Novo diretor do Campus Muzambinho vai “direto ao ponto” e abre o jogo nos 100 dias de gestão

BIOGRAFIA FAMILIAR E PROFISSIONAL
O Prof. Renato é natural da cidade de Passos/MG, sendo que aos dez anos de idade passou a residir em Pouso Alegre/MG em função da transferência de seu pai militar, hoje aposentado. Conhece Muzambinho desde a infância, pois sua mãe Marina é muzambinhense. Assim, vinha para a cidade passar férias junto aos tios e primos. Na juventude, também conheceu o tradicional carnaval do município. Seus avós, Virgílio e Sebastiana, trabalharam na antiga Escola Agrotécnica Federal, logo no seu início. O tio Geraldo Pires foi casado com sua tia Maria (irmã de sua mãe). Ainda citou sua Tia Helena e Tio Marcos Gaspar, Tia Cida e outros dois tios (José e Edson) recentemente falecidos.
Em 2010, o professor trabalhava como servidor público na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Departamento de Fisioterapia, área na qual é diplomado), atuando em Diamantina/MG há quatro anos. Mas sua então noiva não se adaptou à cidade. Com isso, buscou uma alternativa para retornar ao Sul de Minas, levando em consideração que sua esposa é natural de Pouso Alegre/MG. Prestou concurso no Campus Muzambinho e chegou à cidade exatamente em 2010, deixando o departamento de fisioterapia, para atuar em disciplinas da área básica no curso de educação física.

NOVO DESAFIO NA DIREÇÃO
O novo diretor do Campus Muzambinho garante que encara esta missão com bastante tranquilidade. Mas confessou que não projetou este posto em nenhum momento de sua carreira acadêmica. Nos oito anos de atuação, sempre trabalhou como professor. Mas, de última hora, empolgado pela possibilidade e levando em consideração um certo descontentamento da comunidade estudantil, docente e dos técnicos administrativos, aceitou encarar o desafio e se colocou à disposição na eleição. Entrou na disputa com um perfil técnico e não político, não pretendendo nenhum tipo de carreira. Continua, inclusive, com suas aulas.
A eleição da diretoria é dividida em vários setores, sendo que o atual diretor não foi vitorioso junto aos alunos. Embora tenha perdido numericamente, não considera uma derrota. Isto porque durante os oitos anos de atuação no Campus Muzambinho somente trabalhou nas instalações da educação física, num prédio fora da sede. Mesmo assim, conquistou uma votação maior fora do CECAES (educação física). Dos 250 votantes da educação, apenas não conquistou 8 apoiadores.

EQUIPE TÉCNICA E PROFISSIONAL
O dirigente esclarece que deste a campanha eleitoral salientou que não haveria nenhuma possibilidade de acordo ou benefício com ninguém com relação à futura composição em uma eventual vitória. Como decidiu pela candidatura muito em cima da hora, este fato permitiu que não tivesse nenhum alinhamento de equipe. Depois, o esforço foi exclusivamente para a campanha eleitoral. Assim, a equipe foi direcionada após as eleições, com decisão meramente técnica em função de reconhecimento profissional.

MAIOR CAMPUS DA INSTITUIÇÃO
O Campus Muzambinho é o maior de todo IFSULDEMINAS. Está sendo preparado um relatório dos 100 dias de gestão, que vai apresentar todos os números referentes ao Campus. Atualmente, são aproximadamente 4000 estudantes. Em anos anteriores, esse número era maior, com redução exponencial nos últimos dois anos, principalmente dos estudantes do Ensino à Distância (EaD). O Campus conta com cerca de 120 professores, 120 técnicos administrativos e 160 colaboradores terceirizados.
A instituição tem sua essência no ensino técnico em agropecuária, considerando a história da Escola Agrotécnica Federal. Prof. Renato reconhece esta condição, não podendo ser desconsiderada pelas questões cultural, histórica, institucional e desenvolvimento regional. O estudante do curso técnico em agropecuária (cerca de 300) é o mais valorizado em termos de matriz orçamentária.

DÉFICIT E TERCEIRIZADOS
Prof. Renato esclarece que logo após as eleições foi convidado pelo então diretor Prof. Luiz Carlos para que a nova equipe pudesse preparar o edital de terceirização. A nova gestão coincidiu com o encerramento do contrato com a empresa que operava com terceirizados, sendo que o contrato não poderia ser mais estendido (já havia acontecido durante cinco anos). Na gestão anterior, haviam alguns postos que operaram com salários acima da convenção. Foi aberto um novo edital, sendo que uma instrução normativa determina o pagamento do salário previsto na convenção. Este simples fato, permitiu que gestão fizesse uma projeção de 208 postos, sendo que antes eram 202 terceirizados. Mesmo com o aumento de 6 postos, foi possível pagando somente a convenção, reduzir o valor em aproximadamente R$ 1 milhão. No entanto, a providência foi tomada antes do mês de agosto, antes que a gestão pudesse ter a noção exata da situação financeira do Campus. Depois, foi necessário elaborar a matriz orçamentária de 2019, concluindo que o orçamento deixaria de ser de R$ 17 milhões em 2018, passando para R$ 15 milhões no próximo ano. Diante deste cenário, não havia condições de assumir os 208 postos, sendo iniciada uma recontratação um tanto quanto lenta para não onerar a instituição e dar uma certa sustentabilidade. O custo anual da terceirização prevista para 2018 seria de R$ 9 milhões, quase 80% do orçamento do elemento custeio. Também havia um déficit de aproximadamente R$ 3 milhões com a empresa responsável pela terceirização. Esta situação representou um obstáculo para a contratação dos 208 postos previstos. Nestes praticamente 100 dias de nova gestão, segundo o diretor, foi possível pagar cerca de R$ 2 milhões do déficit, sendo que o restante ficará para o próximo ano. Em números, foi possível reduzir o custo anual em cerca de R$ 3 milhões, através de um ajuste fiscal. Atualmente, são 163 terceirizados, divididos em quatro novas empresas contratadas.

