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Duas novas espécies de peixes são descobertas em MG

Redação20 de abril de 202322min0
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Encontradas em Veríssimo, no Triângulo Mineiro, espécies são uma das únicas que conseguem viver em córregos e riachos acima de quedas livres de água, pois são capazes de subi-las com uso dos dentes fora da boca e movimentos zig-zag.

Pesquisadores divulgaram nesta quarta-feira (19) a descoberta de novas espécies de peixes, das quais duas são exclusivamente do Rio Uberaba, no município de Veríssimo, no Triângulo Mineiro. Elas são do gênero Trichomycterus, conhecido popularmente como bagres neotropicais. São peixes de pequeno porte, entre 4 cm e 5 cm, com dentes fora da boca, que permitem escalarem rios e riachos.

Ao g1, os pesquisadores Valter Azevedo-Santos e Axel Katz, doutores em Zoologia, conversaram sobre o processo de identificação dos peixes e as características das espécies.

A descoberta foi feita por meio de uma pesquisa, que ocorre há alguns anos, realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Faculdade Eduvale de Avaré e Universidade Federal do Tocantins (UFT).

pesquisa descreve seis novas espécies em Minas Gerais. Duas delas ocorrem exclusivamente em um riacho em Veríssimo. Ambas as espécies de bagres foram batizadas de Trichomycterus uberabensis e Trichomycterus coelhorum, na qual foram reconhecidas novas características, que as classificam como novas espécies.

A descoberta

 

Pesquisadores já haviam notado características distintas e cogitavam a possibilidade de novas espécies, até a confirmação. — Foto: Axel Katz/ Arquivo Pessoal

Pesquisadores já haviam notado características distintas e cogitavam a possibilidade de novas espécies, até a confirmação. — Foto: Axel Katz/ Arquivo Pessoal

Essas espécies foram identificadas por apresentarem algumas características únicas dos demais, em relação a suas feições externas (morfológicas) e ósseas.

Muitas dessas espécies são extremamente parecidas com outras já descritas caso se olhe rapidamente. No entanto, com um olhar mais detalhado vê-se a diferença. Desde o início havia a suspeita de que poderiam ser provavelmente novas, com o local e com a aparência desses bagres já se pode levantar a suspeita de serem novas, que veio a ser provada após estudos feitos no laboratório”, explicou Alex Katz.

Ainda conforme os estudos, essas espécies, presentes em localidades de drenagem, são particularmente suscetíveis à extinção em um cenário de grandes intervenções humanas, merecendo, portanto, atenção especial.

As espécies

 

Os peixes, conhecidos popularmente como bagres, são novas espécies da família Trichomycteridae, atualmente, até então, 180 espécies eram reconhecidas nessa família. Geralmente são encontrados em águas com bastante correnteza, temperatura baixa e bem oxigenada. Também possuem um comportamento específico, segundo o pesquisador.

Com o uso dos dentes do lado de fora da boca, eles conseguem escalar cachoeiras com um movimento de zig-zag e com isso muitas vezes são os únicos peixes encontrados em rios acima de cachoeiras” disse Katz.

 

As espécies do gênero Trichomycterus, descritas na pesquisa, não ultrapassam 6 cm de comprimento. Assim, muitos detalhes, como os dentes (odontódeos) e algumas características físicas, não são facilmente visíveis nas fotos publicadas. São tipicamente encontradas entre as folhas de plantas nas margens, próximos a raízes ou dentro da folhagem no fundo dos rios.

Trichomycterus coelhorum, descoberta no Triângulo Mineiro. — Foto: Reprodução/ MDPI

Trichomycterus coelhorum, descoberta no Triângulo Mineiro. — Foto: Reprodução/ MDPI

Trichomycterus coelhorum: dentre algumas de suas características específicas, é distinguido das outras espécies do gênero por ter menos raios dorsais na nadadeira de sua cauda e por ter seis raios na nadadeira peitoral, ter menos vértebras e menos dentes. Possui coloração amarelo pálido, com faixa escura marrom a preta e pontos pretos.

O nome “coelhorum” foi dado como uma homenagem à família “Coelho”, da zoóloga Dra. Paula Nunes Coelho, de Frutal, também no Triângulo Mineiro, que prestou apoio aos pesquisadores.

Trichomycterus uberabensis, descoberta no Triângulo Mineiro. — Foto: Reprodução/ MDPI

Trichomycterus uberabensis, descoberta no Triângulo Mineiro. — Foto: Reprodução/ MDPI

Trichomycterus uberabensis: dentre algumas de suas características específicas, não possui nadadeira pélvica, tem menos vértebras, mais dentes em sua arcada. O padrão de coloração do animal é único, composto por pequenas manchas escuras, marrons e negras.

O nome “uberabenses” foi dado em homenagem e alusão a bacia do Rio Uberaba.

“São espécies conhecidas pelo padrão colorido e número de raios nas nadadeiras e vértebras”, disse Valter.

O registro de novas descobertas

A descoberta científica de uma nova espécie normalmente segue um processo formal e um conjunto de procedimentos estabelecidos pela comunidade científica.

  1. Coleta e documentação: O primeiro passo é coletar espécimes da nova espécie, juntamente com informações detalhadas sobre sua morfologia, anatomia, distribuição geográfica, habitat, entre outros dados relevantes.
  2. Análise comparativa: Os espécimes coletados são, então, comparados com outras espécies relacionadas e descritas cientificamente, para determinar sua distinção e identificar suas características únicas.
  3. Descrição formal: Com base na análise comparativa, os pesquisadores escrevem uma descrição formal da nova espécie, seguindo as convenções científicas estabelecidas.
  4. Revisão por especialistas: A descrição formal da nova espécie é então submetida a revisão por outros especialistas na área, em um processo conhecido como revisão por pares.
  5. Publicação: Após a revisão por pares e a aprovação pelos revisores, a descrição formal da nova espécie é publicada em uma revista científica especializada. A publicação científica é essencial para estabelecer o registro formal e oficial da nova espécie na literatura científica.
  6. Depósito de espécimes: Os espécimes coletados que serviram de base para a descrição da nova espécie são geralmente depositados em museus ou coleções científicas, para que possam ser acessados e estudados por outros pesquisadores no futuro.

O registro de uma nova espécie é um processo rigoroso que exige evidências científicas sólidas e em conformidade com os princípios da taxonomia biológica, que é a disciplina científica que trata da classificação dos seres vivos.

A descoberta foi feita por Wilson J. E. M. Costa, Valter M. Azevedo Santos, José Leonardo O. Mattos e Axel M. Katz, formalizada por meio de um artigo na revista científica “MDPI”.

Fonte: G1

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