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Em Minas Gerais, 18 bebês são internados por mês com quadro de desnutrição

Redação28 de dezembro de 20228min0
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Em todo o Brasil, esse tipo de internação chegou, no ano passado, ao maior nível em 13 anos, com aumento de 7% em relação a 2020

A cada mês, cerca de 18 bebês até um ano de idade tiveram de ser internados por conta da desnutrição em Minas Gerais. Foram 169 casos de janeiro a setembro de 2022. Desde 2010, no Estado, 3.119 crianças nessa faixa etária foram parar no hospital por causa da ingestão insuficiente de nutrientes essenciais para a saúde humana. Só em Belo Horizonte, até o mês de agosto, foram 73 bebês, o que representa um aumento de 356% quando comparado aos números de 2010, quando houve 16 registros. Em todo o Brasil, esse tipo de internação chegou, no ano passado, ao maior nível em 13 anos, de acordo com dados divulgados em outubro pelo Observatório de Saúde da Infância (Observa Infância), pela Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Foram 2.979 hospitalizações no país em 2021, alta de 7% em relação a 2020.

Os números, cada vez mais alarmantes, são um retrato de uma “reação em cadeia”, conforme especialistas. Ao mesmo tempo, alegam profissionais, há o desmonte dos programas e políticas sociais, crise econômica intensificada pela pandemia da Covid-19, perdas salariais, aumento da inflação e desconhecimento dos pais sobre como cuidar dos bebês, alimentá-los bem e procurar ajuda a tempo. E, por falar em responsáveis pelos pequenos, as mães, em geral, costumam ser as primeiras vítimas desse quadro.

“Esses bebês são nascidos provavelmente de mães que já estão com algum grau de desnutrição. Com isso, não se tem um desenvolvimento adequado durante o período da gestação para que, de fato, tenha um crescimento e desenvolvimento do bebê de maneira que essa criança nasça bem nutrida. É um processo, eu diria geracional, que se inicia lá no ventre, no útero da mãe”, destaca Melissa Araújo, nutricionista e pesquisadora do Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde (GEPPAAS) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Além disso, acrescenta a nutricionista materno-infantil e professora da Estácio BH, Mariana Lana, a falta de informação de muitas mães, aliada, em geral, ao baixo índice de estudos, também pode estar relacionada ao agravamento desse quadro.

“Tivemos um quadro de crise econômica, perda de renda familiar e pandemia. Há também a baixa alfabetização das mães, que muitas vezes acreditam, por exemplo, que o leite delas é fraco e que, por isso, não têm que amamentar”, diz ela, destacando ainda que a divulgação acerca da importância do aleitamento materno já não é tão intensa como antes.

Segundo Mariana, essa falta de estrutura nos lares acaba por cair em uma situação onde “uma coisa puxa a outra”. Bebês que não recebem os tratamentos de saúde adequados apresentam menos imunidade, contribuindo para o adoecimento e, consequentemente, para a indisposição para se alimentar. Ao mesmo tempo, a falta de nutrição adequada leva a malefícios à saúde, gerando um triste ciclo. “É uma mistura de fatores complexos, que envolvem questões de ordem biológica, econômica e social”, afirma.

Consequências para a vida

Apesar de os números de internações por desnutrição focarem, neste caso, uma faixa etária específica, os reflexos da desnutrição vão para muito além da infância, conforme especialistas. Pesquisador em saúde pública da Fiocruz e coordenador do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), Cristiano Boccolini afirma que em médio prazo, a desnutrição, principalmente em bebês, leva a um atraso no crescimento, além das consequências relacionadas ao aprendizados das crianças, com atrasos nos marcos de desenvolvimento.

“Em longo prazo, pode trazer consequências graves para a idade adulta porque a falta de alimentos, de calorias, de proteína nessa faixa etária, aumenta muito as chances de doenças crônicas na idade adulta, em especial hipertensão, diabetes, insuficiência renal”, diz ele.

Os sinais mais visíveis da desnutrição, porém, afirma a nutricionista materno-infantil e professora da Estácio BH, Mariana Lana, já começam a aparecer nos bebês, inclusive no que diz respeito ao próprio comportamento dos pequenos. “A criança desnutrida normalmente é apática, não interage, não brinca, o ganho de peso estaciona. Não tem a face saudável, mas, sim, cansada”, afirma ela.

Reversão do quadro passa por visão profunda sobre a fome

Embora especialistas apontem diversas razões para o quadro atual de desnutrição de bebês – e todas bem complexas – há como reverter esse cenário, conforme salientam. Entretanto, é necessário um conjunto robusto de ações, todas devidamente alinhadas e bem estruturadas.

“Esse processo pode, sim, ser revertido, desde que se tenha uma visão complexa, uma visão profunda do enfrentamento à fome. Para isso, são necessárias políticas robustas de acesso a uma alimentação adequada, de acesso à renda, trabalho”, diz Melissa Araújo, nutricionista e pesquisadora do Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente Alimentar e Saúde da UFMG.

Ela cita como exemplos práticos o subsídio em relação à alimentação, destacando bancos de alimentos, cozinhas comunitárias e restaurantes populares. Além disso, a especialistas ainda frisa a relevância de programas sociais para pessoas de baixa renda. “Há de se pensar esse enfrentamento da fome de uma forma mais robusta e multidimensional, que de fato a temática exige”, diz.

Coordenador do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), Cristiano Boccolini também ressalta a importância dos programas sociais, além de de um investimento pesado na reestruturação e retomada da atenção primária à saúde. O especialista salienta que deve-se garantir o acompanhamento dos pequenos, ter foco na vacinação, além de tomar medidas mais simples, como medir os bebês, “identificando de forma precoce a desnutrição dessa faixa etária e evitando que essas crianças venham a ser hospitalizadas por causa da desnutrição”, conclui.

Fonte: O Tempo

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