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Estoque crítico de medicamentos vira pesadelo em Minas

Redação30 de junho de 202016min0
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Vários municípios relatam escassez de relaxantes e anestésicos essenciais para pacientes mais graves. Governo do estado aponta alta de preços de até 300%

Em meio ao risco de colapso hospitalar em Minas Gerais em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o sistema de saúde do estado também está em alerta quanto aos medicamentos. Várias cidades do interior e da Grande BH, incluindo a capital, estão de olho nos níveis de estoque de anestésicos relaxantes musculares, que são fundamentais para cirurgias em geral e também para pacientes com COVID-19 que necessitem do auxílio de respiradores. As substâncias estão em falta no mercado, sendo vendidas a preços altos, atingindo um aumento de 300%, quando disponíveis. O Estado de Minas procurou saber sobre a situação de vários municípios e constatou que muitos estão operando com anestésicos e relaxantes musculares a níveis críticos.

Em Belo Horizonte, a Secretaria Municipal de Saúde acompanha com preocupação a situação do desabastecimento de anestésicos na rede hospitalar. Recentemente, a prefeitura da capital recebeu cerca de 10 mil ampolas dessas substâncias, doadas pela Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma), que ajudarão a reforçar o estoque da rede do Sistema Único de Saúde (SUS) de BH. Apesar disso, a prefeitura dialoga com fornecedores e com os governos estadual e federal para buscar soluções para o desabastecimento.

O sinal de alerta também foi ligado em Contagem, na Grande BH. A Secretaria de Saúde do município não registra falta de anestésicos e relaxantes musculares, mas admitiu que o estoque é crítico. As soluções paliativas encontradas para contornar o problema estão sendo o contingenciamento dos medicamentos para atender, de forma prioritária, pacientes que estejam em CTIs e aqueles com coronavírus que tenham que ser intubados, além do uso de substâncias similares, caso haja necessidade. A pasta também destacou preocupação com o cenário e ressaltou que busca diariamente por fornecedores que tenham os produtos disponíveis.

Betim também não registra falta de anestésicos e relaxantes musculares na rede pública. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, pacientes que necessitam de internação e ventilação mecânica seguem recebendo os medicamentos, mas a pasta alertou que pode ter dificuldades para adquirir as substâncias, dependendo do comportamento do mercado.

Outro município da Grande BH que está em alerta quanto ao estoque de sedativos, anestésicos e relaxantes musculares é Nova Lima. A prefeitura informou que todos os esforços estão sendo feitos para adquirir os produtos, mas que a demanda pelas substâncias aumentou em função da pandemia da COVID-19, e que a indústria farmacêutica não tem conseguido atender as necessidades do mercado de forma rápida. A compra de medicamentos substitutos também está sendo providenciada pelo município.

O cenário se repete em Ibirité, que colocou seu Hospital de Campanha para funcionar na semana passada e também está com dificuldades para comprar sedativos e anestésicos. A prefeitura informou que fornecedores creditam a escassez ao aumento de casos da COVID-19 em Minas, além da baixa produção dos medicamentos por parte do fabricante. Entraram em operação na unidade de saúde 20 leitos de UTI e 20 de clínica médica.

Outro dificultador na compra de medicamentos são os preços elevados apresentados pelas empresas. Santa Luzia, por exemplo, substituiu a lidocaína sem vaso, quetamina, suxametônio, midazolam e fentanil por Propofol, Rocurônio e Pancurônio. A prefeitura até chegou a abrir licitações, mas todas foram frustradas por causa dos valores altos apresentados pelas empresas para aquisição das principais substâncias. Por isso, não há previsão para a compra dos medicamentos.

Desabastecimento

A Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) também se deparou com sobrepreços ao tentar adquirir os itens, tarefa que habitualmente cabe aos hospitais. De acordo com a pasta, os valores foram reajustados em até 300%. Houve dificuldades para a compra dos produtos, também, por causa do desabastecimento geral do mercado. Apesar disso, a SES tem dialogado com outras secretarias estaduais da área e com o Ministério da Saúde para tentar encontrar soluções.

Responsável por 20 unidades de saúde em Minas, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) disse que há um contingenciamento e remanejamento do estoque de anestésicos e relaxantes musculares. Caso algum dos itens falte momentaneamente, informa a Fhemig, medicamentos similares são utilizados, conforme descrito nos protocolos clínicos. A rede não registrou falta das substâncias, mas admitiu que encontra dificuldade em algumas entregas pontuais. Em algumas unidades de saúde, cirurgias eletivas estão sendo suspensas. Caso de Montes Claros, no Norte de Minas, onde os seis hospitais conveniados pelo SUS estão realizando procedimentos apenas emergenciais.

O Ministério da Saúde anunciou ontem que reforçará a distribuição dos medicamentos para intubação de pacientes com coronavírus.

Corrida contra o tempo
Hospital de campanha tem optado por substituições para driblar falta de medicamentos(foto: Prefeitura de Divinópolis/Divulgação)

Com vagas regulares após a abertura de hospital de campanha, Divinópolis, na Região Centro-Oeste de Minas Gerais, tem travado uma corrida contra o tempo para se precaver caso se concretize a previsão da Secretaria  deEstado de Saúde (SES) de que a doença atinja o seu pico dentro de duas semanas. A principal dificuldade é a aquisição dos sedativos para intubar os pacientes em estado mais graves. “Às vezes encontramos em pequeno estoque, mas os fornecedores pedem de 15 dias a dois meses (para entregar), porque eles vão fazendo uma reserva de mercado”, explica o coordenador do hospital de campanha e da Unidade de Pronto Atendimento, o médico Tarcísio Teixeira de Freitas. Nem para quem propõe pagar mais caro há disponibilidade no mercado.

