A gasolina vai baixar? Especialistas projetam preços para 2022
Pelo menos no cenário atual, 2022 não traz notícias otimistas ao motorista. O preço da gasolina, que, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), terminou 2021 44,3% mais alto que em janeiro, dificilmente retornará aos patamares anteriores e pode até sofrer novos aumentos, embora em uma escala menor, na perspectiva de analistas do mercado.
O valor da gasolina no Brasil é guiado pelo preço do dólar e pelo valor do barril de petróleo internacionalmente. Há espaço para barateamento do combustível, porém os dois fatores tendem a se manter sob relativa estabilidade, em um nível elevado, pelo menos no primeiro semestre, na avaliação do coordenador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis Zé Eduardo Dutra (Ineep), Rodrigo Leão.
“Todas as projeções de câmbio e do preço do barril do petróleo não indicam a possibilidade de a gasolina voltar ao patamar de R$ 5. O que podemos dizer é que não deve haver um aumento na mesma intensidade de 2021, quando o barril começou mais baixo e quase dobrou”, diz.
Uma projeção da empresa de gestão de frotas ValeCard estima que o preço da gasolina caia 5,94% no primeiro trimestre do ano e o combustível chegue, nacionalmente, a R$ 6,18 em março. Novas altas após abril devem elevar o preço à casa dos R$ 6,55 em setembro, próximo ao patamar atual de R$ 6,67. Em Belo Horizonte e região, segundo pesquisa do Mercado Mineiro divulgada nesta segunda-feira (3), a gasolina aumentou 46,9% e o etanol, 66,7%, de janeiro ao final de 2021, porém houve leve queda da média dos preços entre novembro e dezembro, mês em que a Petrobras reduziu o preço nas refinarias.
O sócio da empresa consultora do setor Raion Consultoria Eduardo Melo destaca que as eleições devem tornar o mercado nacional mais instável, com possibilidade de ainda mais desvalorização do real e consequente aumento dos preços dos combustíveis. Com a troca de gestão da Petrobras e a posse do general Joaquim Silva e Luna em abril de 2021, os aumentos tornaram-se menos frequentes, mas ainda costumeiros.
Rumos da pandemia também influenciam preço
A pandemia, que em 2020 contribuiu para a queda do preço do barril do petróleo, quando a circulação de pessoas diminuiu, também pode ter influência em 2022. “Ainda não sabemos quais serão as consequências do avanço da variante ômicron em todo o mundo. Nas últimas cotações, já houve recuo do preço do barril de petróleo, porque os casos de contaminação causam cancelamento de viagens, por exemplo”, explica Eduardo Melo, da Raion Consultoria.
A perspectiva para o preço do etanol também não é de queda brusca. Atualmente, o preço médio do álcool passa dos 70% do valor da gasolina, portanto o combustível, que rende menos no tanque, torna-se inviável para o motorista. “Embora sejam de natureza distinta, o etanol acaba seguindo a tendência da gasolina e, quando a gasolina está mais cara, aumenta a demanda pelo etanol e a pressão por alta”, conclui o especialista.
Fonte: O Tempo