Empregadores presos em MG e no ES chicoteavam trabalhadores e cobravam drogas
Chicotadas, ameaças com armas e cobrança por dívidas com drogas. Essa era a rotina de cerca de 20 trabalhadores resgatados em condições análogas às de escravo durante uma operação realizada em propriedades rurais de Governador Valadares, no interior de Minas Gerais, e no Espírito Santo. Os trabalhos, que fazem parte da operação “Libertas”, foram realizados pela Polícia Federal na manhã de quinta-feira (9). Ao todo foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva.
A operação foi realizada após a apresentação de um relatório do Ministério do Trabalho e Previdência, que reuniu uma série de denúncias que ocorriam nestes locais. O documento aponta que os trabalhadores sofriam castigos físicos por parte do capataz e de sua esposa, por meio de chicotadas. “Havia um local para ritual por parte do capataz onde foi identificado um crânio, que o capataz afirmou ser de um macaco. Os trabalhadores disseram que, quando o mesmo se encontrava realizando o ritual, alguns eram agredidos e até um ‘Z’ foi feito nas costas de um deles”, descreve o documento.
O relatório também revelou que o empregador cobrava os trabalhadores por itens como ferramentas de trabalho e material de higiene. “Os valores devidos também eram anotados em um montante muito superior ao acordado”, relata o documento. A investigação apontou também que essas anotações também eram referentes ao consumo de drogas. Segundo denúncia dos trabalhadores, eles raramente recebiam algum dinheiro em espécie.
O pagamento era feito com bebidas alcóolicas e drogas, o que fez com que alguns destes trabalhadores ficassem viciados. A prática, conforme a apuração, era uma estratégia do empregador. “Dívidas de montante muito elevado e que impediam os trabalhadores de sair por meio de ameaças. Os trabalhadores relataram ainda que o empregador andava sempre armado”, completa o relatório.
O local em que esses trabalhadores ficavam não estava em condições adequadas de habitação, conforme apontado pelo documento. Os banheiros eram precários e os trabalhadores precisavam ir até uma mata para “satisfazerem suas necessidades fisiológicas”. O alojamento também não tinha a quantidade de camas suficientes e muitos dos trabalhadores dormiam sob madeiras.
Os trabalhadores, que se encontravam nesta condição, foram resgatados em janeiro deste ano. Na ocasião, os empregados receberam os cálculos rescisórios e a emissão de guias de Seguro Desemprego. O caso segue em investigação e os suspeitos poderão ser penalizados com o pagamento de multas e de detenção de até oito anos.
Fonte: O Tempo