Covid: todos os Estados têm UTI fora de zona de alerta pela 1ª vez desde 2020
Todos os Estados brasileiros estão com a ocupação de leitos de UTI fora da “zona de alerta” pela primeira vez desde que o número começou a ser monitorado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em julho de 2020. Como nunca havia acontecido, todo o mapa do Brasil está “verde”, segundo o novo boletim Infogripe da fundação, divulgado nesta sexta-feira (25). Ele mostra que a ocupação de leitos é inferior a 60% nos 26 Estados e no Distrito Federal.
“Os indicadores epidemiológicos e as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 vão sinalizando esperança sobre a aproximação do fim da pandemia, embora ainda seja necessário o princípio da precaução no sentido da prevenção e detecção rápida de quaisquer reveses ainda possíveis”, escrevem os autores do Infogripe. A ameaça do surgimento de novas variantes, por exemplo, ronda a comunidade científica.
O grupo da Fiocruz defende que a desobrigação do uso de máscara não seja generalizada e que o item de segurança ainda seja utilizado em ambientes fechados com grande concentração de pessoas, como o transporte coletivo, e até em locais abertos com aglomeração. O grupo também destaca que este momento de alívio nos serviços de saúde é uma oportunidade para o poder público investir na compra de medicamentos contra a Covid-19 — a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atestou a eficácia de medicamentos contra o coronavírus, porém nenhum deles foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O grupo de pesquisadores enfatiza que a média diária de óbitos pela doença, de 570 mortes, caiu 35% em relação às duas semanas anteriores. Hoje, a taxa de letalidade da Covid-19 no Brasil — isto é, a proporção de pessoas infectadas que morrem — gira em torno de 1%. Ela havia iniciado 2022 em 0,2%, após alcançar até 3% ao longo de 2021.
“A redução do indicador, observada durante a terceira onda epidêmica, deveu-se principalmente à vacinação de grande parte da população-alvo no país e à menor gravidade da infecção pela variante ômicron”, pontuam os pesquisadores. O aumento recente, que foi observado ao longo do mês de março, pode significar o fim definitivo da onda provocada pela variante, pois os óbitos seguem-se algumas semanas após o pico de infecções. A mudança também serve de alerta, segundo o grupo, a quem está sem vacinação ou com vacinação incompleta e, por isso, tende a apresentar doença mais grave e ter maior chance de morrer.
Os óbitos continuam concentrados entre idosos, o que reforça, na perspectiva da Fiocruz, a necessidade de fornecer a quarta dose da vacina ao grupo. Nessa quarta-feira (23), o Ministério da Saúde recomendou a aplicação a quem tem mais de 80 anos.
No outro extremo da pirâmide etária, crianças preocupam pela falta de cobertura vacinal para os menores de 5 anos. “Um aumento de casos sintomáticos graves em crianças cria uma situação de colapso com maior facilidade, uma vez que há uma histórica baixa disponibilidade de leitos de UTI neonatal e, principalmente, de CTI pediátrico no país”, alerta a Fiocruz.
Fonte: O Tempo