O que é ter presença executiva e como melhorá-la?
Esta história parece familiar?
Rafaela tem um ótimo histórico e uma carreira bem-sucedida, primeiro como engenheira, depois como gerente de produto, e mais tarde como diretora em uma empresa que fabrica artigos de moda com tecnologia. Ela estava se candidatando para um cargo de vice-presidente, mas ouviu de seu chefe que ela não tinha presença executiva, e a promoção foi então dada a um colega de trabalho. Um mês depois, Rafaela foi contratada por uma empresa concorrente para o mesmo tipo de cargo que ela tinha perdido. Ela ficou feliz com a nova oportunidade, mas também ficou muito confusa com a mensagem confusa:
“Presença executiva parece algo tão nebuloso, todo mundo parece procurar isso em seus executivos, mas ninguém consegue definir bem o que é! Estou tentando descobrir se tenho presença executiva; e se não tenho, o que posso fazer para desenvolvê-la. Mas, primeiro, preciso entender direito o que é isso”.
Estão rolando muitas conversas sobre a Presença Executiva (‘PE’) em um contexto de como desenvolver liderança, mas apenas um punhado de pessoas consegue definir claramente o que realmente é isso. A propósito, será que você saber como liderar uma equipe de trabalho?
Pesquisas também apontam que as mulheres são mais propensas do que os homens a receber feedback genérico sobre seu desempenho e suas qualificações — e a serem passadas para trás por isso:
“O feedback genérico diz para as mulheres que elas estão fazendo um bom trabalho em geral, mas não identifica quais ações específicas são valorizadas ou o impacto positivo de suas realizações. Também descobrimos que o feedback genérico está correlacionado com notas mais baixas na avaliação de desempenho para mulheres — mas não para homens. Em outras palavras, o feedback genérico pode ser um empecilho especificamente para o progresso das mulheres”, conclui Shelley Correll e Caroline Simand, de Stanford, em seu artigo publicado na HBR, Pesquisa: O feedback genérico vago está impedindo que as mulheres avancem.
A combinação de um conceito vago com o viés de gênero nas avaliações de desempenho explica claramente como a falta de presença executiva pode ser usada para desacelerar o crescimento da carreira da mulher. Mas essa não é uma questão que afeta apenas as mulheres — afeta os homens também.
De acordo com as recrutadoras executivas Elena Lytkina Botelho e Katie Semmer Creagh, entrevistadores citaram a falta de presença executiva como motivo para cerca de 36% dos trabalhadores de alto desempenho terem sido passados para trás em promoções.
Então, o que raios é a tal presença executiva?
Fonte: Punch
Quando mais e mais participantes do meu curso para mulheres de como desenvolver liderança começaram a vir me pedir ajuda com a presença executiva, embarquei na longa jornada de encontrar a definição perfeita para ajudá-las a ter mais sucesso na carreira.
Primeiramente entrevistei executivos de sucesso de diferentes indústrias e países, e compilei uma série de definições que destacam diversas qualidades, como auto-confiança, poder de decisão, habilidade de falar a verdade para quem está no poder, comunicação transparente, cuidado ao administrar percepções, autenticidade e tratamento respeitoso para com as pessoas.
Essa pesquisa só ilustrou que não existia um entendimento universal do que é presença executiva entre os próprios executivos mais experientes.
Então recorri à literatura de negócios para encontrar definições mais objetivas. Através dessa análise e pesquisa, identifiquei 3 pontos de vista sobre o que é a presença executiva. Chamo esses pontos de vista da presença executiva de corporativo, psicólogo e ator:
1. O ponto de vista corporativo
Economista e fundadora do Centro para Inovação de Talentos, Sylvia Ann Hewlett, compartilha em seu livro “Executive Presence: The Missing Link Between Merit and Success” (“Presença executiva: o elo perdido entre mérito e sucesso”, em português) a seguinte definição:
“A presença executiva é aquele diferencial, uma combinação inebriante de auto-confiança, postura e autenticidade que convence o resto das pessoas ao redor de que elas estão na presença de alguém que vai chegar longe. […] A presença executiva não é apenas uma medida de desempenho. Na verdade, a presença executiva é uma medida de imagem: determina se você transmite para outras pessoas que você “tem o que precisa” para se dar bem, que você tem características de liderança.”
Na opinião de Hewlett, há um conjunto objetivo de comportamentos desejados que você poderia fazer para projetar uma presença executiva forte. A pesquisa dela destaca que, de acordo com líderes corporativos, a presença executiva tem como base três pilares: gravitas (67%), comunicação (28%) e aparência (5%).
2. O ponto de vista do psicólogo
A famosa psicóloga de Harvard, Amy Cuddy, em seu livro campeão de vendas “Presence: Bringing Your Boldest Self to Your Biggest Challenges” (“Presença: Trazendo sua versão mais ousada para seus maiores desafios” em português), toma outra abordagem:
“A presença é o estado de estar em sintonia e a capacidade de expressar confortavelmente valores e potencial.“
A presença de Cuddy é construída de dentro para fora. Quando você tem um alto nível de consciência e confiança em quem você é e o que você representa, você projeta essa confiança para os outros. Cuddy demonstrou que os seres humanos estão psicologicamente sintonizados com esse tipo de comportamento e tratam essa autenticidade com respeito, de acordo com sua pesquisa.
3. O ponto de vista do ator
As ex-atrizes que viraram treinadoras executivas, Kathy Lubar e Belle Linda Halpern, apresentam uma terceira definição em seu livro, “Leadership Presence: Dramatic Techniques to Reach Out, Motivate, and Inspire” (“Presença de liderança: técnicas dramáticas para alcançar, motivar e inspirar” em português):
“A presença de liderança é a habilidade de se conectar de forma autêntica com os pensamentos e sentimentos de outras pessoas a fim de motivá-las e inspirá-las a alcançar um resultado desejado.”
