decidiu mudar para um ponto mais barato. O objetivo era levantar capital e voltar com força aos negócios.
“Mas o dono do ponto pediu o local de volta. Como eu não voltei para o centro, eu acabei desistindo. Eu tinha mudado provisoriamente para a João Pinheiro, mas lá não tinha movimento. Então eu acabei fechando mesmo”.
Com o fim do negócio, a saída foi investir no trabalho de Personal Chef. Hoje, Lucas oferece serviços para festas e faz todo o cardápio, leva panelas e todo o material que vai utilizar.
“Eu tenho pegado muito serviço. Eu vou te falar uma coisa, está compensando mais do que o restaurante. Não tenho dor de cabeça com funcionários, não tenho aluguel para pagar, nem despesas com água e luz, os impostos”.
“Eu tinha uma clientela boa. Vendia cerca de 200 almoços por dia. Eu tinha um movimento bom, mas o dinheiro não estava girando dentro do restaurante. Hoje, mesmo ganhando um pouco menos, eu não tenho a dor de cabeça que eu tinha na época do restaurante”.
O pequeno negócio como alternativa
Assim como o Lucas, uma análise do mercado mostra que, na contramão do fechamento, os empreendedores têm apostado nos pequenos negócios. São pessoas que, muitas vezes, abandonam locais com grandes custos como aluguel e extensa folha de funcionários, e optam por atividades menores, tocadas por conta própria ou com poucos colaboladores.
Segundo o Sebrae Minas, no estado, entre janeiro e agosto de 2018, foram registrados 104,5 mil novos micro empreendedores individuais (MEI). O número já é 15% maior que o mesmo período do ano passado.
O Sebrae também fez um levantamento dos tipos de micro negócios que mais abriram em Minas Gerais em 2018. A área que mais ganhou novos negócios foi a de cabeleireiros, manicure e pedicure – o setor representa mais de 9 mil formalizações.
Um setor que se repete no levantamento da Jucemg e do Sebrae entre os que mais registraram novos negócios é o comércio de artigos de vestuários e acessórios. Foram mais de 6 mil aberturas.
5 atividades com formalizações do MEI no Sebrae em MG
Tipo de negócio | Novos MEI |
Cabeleireiros, manicure e pedicure | 9.048 |
Obras de alvenaria | 6.213 |
Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios | 6.096 |
Promoção de vendas | 4.180 |
Serviços domésticos | 3.096 |
Segundo o gerente da Regional Sul do Sebrae, Rodrigo Ribeiro Pereira, a migração de antigos negócios para a modalidade de micro empreendedor individual apresenta uma nova realidade aos empreendedores. As dificuldades que muitos negócios enfrentam, como altos impostos, pagamento de contador e demais gastos são substituídas por um meio sem burocracia e baixo custo.
“Com o MEI ela só tem um imposto único a partir de R$ 48, dependendo da área. Então é principalmente custo. Muitos dos negócios pequenos enquadram no modelo de MEI, por isso a migração”.
Ainda segundo o gerente do Sebrae, o investimento em pequenos negócios mudou o perfil do empreendedor nos últimos anos. “Quem, por exemplo, perdeu o emprego e sempre quis empreender, abre uma micro empresa, para testar o negócio. Você mesmo, dentro da sua própria casa. Seja um salão, uma pizzaria, começa a vender pro vizinho, na região na casa dele, na internet. Essa facilidade atrai as pessoas”.
Fonte: G1.com.br