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Pesquisa sobre a realidade da colheita 2020 segundo percepção dos cafeicultores de Muzambinho e região

Redação4 de junho de 20209min0
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A pesquisa foi realizada entre os dias 25 e 31 de Maio de 2020 por meio de questionário estruturado, em meio digital utilizando a ferramenta Google Formulários.

O link para acesso foi enviado pela mídia social WhatsApp aos contatos de cafeicultores e cafeicultoras de Muzambinho e cidades vizinhas, constantes na lista de contatos do aparelho de telefonia celular do Extensionista Agropecuário Clóvis de Piza, Emater-MG, responsável pelo atendimento de propriedades inscritas no Programa Certifica Minas Café nos municípios de Muzambinho, Monte Belo, Nova Resende, Bom Jesus da Penha, Juruaia, São Pedro da União, Jacuí, Alterosa e Cabo Verde.

No total o questionário foi enviado a 152 contatos. Excluídas as repetições, foram registradas 45 contribuições. Vale ressaltar que foram encontradas dificuldades em enviar (finalizar) as contribuições, visto alguns produtores terem nos retornado mensagem que fez sua contribuição (ou tinha realizado tentativa) e não foi computado / identificado uma vez que as respostas eram identificadas. As questões foram estruturadas de forma os cafeicultores poderem relatar suas percepções em relação à colheita que se inicia em suas propriedades.

Vamos às questões e respostas obtidas:

Observamos pelas respostas que 84,5% dos cafeicultores iniciaram ou pretendem iniciar suas colheitas entre 15 de maio e 15 de junho de 2020 e que a esmagadora maioria (93,4%) planeja colher sua safra em até 3 meses de trabalho.

Podemos interpretar que a expectativa de maturação bastante uniforme propiciará oportunidade de cafés de alta qualidade. Evidencia também que devido às tecnologias de produção utilizadas atualmente, que provocam alto sombreamento parcial das plantas (espaçamento mais adensado nas linhas, manutenção do enfolhamento mesmo em altas produções, etc.), destaca a desuniformidade da maturação dos frutos nas plantas, justificando a indicação da colheita ao menos semi seletiva, facilitada nas propriedades que utilizam a colheita mecanizada com máquinas montadas. Naquelas que utilizam colheita manual ou mecanizada por derriçadoras portáteis, a viabilidade e estratégia deve ser tratada caso a caso. Além dos custos diretos, há de se avaliar rendimento (litros na colheita / saca), percentual de grãos de alta qualidade, maior tempo para realizar a colheita, antecipando o inicio e prolongando seu final, maximizando o uso de infraestrutura e da mão de obra, destacadamente a familiar.

No bloco anterior observamos que a maioria dos produtores (86,6%) esperam manter o custo por medida entre 10 e 12 reais, valores que já vem sendo praticados em safras anteriores. Pequena porcentagem espera colher a R$5,00 a medida, provavelmente nas propriedades que realizam toda a colheita e varrição mecanizada (derriça por máquinas montadas, enleiramento, recolhimento e abanação do café do chão totalmente mecanizados). A safra é colhida em panos ou máquinas, 95,6%, sem contato com o solo, evidenciando o cuidado com a qualidade e segurança alimentar da produção.

Em relação ao tipo de colheita conclui-se que serão utilizadas praticamente todas as opções disponíveis, sendo a derriçadora lateral tratorizada com baixíssima ocorrência, pois não será opção para 91,1% dos produtores. Há também a diminuição progressiva da colheita estritamente manual, porém presente em até 50% do volume em 71,1% das propriedades, provavelmente focadas nas lavouras novas, primeira safra pós poda ou baixa carga pendente. As derriçadoras portáteis estarão presentes em de 75% das propriedades, sendo que para 11,1% serão responsáveis por 100% da colheita. As colhedoras montadas, sejam tracionadas por trator ou automotrizes devem ser utilizadas em 35,6% das propriedades, porém em nenhuma será responsável por 100% da derriça dos grãos nesta safra, mas 11,1% das propriedades pretendem colher até 75% do volume com essas máquinas, cada vez mais acessíveis aos diversos tamanhos de propriedades pela locação facilitada, ficando como restrição ao seu uso a topografia e ou falta de adequação das lavouras.

A varrição e levante dos frutos caídos é feita de maneira 100% manual por 20% dos entrevistados, sendo que há a possibilidade daqueles que relatam percentuais menores na forma manual estarem considerando o uso de máquinas portáteis como sopradores, entre outros, visto que esta situação não foi contemplada no questionário. A total mecanização da varreção será utilizada em apenas 6,7% das propriedades. Com a popularização desses equipamentos, quase a metade, 44,4% dos entrevistados, devem utilizar a mecanização da varrição em partes das suas lavouras. Apesar do custo para aquisição, mesmo com a possibilidade de locação, cada vez mais acessível, a adoção generalizada demorará, principalmente pelos motivos citados acima (relevo e adequação de lavouras).

Em relação ao tamanho da safra, 64,3% das propriedades relataram colher igual ou mais que em 2019, sendo que em um quinto delas (24,4%) a safra deve ser 50% maior que a passada. Por outro lado 17,8% colherá até 50% menos, provavelmente em função do manejo de podas. Tais números confirmam a previsão de bienalidade positiva nesta safra, mas com certa estabilidade da produção, atenuando as diferenças entre safras altas e baixas.

Apesar da preocupação do setor com dificuldade de contratação da mão de obra devido à Covid-19, para 82,2% dos entrevistados a disponibilidade será suficiente para realizar a colheita sem maiores percalços.

Observa-se que ainda é baixo o índice de certificação nas propriedades pesquisadas. Destaque-se que apesar da pesquisa ter sido enviada a partir do cadastro de contatos de um técnico que atende produtores cadastrados no Certifica Minas Café, o leque aberto gira em torno de 1 cliente da certificação para cada 2 não clientes.

O extrato mostra a diversidade fundiária típica da nossa região, com 81,82% das propriedades cultivando até 50 ha de café.

Municípios participantes:
Alterosa, Cabo Verde, Guaranésia, Guaxupé, Jacuí, Juruaia, Monte Belo, Muzambinho, Nova Resende, São Pedro da União e São Sebastião do Paraíso.

Como comentamos no início deste trabalho o objetivo foi obter a percepção dos cafeicultores sobre a colheita que se inicia, possibilitando a cada leitor, principalmente produtores, tirar suas conclusões e comparar com a realidade que vivencia. Agradecemos a cada cafeicultor e cafeicultora que disponibilizou seu tempo para contribuir com a ferramenta de entendimento da nossa cafeicultura regional.

Clóvis de Piza
Técnico em Agropecuária Tecnólogo em cafeicultura
Pós graduado em cafeicultura
Extensionista Agropecuário, EMATER-MG

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