Lubar e Halpern usam artifícios do kit de ferramentas do ator e mostram que a presença de liderança se trata de acessar efetivamente suas próprias experiências e, por meio de histórias, ajudar outras pessoas a se identificarem com você e, então, se conectarem com você de um modo mais profundo.
Qual é a definição certa de presença executiva, então?
Todas as 3 definições são úteis no processo de se trabalhar para melhorar suas habilidades de liderança. (Inclusive, quer algumas dicas para liderança de equipes?)
- O ponto de vista corporativo força você a investigar como sua organização e sua equipe administrativa definem a presença executiva, e então identificar onde existem lacunas.
- O ponto de vista do psicólogo requer um pouco de reflexão e autoavaliação para entender melhor seus próprios pontos fortes, paixões e o que mais importa para você.
- O ponto de vista do ator implica que você precisa mapear sua história de vida e identificar as experiências que moldaram seu estilo de liderança, transformando-as em histórias e lições vividas que você pode compartilhar para se conectar mais profundamente com os outras pessoas.
Juntar tudo isso aí em cima vai ajudar você a se tornar um executivo melhor.
Todas essas dicas são muito boas no papel. Mas, o que você pode fazer agora mesmo para melhorar a sua presença executiva?
Como construir e melhorar a sua presença executiva?
A presença executiva é uma habilidade ampla que leva anos para se desenvolver, mas isso não significa que você não possa começar agora e ver resultados imediatos. Aqui estão algumas estratégias-chave:
- Peça feedback sobre sua presença executiva. Na busca de entender como desenvolver liderança, há algumas dicas valiosas. Para evitar que a pessoa que está avaliando você tenha a tendência de dar feedback genérico demais, peça que ela tenha em mente vários critérios claros, como a forma como você reage sob pressão, suas habilidades de comunicação e sua aparência profissional. Peça feedback para tipos diferentes de pessoas, como a pessoa para quem você reporta, colegas de equipe e subordinados, assim você tem uma visão mais completa de como outras pessoas enxergam você. (Ah, e agora é o momento perfeito de aprender como receber feedback negativo!) Sinta-se à vontade para descartar qualquer feedback que pareça pessoal demais e que não dê sugestões para você melhorar.
- Questione qualquer feedback vago para obter mais informações ou testar se os julgamentos estão tendenciosos. Se disserem para você que você não tem presença executiva, primeiro peça exemplos das situações em que você não agiu corretamente e conselhos sobre como você poderia ter lidado melhor. Em seguida, pergunte em quais recursos você poderia confiar para melhorar sua presença executiva no longo prazo. Você também pode perguntar para a pessoa qual é a definição dela de presença executiva, para se certificar de que vocês têm o mesmo entendimento. Se você continuar recebendo respostas vagas com certa consistência, você pode considerar uma mudança de time ou de empresa, porque você está correndo sérios riscos de ter sua carreira frustrada.
- Prepare-se bem para interações significativas, como reuniões importantes ou entrevistas de emprego (para você que quer saber como conseguir o emprego dos sonhos). De acordo com Sylvia Ann Hewlett, o fator mais importante que as pessoas levam em consideração na hora de avaliar sua presença executiva é a sua capacidade de demonstrar “auto-confiança e elegância no meio do incêndio”. Há 3 coisas que você pode fazer para se preparar para administrar a ansiedade no trabalho relacionada a interações difíceis:
- Anote seus objetivos para a reunião: Quais são os resultados que você deseja? Que mensagens você gostaria que seu público extraísse dessa interação? Escrever isso pode ajudar você a se concentrar e a controlar melhor a conversa.
- Pratique. Pratique. Pratique. Ensaiar com um colega ou amigo confiável vai ajudar você a avaliar a clareza da sua mensagem e a se preparar para as perguntas difíceis.
- Administre os sintomas físicos da ansiedade através de atividades como esportes, respiração profunda, meditação ou quaisquer outros rituais que podem ajudar você a se acalmar. Considere adaptar a sugestão do psicólogo Adam Grant de canalizar a ansiedade e transformá-la em empolgação.
- Melhore as suas habilidades de falar em público adaptando o modo permanente de falar em público. Falar com mais lentidão, clareza e objetividade vai chamar a atenção das pessoas para a sua mensagem e vai ajudar você a inspirar mais autoridade.
- Vista-se para a ocasião. De acordo com a pesquisa de Hewlett sobre a presença executiva, as mulheres são mais duramente penalizadas por erros relacionados à aparência física. Isso é injusto, mas tem uma solução rápida. Faça sua lição de casa quanto ao código de vestimenta. Se você não sabe qual é o código, pergunte ao organizador e erre para o lado mais conservador da escala. O YouTube tem várias outras dicas e insights adicionais sobre trajes profissionais para você começar bem.
Presença executiva à sua maneira
A presença executiva é uma habilidade de liderança um tanto quanto complexa. Porém, não deixe essa complexidade atrapalhar. Compreender as 3 definições (o ponto de vista corporativo, do psicólogo e do ator) e combiná-las com as 5 estratégias acima pode ajudar você a entender como desenvolver liderança adquirindo mais autoconhecimento e escolhendo a abordagem que faz mais sentido no seu estilo pessoal.
Se você quiser mais ajuda para saber como desenvolver liderança e aumentar a sua credibilidade no trabalho, adquira uma cópia do meu eBook gratuito — The Credibility Guide (“O Guia da Credibilidade” em português) — ou mergulhe no Executive Presence Lab (“Laboratório de Presença Executiva” em português).
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Fonte: trello.com – Por Miriam Grobman