• loja.muzambinho.com
  • muzambinho.com.br
  • Muzambinho.com
  • Muzambinho.com

Black Friday: brasileiro quer ter descontos, mas deve se precaver de fraudes

Redação26 de novembro de 202016min0
DfKxNEQ
Promoções têm apelo sentimental e levam a compras até mesmo impensadas; especialistas avaliam que é preciso racionalizar antes de adquirir algo

Fazer listas de compras à espera das ofertas da Black Friday é um hábito para a atuária Jaqueline Costa, 34. “E eu costumo aproveitar a data para fazer estoques. Tenho filhos pequenos, então compro fraldas suficientes para o próximo ano inteiro. Foi o que fiz no ano passado, e deu certo. Abri o último pacote nesta semana. Agora, já vou refazer o estoque para 2021”, comenta ela, que leva as oportunidades a sério. E neste ano não vai ser diferente. Ou melhor, a intenção de aproveitar bons preços da ocasião permanece, mas os objetos de interesse se ampliaram. Em regime de home office, ela pretende aproveitar a data para comprar notebooks, fones de ouvido e outros equipamentos que vão dar ares de escritório à sua casa. Desta vez a especialista em avaliação e administração de riscos vai fazer tudo pela internet, evitando as tradicionais aglomerações que a data comercial costuma implicar. “Eu sempre preferi comprar pela internet, porque fica mais fácil fazer pesquisa de preços. Mas também ia às lojas presencialmente, o que não vou fazer por causa da pandemia”, diz.

O temor parece ser compartilhado por milhões de outros consumidores. Enquanto estima que as vendas nas lojas físicas se ampliem apenas 1,1%, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) avalia que, na internet, o aumento chegue a 61,4%. Otimista, a entidade acredita que a pandemia não deve ser capaz de frear o ininterrupto crescimento das vendas da Black Friday, que chegou ao Brasil em 2010 e vem ganhando força ano a ano, consolidando-se como uma das principais datas comerciais do país. Desta vez, a expectativa é de um faturamento recorde de R$ 3,67 bilhões, sustenta a CNC.

Para além de fatores macroeconômicos, gatilhos cerebrais, que tornam as compras mais emocionais que racionais, ajudam a explicar o sucesso da Black Friday, como examina a publicitária Aline Oneda, especialista em marketing de encantamento de clientes. “O que vejo muito é esse senso de urgência, de ter só aquela semana ou só aquele dia para aproveitar uma oferta. É uma sensação de agora ou nunca, que causa excitação, desperta adrenalina. E, além disso, no Brasil, a data coincide com um momento em que as pessoas que são celetistas estão com dinheiro extra, por conta do 13º salário, o que gera uma sensação de empoderamento”, observa.

Shirlei Camargo, tutora do curso de gestão comercial do Centro Universitário Internacional (Uninter), faz análise semelhante. “Acontece que o consumidor sempre está em busca de satisfazer seus desejos e necessidades e, quando vê que pode fazer isso e ainda economizar, ele realmente se empolga. É algo que gera satisfação”, cita. Citando estudos de pesquisadores do neuromarketing, ela admite que a urgência é fator motivador de compras. “A pessoa pensa, mesmo que não racionalize, que precisa resolver aquilo rápido, que, se demorar, vai perder uma chance única, ficando até mesmo ansiosa para concluir a aquisição”, diz.

Outro mecanismo inconsciente acionado pelas promoções se relaciona a um sentimento de compensação. “É como se o esforço do meu trabalho estivesse sendo recompensado com algo que eu comprei. Esse sentimento é potencializado quando estamos no contexto de uma oferta. Fica a sensação de que aquela dificuldade no trabalho, por exemplo, tivesse valido a pena por uma compra bem-feita. E, se o preço está melhor, a gente se sente mais gratificado”, avalia.

Aline alerta que esse comportamento, quando excessivo, pode levar ao comprometimento da saúde financeira. “A vida possui muitas dimensões. E o ato de comprar é uma delas. Mas toda a felicidade não pode estar vinculada só a esse momento. Se adquirir coisas se torna um refúgio, uma fonte de prazer constante, a satisfação que a aquisição de uma coisa desperta vai durar cada vez menos, e, então, corremos o risco de desenvolver distúrbios psicológicos”, adverte. “Algumas vezes, o comportamento do consumidor pode ser indício de um comportamento patológico, como quando uma pessoa vai às compras porque está com problemas em casa ou no trabalho. Ela pode desenvolver uma compulsão por compras porque não aprendeu a lidar com a frustração”, acrescenta Shirlei.

Neste sentido, vale lembrar que, conforme Pesquisa de Endividamento do Consumidor, da CNC, o endividamento do brasileiro atingiu seu maior índice em junho deste ano, 67,1%, em relação ao total de famílias. A taxa é a maior desde janeiro de 2010.

COMPARADA A ANOS ANTERIORES, BLACK FRIDAY 2020 ESTÁ EM BAIXA NAS BUSCAS NA WEB

Apesar das perspectivas otimistas de entidades como a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e de empolgar pessoas como Jaqueline Costa, que está mais animada neste ano do que nos anteriores, até agora a edição 2020 da Black Friday é a que menos desperta interesse dos brasileiros, conforme dados do Google Trends, ferramenta da gigante de buscas que mede o interesse de usuários em determinados temas. Claro, até a próxima sexta-feira, dia 27, as buscas podem registrar um interesse repentino inédito, e recordes podem voltar a ser quebrados. Difícil mesmo é fazer uma previsão diante de um cenário incerto.

