Reforço da vacina contra covid aumenta proteção e pode conter alta de casos
O boletim InfoGripe, divulgado no dia 23 de novembro pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou aumento de casos graves de pacientes com covid-19. Somado a isso, subvariantes da ômicron, capazes de aumentar o contágio, vêm sendo detectadas pelo país, como a BN.1 e a BQ.1.
Segundo a Fiocruz, há um aumento de casos positivos de Covid-19Fonte: Shutterstock
De acordo com Carla Kobayashi, infectologista do Hospital Sírio-Libanês, o surgimento das novas cepas está relacionado com o aumento da circulação do vírus. “Quanto maior o número de pessoas infectadas, maior a chance de mutações e variantes”, afirma em entrevista ao TecMundo.
Kobayashi diz que, por reduzirem o contágio, as doses de reforço podem ajudar a controlar a nova onda. Mas o total de imunizados com o esquema adicional continua baixo, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados neste mês: são apenas 37,8 milhões de vacinados com a segunda dose de reforço, comparado a cerca de 168 milhões que tomaram duas doses ou dose única.
Por que as doses de reforço podem conter a covid-19?
As vacinas protegem contra ameaças ao ativar a defesa do organismo. Após o contato com o imunizante, o sistema imunológico cria anticorpos para combater o agente causador da doença, como explica a infectologista Ingrid Cotta, da Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP).
É criada uma memória que ajuda o corpo a se proteger não só naquele momento, mas também no futuro, caso entre em contato com o vírus. “Assim, uma resposta mais rápida e robusta será acionada”, afirma Cotta.
Mas a imunidade gerada pela vacina tende a cair um período após a vacinação, em um processo natural dos anticorpos. De acordo com Cotta, é aí que as doses adicionais surgem: como um “lembrete” da memória imunológica, preparando o organismo novamente para combater a ameaça.
Doses de reforço ajudam a reduzir contágio e evitam o surgimento de novas variantes do vírus da Covid-19Fonte: Shutterstock
Uma pesquisa da Fiocruz Minas mostrou a eficácia do reforço da vacina na proteção contra a Covid-19. Segundo o estudo, apenas 17% dos vacinados com CoronaVac criaram anticorpos contra a ômicron em até 30 dias após a segunda dose. Com o reforço da Pfizer, o número saltou para 77%. A Fiocruz aponta que a eficácia é maior por se tratar de uma vacina diferente da usada nas primeiras doses.
A dose adicional também ajuda a proteger contra as variantes, mutações do vírus que ocorrem à medida que se tornam mais resistentes. Novas cepas podem escapar da defesa imunológica erguida com a vacina inicial, e o reforço ajuda a manter os anticorpos ativos, além de evitar formas graves da covid-19.
Cotta afirma que isso já ocorre com outras doenças, como a gripe. Segundo a infectologista, a vacinação da influenza no Brasil ocorre com base na cepa que circula na Europa e que pode ser trazida para cá.
Assim como no caso da gripe, vacinas para diferentes variantes da covid-19 devem surgir, a exemplo do imunizante da Pfizer aprovado pela Anvisa na última terça-feira (22). A nova vacina, ainda sem previsão para ser aplicada no país, é uma versão atualizada que protege contra a ômicron e suas subvariantes.
Enquanto a nova campanha não se inicia, as especialistas recomendam que é preciso completar o esquema de reforço com as vacinas disponíveis e manter medidas de cuidado para evitar a disseminação do vírus. Evitar aglomerações, usar máscaras e higienizar as mãos seguem sendo recomendados.
Na esteira do aumento dos casos, municípios e estados têm decretado a volta da obrigatoriedade de medidas preventivas, como o uso de máscaras no transporte público.
A infectologista Ingrid Cotta relembra que, embora a vida já tenha retomado a normalidade, a pandemia não terminou –conforme alertado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para ela, o cenário indica que é provável que as campanhas de vacinação contra a covid-19 continuem acontecendo, ainda sem previsão de acabar.
Fonte: TecMundo