PM que prendeu vereador por desacato é afastado do cargo em Muzambinho, MG
Por EPTV 2 — Muzambinho, MG –
O sargento da Polícia Militar, envolvido em uma ocorrência que terminou com um vereador detido por desacato, foi afastado do cargo nesta quinta-feira (14) em Muzambinho (MG). Pelo menos cinco pessoas afirmam que foram agredidas pelo policial e que não reagiram à abordagem.
O vereador mostrou nesta quinta-feira as marcas da agressão que teria sofrido. João Batista Vasconcelos (PSC), conhecido como João Pezão, nega ter desacatado o PM.
“De maneira alguma eu falei nada, nem sabia do que estava acontecendo, eu simplesmente estava tranquilo porque eu estava inocente no caso, não falei nada, não disse nada à pessoa do policial, aceitei tranquilo até porque não estava devendo nada”, disse o vereador João Batista Vasconcelos (PSC).
A Polícia Militar atendia uma ocorrência no bairro Barra Funda, onde mora o vereador. Por volta de 12h45, o genro do vereador saiu de moto para trabalhar. Quando ele passou pelo policial, começou todo o problema.
Vereador mostra ferimentos após abordagem da PM em Muzambinho — Foto: Reprodução EPTV
No boletim de ocorrência da Polícia Militar, consta que o genro do vereador não teria obedecido uma ordem de parada. Uma moradora gravou a confusão.
O vereador e o genro aparecem ao lado da moto. João Pezão afirma que o genro estava de capacete e obedeceu a ordem de parada.
“Proferiu dois tiros, um na altura do meu genro e outro no pneu da moto, amedrontando a todos que estavam ali”, disse o vereador.
No vídeo, dá para ver que o sargento Graciano pede ajuda. Depois as ameaças são contra o vereador.
“Você não é machão? Você não foi lá na câmara? você vai ser ouvido, pra falar o que você falou lá na câmara, você vai ser ouvido. Você acha que você é machão, dono da cidade? Você achou que ia ser né.. Você está preso”, diz o sargento no vídeo.
Vereador fala sobre prisão por desacato em Muzambinho — Foto: Reprodução EPTV
De um andaime, o pedreiro viu tudo e conta que gritou que aquilo era abuso de autoridade. Ao ouvir, o sargento foi atrás dele.
“Ele pegou aqui, chutou o portão até arrombar. Aí eu peguei e falei pra ele, não precisa chutar que eu vou abrir o portão pra nós conversar. Aí na hora em que eu cheguei perto ele arrombou o portão. Aí dele arrombar o portão, eu saí, ele veio e deu a cacetada de cacetete, eu peguei e pus a mão na frente que ia pegar na minha cara e moer tudo”, disse o pedreiro Márcio Adriano Barbosa.
O pedreiro quebrou a mão e um dos dedos. Ele foi algemado e colocado na viatura. Vendo as agressões, o filho do vereador entrou na casa para ligar para alguém que pudesse ajudá-los.
“O sargento Graciano veio junto com o soldado Luis Balbino, os dois vieram aqui dentro e no momento em que eu estava fazendo a ligação, ele simplesmente desferiu um golpe de cacetete no telefone, deixando o telefone desta maneira e nesse momento eu percebi que ele estava claramente muito exaltado”, disse o filho do vereador, Paulo Ricardo Vasconcelos.
O filho do vereador diz que o PM o agrediu com o cassetete diversas vezes no braço e em uma das pernas. Em seguida, o sargento teria agredido a mãe dele.
“Ele virou pra ela com o cacetete e bateu no braço esquerdo dela e a minha mãe tentando dialogar”, disse o filho do vereador.
Todos fizeram exames de corpo de delito, prestaram depoimentos e foram liberados. A prefeitura publicou uma nota de repúdio pelo que chamou de “violência praticada pelo sargento Graciano contra a família do vereador”.
Sargento aparece em vídeo durante abordagem em Muzambinho — Foto: Reprodução EPTV
A EPTV Sul de Minas, afiliada Rede Globo, procurou a Polícia Militar, mas a informação foi a de que o comandante estaria em Passos. Ao prefeito da cidade, o comandante teria dito que o sargento acaba de voltar de uma licença médica.
“O cidadão mostrou que infelizmente não está pronto para voltar para as ruas, ele tem que ter um tratamento melhor, maior, e eu tenho certeza que a nossa Polícia Militar vai tomar as devidas providências”, disse o prefeito de Muzambinho, Sérgio Arlindo Cerávolo Paoliello.
“É bastante revoltante, até porque a Polícia Militar foi criada no objetivo de nos amparar, nos dar tranquilidade, resguardar o cidadão, dessa maneira a gente acaba sem saber aonde buscar amparo, onde buscar segurança”, completou o vereador.
O juiz de Muzambinho, Flávio Schimidt, disse por telefone que em uma reunião com o comandante do quartel da PM na cidade, ficou acertado que o sargento Graciano teria sido afastado das funções e encaminhado para um psicólogo da corporação.
Segundo o Inquérito Policial Militar, o sargento só deve voltar à atividade depois do fim do processo. A Polícia Civil também deve instaurar um inquérito para apurar o caso.