Por um lado, a confiança está em baixa, o país enfrenta uma crise, e os índices de desemprego chegaram ao recorde de 14% no terceiro trimestre, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Menos afetadas economicamente, as classes A e B, por outro lado, puderam contingenciar dinheiro ao longo do ano, já que a quarentena limitou suas despesas. Agora, portanto, essa parcela da população poderá gastar mais. Além disso, milhões de brasileiros receberam o auxílio emergencial. Desde setembro, o valor pago é de R$ 300 por mês, e a última parcela será depositada em dezembro.

“A gente não sabe o que vai acontecer. Eu, hoje, percebo que estamos em uma tendência de queda, que a data não está empolgando tanto quanto em outros anos”, avalia a professora Shirlei Camargo. Entre as poucas certezas que tem está o crescimento das vendas online. “Tenho quase certo que o comércio virtual vai se ampliar, o que não deve acontecer nas lojas físicas. Até porque elas ainda estão funcionando com restrições, já se fala em segunda onda (da Covid-19 no Brasil), e, por isso, fica a sensação de perigo. Espero que as lojas estejam se preocupando para receber clientes adequadamente”, anseia.

“TUDO PELA METADE (DO DOBRO)”

Também contribui para essa perda de ânimo a má fama da Black Friday no Brasil, onde é pejorativamente chamada de “Black Fraude”. “Em nosso país, todos os anos são registrados milhares de denúncias contra os comerciantes, que se utilizam de uma prática irregular já antiga, a da maquiagem de preços. Ela consiste em, alguns dias antes, aumentar os preços dos produtos para depois fingir a aplicação de desconto e, dessa forma, atingir o mesmo preço anterior”, aponta o economista e advogado Paulo C. F. de Castro. “Perante a nossa legislação, a prática se caracteriza não só como propaganda enganosa, mas também como crime de falsa informação. E vale lembrar que, mediante o grande crescimento das vendas online, as leis vigentes aplicam-se também ao comércio eletrônico”, completa.

Portanto, aproveitando-se dos mecanismos emocionais que as ofertas acionam para enganar compradores, comerciantes fizeram crescer a fama de que as promoções são falsas. “É como se fosse um ‘pague a metade do dobro’. Mas essa estratégia é um tiro no pé. A Black Friday é uma data que gera muita comoção no varejo, mas tem tanta gente fazendo coisa errada, que esse apelo perdeu força. O momento é de pensar em ofertas de verdade, de abrir mão do lucro pensando no giro”, opina a publicitária Aline Oneda. “Sabemos que o cliente se conecta a uma marca ou a uma loja quando vê verdade nela. Eles estão exigindo mais. Querer enganar o consumidor hoje é querer perdê-lo amanhã”, critica.

Há uma década participando da Black Friday como compradora, Jaqueline Costa acredita que as promoções fraudulentas perderam força. “No início era bem mais comum. Noto que, de uns anos pra cá, as empresas têm se esforçado em se desfazer dessa pecha. E, atualmente, temos recursos para verificar o histórico de preço e os consumidores estão mais atentos”, observa. Vale salientar que autoridades têm alertado sobre o risco de ataques cibérneticos, em que criminosos utilizam técnicas, entre elas a criação de páginas falsas, para roubar dados sensíveis dos clientes – como o número e o código de segurança do cartão de crédito.

DICAS PARA NÃO SE PERDER E NÃO SER ENGANADO 

  • Faça uma lista de itens necessários e desejados e tenha foco apenas neles, sem se dispersar observando outras promoções;
  • Estabeleça o preço máximo que deseja pagar por tais itens e só faça a compra quando o produto ou serviço alcançar o valor pretendido;
  • Determine o valor máximo que pretende gastar na data e tente não ultrapassar essa marca;
  • Utilize sites de buscas de produtos que permitem verificar o histórico de preço dos produtos e serviços ofertados, como o Zoom e o Buscapé; assim será possível observar se a promoção é verdadeira ou se o valor do item foi aumentado nos últimos dias para que, na Black Friday, descontos fossem simulados;
  • Caso não conheça a loja e o desconto pareça muito amplo, desconfie. Busque pela loja ou marca em sites de avaliação, como o portal Consumidor.gov e o site Reclame Aqui. Veja se há queixas recorrentes e se o empreendimento é confiável.

DICAS GERAIS PARA EVITAR ATAQUES CIBERNÉTICOS 

  • Para não ser vítima de ataques cibernéticos, desabilite as funções de conexão automática e o compartilhamento de arquivos de seu smartphone ou tablet e evite se conectar a redes públicas ou desconhecidas de Wi-Fi;
  • Não clique em links enviados por email, por redes sociais, como o Facebook, ou por mensageiros, como o WhatsApp: prefira escrever o endereço eletrônico (URL) manualmente, checando se não se trata de uma página falsa.

CAIU EM UM GOLPE? SAIBA COMO PROCEDER

“Ao detectar alguma fraude em promoções, recomenda-se que sempre faça contato inicial diretamente com o fornecedor, expondo a situação na tentativa de se chegar a uma solução amigável. Se mesmo assim não houver acordo, deve denunciar a empresa ao Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) e, dependendo do prejuízo, há ainda a possibilidade de ingressar uma ação junto ao Juizado Especial Cível, objetivando a efetivação do seu direito e a reparação do dano”, aponta o professor da Uninter Paulo C. F. de Castro.

Se foi vítima de crimes virtuais, como roubo dos dados do cartão de crédito seguido de compras inautênticas, por exemplo, pode-se reagir realizando um registro de ocorrência junto à polícia e, ao constatar uso indevido do cartão, é importante contatar seu banco ou sua operadora para informar a fraude.

Fonte: O Tempo

  • Muzambinho.com
  • Muzambinho.com
  • Aki Tem Muzambinho

Deixe um Comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios estão marcados com *