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Entenda como os estereótipos relacionados à idade podem ser nocivos

Redação2 de fevereiro de 20236min0
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Preconceito com o envelhecimento e até mesmo com doenças pode alterar o comportamento dos mais velhos e afetar a saúde física e mental dos idosos

Uma dona de casa brilhante, mas ingênua, e um ator em busca de emprego se mudam para um opulento edifício na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Acostumando-se à nova moradia, os dois acabam conhecendo os Castvets, um casal de idosos excêntricos e, aparentemente, gentis. O que começa com um convite para jantar, acaba se transformando em uma amizade — ressaltada, ainda, por uma ligação forte entre o artista e os vizinhos.

A história, que poderia ser um enredo sobre o companheirismo e a bela aproximação entre indivíduos de idades tão diferentes, segue um rumo assustador, servindo ao clássico do gênero de horror: “O Bebê de Rosemary” (1968), de Roman Polansky. Inspirado no romance homônimo de Ira Levin — publicado no ano anterior ao filme —, a narrativa coloca em xeque um estereótipo muito comum: o de que todos os idosos são gentis, amigáveis e dóceis. Na trama (cuidado com o spoiler) os vizinhos octogenários transformam a vida do casal jovem num inferno. Literalmente.

Segundo a psicóloga Adriana Severine pensar que os mais velhos são sempre bonzinhos tem justificativa. “Na hora que a pessoa está ali com cabelos brancos, você a vê como alguém fofinha, pode passar também aquela imagem de coitadinho, de desprotegida e isso pode acabar camuflando uma personalidade perversa”.

A especialista explica que essa imagem mais agradável pode ser motivada por lembranças familiares ou até mesmo culturais. “Aquela figura pode relembrar os nossos avós ou até mesmo o Papai Noel, a Vovó Benta, que a gente viu no ‘Sítio do Picapau Amarelo’”, exemplifica.

Sabemos, porém, que a realidade nem sempre é essa, e as pessoas podem acabar se deparando com idosos rudes, mal-humorados, mentirosos e até mesmo criminosos.

Transtornos

Para além de desvios de caráter que colocam os idosos em uma posição bem diferente da de “bons velhinhos”, algumas alterações na saúde podem provocar mudanças de comportamento, que incluem até mesmo atitudes e reações mais agressivas em situações aparentemente inofensivas.

“Doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia tardia ou transtornos de humor, podem provocar transformações do comportamento. Enfermidades degenerativas como a demência, a doença de Parkinson e o Alzheimer são capazes de provocar desde agressividade até alterações na percepção da realidade”, explica o geriatra Diogo Kallas.

Membro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Minas Gerais, o médico destaca a importância de se manter atento a qualquer alteração no comportamento dos idosos: “Se ele não manifestava um comportamento patológico, mas de repente passa a desenvolvê-lo, é sinal de que uma condição pode estar gerando essa mudança”.

Preconceito e estereótipos podem afetar saúde física e mental de idosos

O geriatra Diogo Kalas também chama atenção para os riscos que estereótipos e preconceitos relacionados à idade podem causar. “Existe até uma terminologia que usamos para denotar esses comportamentos dentro da sociedade, que é o ageísmo”, explica. Segundo o médico, ver os mais velhos como figuras frágeis, incapazes de cumprir determinadas atividades ou mesmo dizer coisas que parecem elogios inocentes como “a senhora não parece ter a idade que tem” são reflexos do ageísmo. “Isso advém muito do comportamento social atual, da valorização do jovem, do belo, do preconceito contra a imagem do idoso e do envelhecimento”, pontua.

De acordo com o especialista, esses comportamentos e crenças são extremamente nocivos e podem trazer consequências físicas e psicológicas para as pessoas de mais idade. “Você vê que os idosos acabam desenvolvendo sentimentos de baixa autoestima, começam a se isolar, desvalorizar a própria imagem e buscar menos o autocuidado”, explica. Ele pontua que há casos em que pessoas nessa faixa etária passam a apresentar sintomas depressivos e podem, também, parar de buscar serviços de saúde, o que acaba interferindo na condição clínica e gerando malefícios no controle de algumas doenças.

Segundo o médico, é importante que esses dogmas e preconceitos sejam rompidos, já que a sociedade caminha para se tornar cada vez mais velha. “A gente tem visto o envelhecimento rápido da população brasileira. Hoje temos de 13% a 15% de idosos, e nos próximos 20 anos esse número tende a dobrar. É importante que a sociedade se prepare para isso e veja o envelhecimento de uma maneira diferente”, diz. Para ele, o melhor caminho para a mudança é a educação: “É importante que a população seja esclarecida e que consiga ver que estamos envelhecendo e que precisamos mudar a sociedade para não sermos vítimas dela em alguns anos”

Fonte: O Tempo

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