Zema decide colocar todas as cidades de Minas na onda roxa a partir do dia 17
Todos os municípios de Minas Gerais devem entrar na Onda Roxa na próxima quarta-feira (17). O governador Romeu Zema (Novo) tomou a medida após reunião com os prefeitos das microrregionais do Estado e com os consórcios de saúde na noite desta segunda-feira (15).
A decisão teve apoio da maioria dos prefeitos e deve ser obrigatória até mesmo para aquelas cidades que não fazem parte do Programa Minas Consciente. A medida deve ser anunciada na manhã desta terça-feira (16) em coletiva de imprensa do governador com o novo secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti. A restrição deve valer por 15 dias.
“Resistência sempre vai ter, porque é uma decisão difícil para o prefeito que sofre pressão de todos os lados. Mas essa foi uma medida tomada por técnicos, não é achismo. Estamos vendo a saturação do Estado e chegou em um momento que não dá mais”, afirmou o presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda (MDB).
Segundo Lacerda, o governo do Estado irá fiscalizar o cumprimento das medidas junto com as prefeituras. “As forças de segurança vão estar empenhadas, antes era uma obrigação somente das prefeituras, mas a população precisa se consicentizar. Essa medida não vai adiantar. O que vai acabar com o problema é a vacina. A Onda Roxa é para desacelerar por um tempo a doença”, pontuou o presidente da AMM.
Neste fim de semana, Minas Gerais incluiu mais 88 cidades na Onda Roxa do programa. Os municípios pertencem à macrorregião Centro-Sul e às microrregiões de Juiz de Fora, Lima Duarte, São João Nepomuceno, Bicas e Santos Dumont. Atualmente, cerca de 300 cidades estão na fase mais restritiva do Minas Consciente, que prevê toque de recolher após às 20h e o fechamento de todo o comércio não essencial, além da proibição da realização de eventos e até de reuniões familiares.
Leitos
Nesta segunda-feira (15), a ocupação de leitos destinados a pacientes com Covid-19 nos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do SUS já ultrapassou o limite máximo em 20 das 73 microrregiões de saúde de Minas Gerais. Segundo o painel do governo do Estado, não há mais leitos de UTI disponíveis na rede pública em 27% das microrregiões – no último domingo, 15% dos conglomerados registravam taxa de ocupação de 100% ou mais. Atualmente, Minas contabiliza 85,31% de ocupação dos leitos de UTI.
A região Leste do Sul é a que registra maior ocupação de leitos de UTI Covid. De acordo com a Secretária de Estado de Saúde (SES), a ocupação, nesta segunda-feira (15), era de 114,06% na rede pública.
Mas é na cidade de Janaúba, no norte de Minas, localizada na macrorregião Norte, que o sistema já “superou o colapso”, segundo o prefeito, Zé Aparecido (PSD). Atualmente, a microrregião Janaúba/Monte Azul tem ocupação de 130% dos leitos de UTI. “Nós atendemos 15 municípios, somos referências para 300 mil pessoas, e só temos cinco leitos de UTI”, afirmou o prefeito.
De acordo com Zé Aparecido, desde julho a prefeitura solicita ao governo do Estado a habilitação de mais 15 leitos de UTI, mas só na última semana a cidade recebeu o aval para alugar as estruturas. “A rede no município já era ruim, mas agora só escancarou um problema antigo”, destacou. Segundo o chefe do executivo, com a liberação dos novos leitos, a expectativa é que daqui 20 dias toda estrutura já esteja funcionando.
“Nós estamos com tudo fechado, mas não temos estrutura para aguentar as cidades do entorno que não fecham e encaminham seus pacientes. A ideia é que em 15 dias pudéssemos abrir tudo de novo, mas não sei. A situação está muito complicada”, argumentou o prefeito.
Desde o início do mês, Janaúba está na onda roxa do Minas Consciente.
Procurado, o governo do Estado não se manifestou sobre a demora para a liberação dos leitos de UTI em Janaúba.
Fonte: O Tempo