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Pra Você Mulher !!!

Redação9 de janeiro de 20214min0
por Valdeci Santana

Diante do espelho ela se desdobra, para tentar maquiar o sono insuficiente, as marcas de choro e o cansaço acumulado, a insegurança e assim, poder sair bonita o suficiente na rua. Mesmo sabendo que sempre haverá algo a ser apontado, como uma unha não feita, a oleosidade no cabelo, os pneuzinhos em torno da cintura e até as marcas natural da velhice. Sobre a balança ela pesa suas dores, o fardo de criar os filhos, de ser boa mãe, boa esposa, boa amiga. Tanto quanto se esforça para se conformar com acumulo de afazeres que não lhe possibilitam um minuto sequer para ela mesma.

Na rua ela tem que lidar com cantadas chulas, e dedos apontando sua postura, piranha demais ou recatada demais. Suas vestes são motivos de opiniões e comparações. As pessoas com quem se relaciona são analisadas, enfim, um monitoramento intensivo e quase sempre tendencioso à discriminação.

O medo de não estar vestida “decente” o suficiente, para que não seja violentada na volta para casa e ainda responsabilizada, de não ser prendada o suficiente para arranjar um bom casamento e de não ter força o suficiente para aguentar as violências domesticas.

Em casa ela deve ser uma boa “Amélia”, aquela mulher de verdade, pois, desde muito jovem, quando lhe deram uma boneca, para que aprendesse a cuidar, lhe ensinaram a ser uma dedicada serviçal resignada, cuja existência se baseia em agradar as imposições de uma sociedade feita por homens.

O filho que chora querendo colo, a panela quase queimando no fogão, a chuva ameaçando as roupas no varal, os brinquedos espalhados sobre o tapete, a louça na pia, o absorvente incomodando entre as pernas, o inchaço, o calor, as lições de cama por serem colocadas em dia, ter que se virar com a pensão miserável, cujo pai que foi embora enche o peito para dizer que sustenta mais a mãe que o filho, e depois de tudo isso, apresentar-se exatamente à altura das divas que aparecem na tv.

Mesmo correndo o risco de ir para o tribunal do meu gênero, devo admitir que é preciso ser muito macho para ser mulher.

Aliás, tenho cá minhas dúvidas de que a frase “A mulher é o sexo frágil” não tenha sido gerada exatamente por uma mulher, num propósito claro de elevar o ego masculino. Até porque, somente a mulher tem a generosidade de nos colocar nas alturas, pois, não têm a necessidade de provarem umas às outras, de que são elas que nos amparam.

“A força de uma mulher não é medida pelos braços, mas, pelas tantas vezes que ela foi capaz de suportar suas fraquezas.” Pelas tantas vezes que elas conseguem chorar, pois, é necessária muita força e coragem para dar vazão às lágrimas. Pelas tantas vezes que elas conseguem aceitar as limitações propostas pela sociedade, sempre dizendo que “isso não é coisa de mulher” e, acima de tudo, pelas vezes em que suportaram a dor do parto para gerarem nossas vidas.

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