Enquanto não há uma solução a curto prazo, a unidade tem feito substituições. “Se a gente não acha um relaxante, usa outros medicamentos”, conta. Por enquanto, a situação ainda está sob controle. “Mas, se no futuro se deflagrar o cenário que está para acontecer vai gerar decréscimo para a assistência. Vai ter a ventilação, o leito, mas não o medicamento para manter o paciente intubado”, explica. Para o médico, a alternativa para evitar o impacto na assistência é o empenho em conjunto dos governos federal e estadual. “Vai ter que se tomar medidas como foi feito no caso dos respiradores, importação e busca ativa nos estoques das empresas”, defende.

O aumento de casos no estado refletiu no hospital de campanha de Divinópolis. Antes, referência apenas para oito municípios, hoje, ele recebe pacientes da macrorregião, que tem 54 municípios, e de outras partes de Minas Gerais, como Betim, na região metropolitana. Dos 30 leitos de enfermaria, 10 estavam ocupados até a tarde de ontem e outros 10 dos 35 do Centro de Terapia Intensivo (CTI). (*Amanda Quintiliano, especial para o EM)

Distribuição no interior é desafio

 

Paciente com COVID-19 em atendimento: para a Federassantas, estratégia de distribuição será desafio para o governo federal após aquisições(foto: Santa Casa de Montes Claros/Divulgação)

A escassez de medicamentos para o tratamento da COVID-19 vem desde o início de junho, quando o alerta vermelho sobre a situação foi levado ao conhecimento do Ministério da Saúde, aponta a Federação das Santa Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas). Conforme a entidade, foi apresentado, em audiência pública na Câmara dos Deputados, um levantamento feito pelo Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Saúde (Conass), mostrando que 24 das 25 secretarias estaduais já sofriam com a falta de bloqueadores musculares necessários para a intubação de pacientes. O tema também foi levado ao gabinete de crise do Ministério da Saúde, que informou à Federassantas a intenção de intermediar compras no exterior por meio da  Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e que faria uma licitação com fornecedores nacionais da qual os estados e prefeituras de algumas capitais poderão participar adquirindo quantidades limitadas desses medicamentos.

A presidente da Federassantas, Kátia Rocha,  destacou que é preciso que a proposta do Ministério da Saúde integre pontos de distribuição muito bem delimitados. “ O modelo de compra centralizada para um cenário de demanda extremamente pulverizada em hospitais espalhados por todo o território nacional é um desafio enorme, e tal compra ainda tem um potencial de agravar a escassez”, pontuou.

Na sexta-feira, os seis hospitais credenciados ao SUS no Norte de Minas divulgaram comunicado à população, no qual anunciaram a suspensão de cirurgias eletivas devido à falta de anestésicos e relaxantes musculares usados nos procedimentos cirúrgicos.  As unidades hospitalares adotaram um plano de contingência, pois estão com estoques de medicamentos reservados apenas para casos emergenciais. Os ministérios públicos Estadual e Federal também distribuíram nota, manifestando preocupação com falta de medicamentos para as cirurgias e para procedimentos de entubação de pacientes graves da COVID-19.

Ontem, diretores dos hospitais de Montes Claros voltaram a enfatizar a gravidade da falta de anestésicos e de outros insumos. “Aumentou o consumo e diminuiu a produção. Isso ocasionou a falta de anestésicos no Brasil inteiro”, afirmou Maurício Sérgio Sousa e Silva, superintendente da Santa Casa de Montes Claros, maior hospital do Norte de Minas.

A direção do Hospital Universitário Clemente de Faria, vinculado à Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) e o único da cidade com atendimento gratuito, 100% pelo SUS, informou que a unidade é altamente atingida pela falta de anestésicos e sedativos. “Os prejuízos podem ser consideráveis para os usuários, inclusive do CTI, que necessitam de cirurgias e sedativos nos diversos procedimentos”, informa a unidade. Por outro lado, a instituição garante que, “até o presente momento, nenhuma cirurgia deixou de ser feita” no hospital. “O HUCF colocou em prática o plano de contingência para, justamente, não deixar de atender a nenhum usuário”, sustenta.

O Hospital Universiário informa ainda que tem negociado com os fornecedores a entrega regular do “mínimo de insumos e materiais da atividade cirúrgica”, além de providenciar nova licitação “para aquisição das medicações e outros insumos que tiveram consumo elevado devido à pandemia do Novo Coronavírus (COVID-19)”.

Ainda em Montes Claros, o Hospital Aroldo Tourinho justifica que o problema dos baixos estoques decorre também do aumento dos preços dos produtos farmacêuticos diante da alta procura após a chegada da pandemia. ”Ainda que tenhamos recursos, não estamos conseguindo adquirir esses produtos junto aos fornecedores. Devido à escassez e elevada procura em todo o território brasileiro, houve, também, aumentos expressivos nos preços desses produtos. A título de exemplo, um determinado medicamento que custava R$ 5,30 está sendo oferecido hoje a R$ 60,00”, informa a direção da unidade,  vinculada à Fundação Hospitalar Aroldo Tourinho.

Fonte: Estado de Minas

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