Consumo de Plantas Alimentícias Não Convencionais é dica para alimentação nutritiva
No mundo estima-se que haja cerca de 30 mil espécies de plantas com potencial comestível. Dessas, pelo menos 1/4 ocorrem no Brasil. No entanto, pesquisas da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) apontam que apenas 126 espécies são consideradas convencionais no país.
O estudo de plantas alimentícias não convencionais é antigo, mas o conceito “PANC” é novidade e vem sendo discutido por estudiosos da área. Basicamente PANC são todas as plantas consumíveis, porém incomuns ou desconhecidas pela população.
De acordo com Guilherme Ranieri, gestor ambiental e pesquisador, a terminologia deve ser classificada como temporária. Isso porque espécies incomuns passam a ser convencionais quando introduzidas na cultura alimentar, cultivadas e comercializadas.
Ranieri explica que o conceito de convencional também depende do interlocutor e da região do país. “Em São Paulo, por exemplo, devido à enorme quantidade de imigrantes, há muitas verduras asiáticas. Elas são convencionais para as comunidades envolvidas, mas passam despercebidas para grande parte da população”, conta.
A falta de conhecimento sobre as plantas brasileiras anda ao lado do preconceito quanto ao uso das mesmas. O pesquisador aponta que o consumo das espécies tidas como não convencionais pode reduzir a fome e a má nutrição em diversas localidades do país, além de permitir uma reflexão cultural sobre o esquecimento de diversos alimentos e, assim, colaborar para que tradições e costumes não desapareçam.
Segundo Ranieri, a maioria das espécies é resistente à pragas e dispensa o uso de agrotóxicos, o que facilita o cultivo orgânico. Além disso, muitas delas pertencem à outras famílias botânicas convencionais, o que permite variar a alimentação e os nutrientes consumidos.
Aumentar a variedade de verduras e vegetais disponíveis é uma forma de enriquecermos nossa alimentação
Guilherme é responsável pela criação de uma cartilha sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais da cidade de São Paulo. Segundo ele, o intuito é divulgar algumas plantas e torná-las comuns para a população regional. “Queremos que as pessoas identifiquem essas espécies quando forem à feira e incorporem-nas no dia-a-dia. Notamos que muita gente não compra o que não conhece”, completa.
Como consumir uma PANC?
A PANC pode ser consumida in natura, na forma de sucos e saladas, ou cozida e refogada. Algumas ficam mais agradáveis quando processadas, enquanto outras precisam, obrigatoriamente, passar por cozimento. “O cozimento garante que substâncias indesejadas, conhecidas como anti-nutrientes, sejam destruídas com o calor”, explica o pesquisador.
Ranieri evidencia o poder da PANC na culinária diária e garante sabor e textura incontestáveis. “Muitas receitas do dia a dia podem ter ingredientes substituídos por outros não convencionais, sem alterar o modo de preparo”.
Além das Plantas Alimentícias Não Convencionais, o pesquisador chama atenção para a existência das Partes Alimentícias Não Convencionais: partes comestíveis pouco conhecidas de plantas comuns como a batata-doce, que possui folhas saborosas consumidas na Ásia, e o mamão verde, com talo comestível e nutritivo. “As flores e brotos da abóbora, a jaca verde e as castanhas de jaca também podem ser incluídas nessa classificação”, completa.
Fonte: G1.com.br