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Em MG, 10,8% dos eleitores não escolheram o candidato a governador
Já na pesquisa espontânea, quando os nomes dos candidatos não são apresentados aos entrevistados, o percentual de indecisos é ainda maior: 45,6% responderam que não sabem em quem vão votar para governador de Minas Gerais, o equivalente a 7.428.636 de eleitores.
O perfil dos mineiros indecisos que está em disputa pelos candidatos a governador é composto por 75,3% de mulheres e 64,2% de católicos.
Do total de indecisos, 51,9% possuem 45 anos ou mais, e 86,4% têm renda de até cinco salários mínimos, de acordo com o DATATEMPO.
No levantamento sobre o voto dos mineiros para presidente, o número de indecisos, na pesquisa estimulada, é de 6%, ou seja, 977.452 eleitores ainda não escolheram o futuro chefe do Executivo nacional dentro de um universo total de 16.290.870 mineiros aptos a votar nessas eleições.
Na pesquisa espontânea, o percentual de mineiros indecisos aumenta e chega a 16,5%, o que equivale a 2.687.993 eleitores que ainda não decidiram em quem votar para presidente da República.
O número de indecisos hoje é praticamente o mesmo que deu a vitória, em Minas, a Jair Bolsonaro, à época no extinto PSL, sobre o petista Fernando Haddad. Bolsonaro obteve 2.270.090 votos a mais do que Haddad nas eleições de 2018.
O perfil dos mineiros indecisos que está em disputa pelos candidatos a presidente é composto por 74,4% de mulheres e 71,1% de católicos. Do total de indecisos, 33,3% possuem entre 45 a 59 anos, e 46,7% têm renda de até dois salários mínimos.
A pesquisa DATATEMPO foi contratada pela Sempre Editora. Foram 1.500 entrevistas domiciliares, entre 5 e 9 de setembro. A margem de erro é de 2,53 pontos percentuais para mais ou para menos.
O intervalo de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-04443/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG) com o número MG-02856/2022.
Perfil do indeciso é menos ideológico
Sobre o perfil dos indecisos, o professor de marketing político Marcelo Vitorino, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), avalia que se trata de um público “menos ideológico e menos ligado a partidarismos”.
Para ele, a predominância de mulheres indecisas mostra que as principais campanhas não direcionaram suas ações para abrigar os interesses e expectativas desse segmento como poderiam. “Elas estão à espera de algum candidato que se mostre mais empático e conhecedor de suas realidades para decidirem o voto. Essa volatilidade pode levar a disputa para qualquer resultado”, analisa.
Já para o estrategista político pela Universidade de São Paulo (USP) Daniel Machado, professor do Renova BR, o indeciso é um eleitor “interessante” porque é um observador do cenário. “Ele observa tendências, as falas dos candidatos, se algum lhe causa rejeição, se haverá uma onda que ele acompanharia ou se ele anularia o voto”, assinala.
Sobre as mulheres serem a maioria dos indecisos, tanto na eleição para governador de Minas quanto para presidente, Daniel Machado explica que elas são mais observadoras, mais analíticas e mais críticas. “Como elas são mais impactadas pelas políticas públicas no seu dia a dia, tendem a se preocupar mais com a renda, o mercado de trabalho e questões que envolvem os filhos, escola e saúde, por isso demoram mais a escolher”, argumenta.
Já em relação àqueles que têm renda de até dois salários mínimos e ainda não escolheram candidato a presidente e àqueles que têm renda de até cinco salários mínimos e não se decidiram para governador de Minas, a explicação do professor Machado passa pela queda do poder de compra. Segundo ele, é parte da classe média que tem medo de perder o que tem e está analisando o que vai ser melhor para si mesma. “As pessoas estão preocupadas porque não estão conseguindo pagar as contas”, pondera.
Especialistas avaliam as estratégias
Para o professor Marcelo Vitorino, as campanhas dos dois principais candidatos ao governo de Minas, Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PSD), deveriam mudar o foco nesta última semana. “Zema teria que abrir um diálogo com os públicos das grandes cidades, e Kalil se mostrar mais acolhedor para o público mais conservador, mais interiorano”, argumenta.
Enquanto isso, o estrategista Daniel Machado considera que os candidatos deveriam partir para o ataque nesta reta final e desconstruir um ao outro. “Quando os candidatos veem que suas propostas não estão convencendo os eleitores, eles começam a jogar luz sobre a rejeição do outro para que o adversário fique mais pesado que ele”, avalia.
Por isso, de acordo com análise de Machado, o tom das propagandas eleitorais está mais agressivo e menos propositivo e fala-se mais em “voto útil” e em “voto contra”.
Conexão
Para Vitorino, o alto número de indecisos se deve à incapacidade de conexão com grande parte do eleitorado. Segundo ele, isso pode ser o resultado de campanhas muito focadas em perfis ideológicos ou baseadas em conteúdos muito específicos.
Já para Daniel Machado, é natural que o eleitor brasileiro só pense em quem vai votar na última semana. A diferença entre os números das pesquisas estimulada e espontânea se dá, na explicação do professor, porque o eleitor se vê numa situação em que os nomes são colocados e tem que escolher um candidato.
“Mas, quando o eleitor é questionado de forma espontânea, sem ter os nomes diante de si, grande parte se mantém alheio à pauta política e ao processo eleitoral. Isso é natural”, explica Machado.
Fonte: DATATEMPO