RELAÇÃO COM O GOVERNO MUNICIPAL
O educador manifestou sua confiança de bom relacionamento com a administração municipal de Muzambinho. Até porque os representantes da instituição e do município devem ter diálogo durante todo o tempo. Assim, já esteve com o prefeito por quatro vezes, quando foi muito bem recebido por toda equipe do atual governo. O mesmo ocorreu na Câmara Municipal.

CAFÉ COM PREFEITOS
O Campus Muzambinho tem atuação efetiva em outros municípios da região. Prof. Renato revelou o planejamento do “Café com prefeitos”. A intenção é receber os prefeitos e secretários municipais de educação para dialogar sobre as demandas locais. Ao mesmo tempo, as autoridades devem compreender o esforço e capacidade de intervenção do Campus Muzambinho. A partir deste cenário, será possível fazer a aproximação e desenvolver algumas ações positivas.

INCERTEZAS COM O MATADOURO
Com o curso de medicina veterinária em plena atividade, a gestão anterior do Campus Muzambinho demonstrou interesse em assumir o matadouro municipal. A possibilidade acabou não sendo confirmada. Agora, Prof. Renato revelou que já discutiu a questão pessoalmente no gabinete da prefeitura em duas oportunidades. Esclarece que o foco neste momento é o reconhecimento do curso de medicina veterinária. Assim, neste exato momento talvez seria um equívoco desviar o orçamento para o fim matadouro. Até porque já está previsto um hospital veterinário para o referido curso, com custo estimado em torno de R$ 7 milhões. Os próprios professores do cursos entendem que é preciso fazer ajustes na estrutura que a instituição já possui para viabilizar este hospital veterinário. Portanto, seria leviano afirmar que a instituição vai honrar o matadouro. “É mais correto da nossa parte ajustar o nosso recurso financeiro para as nossas próprias instalações em prol do reconhecimento do curso, talvez sem o matadouro”, esclareceu.

PROJETO DE CANOAGEM
A gestão anterior iniciou a implantação de um projeto de canoagem em área próximo ao trevo da cidade de Muzambinho. Prof. Renato ressalta que este projeto foi tratado em campanha, inclusive quando questionou possível irregularidade nas obras iniciadas. Lembra que em nenhum momento a iniciativa foi discutida com a comunidade interna, quanto ao seu propósito e regularidade. Dado ao seu desconhecimento dos processos e trâmite da construção do lago, se posicionou contrário à maneira que o projeto foi conduzido. A preocupação ocorre com relação à preservação do meio ambiente. Prova disso, que já foi criado um setor de sustentabilidade (Centro de Estudos em Meio Ambiente), sendo que os profissionais tem analisado a questão do lago. O Campus Muzambinho foi notificado pela Reitoria para responder uma série de informações a respeito da área e obra. Entre as respostas, um documento aponta a autorização para que o Campus Muzambinho faça o aprisionamento de água. Mas resta obter outras informações questionadas, como a qualidade da água. O diretor garante que o projeto de canoagem tem continuidade no lago, sendo considerado importante e com atletas competindo até mesmo fora do Brasil.

FAET E COLÉGIO LYCEU
A Fundação de Apoio ao Ensino Tecnológico é um órgão importante dentro do Campus Muzambinho. O novo diretor revela que a FAET tem sido discutida pela equipe administrativa. Isto porque o estatuto do órgão condiciona ao diretor geral automaticamente a sua presidência. Esta é uma situação que incomoda, pois na prática o diretor geral foi eleito para o cargo específico e não para a presidência da FAET. Esta situação precisa ser melhor compreendida. De uma forma geral, a FAET tem uma grande responsabilidade com o município, sendo responsável pelo Colégio Lyceu. Enquanto o seu estatuto não seja reajustado, o compromisso é permitir que os estudantes, famílias e trabalhadores do Lyceu tenham tranquilidade nas suas ações.

FUTURO COM BOLSONARO
Qual o futuro do IFSULDEMINAS no governo do presidente Jair Bolsonaro? Respondendo a esta indagação, Prof. Renato informou que o governo federal já sinalizou de maneira bastante contundente que a educação talvez não seja a prioridade pelo menos verbalizada pelo futuro presidente. Por outro lado, existe a confiança de que hoje os Institutos Federais representam um selo de qualidade na educação brasileira e uma possibilidade de formação dos jovens. Neste sentido, é muito provável que o futuro Ministro da Educação pense com carinho e diretrizes positivas para os Institutos Federais. Neste contexto, o Campus Muzambinho está muito bem representado em termos numéricos e estatísticos, contando com uma estrutura robusta. Com isso, o diretor acredita ser pouco provável que a instituição sofra com surpresas insustentáveis.