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Como as roupas impactam a forma como somos vistos e mudam nossa autoimagem

Redação25 de maio de 202310min0
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Estrategista de imagem defende que podemos fazer do vestuário uma ferramenta de comunicação e expressão pessoal

Capaz de refletir os humores de determinada época, a moda é também uma expressão poderosa de individualidade e estilo pessoal, sendo um instrumento para transmitir mensagens a quem nos cerca. As roupas que usamos, afinal, desempenham um papel significativo na forma como os outros nos veem e nos julgam. Além disso, surpreendentemente, nossas escolhas de moda podem ainda afetar nossa autoimagem. É o que indica uma série de pesquisas listadas pela estrategista de imagem Deborah Zandonna, que investigam como o vestuário influencia não apenas o juízo que os outros fazem de nós, como também a nossa própria postura perante o mundo. Para ela, embora a percepção baseada em aparência possa ser superficial e injusta, é importante reconhecer o impacto que a moda tem em nossa sociedade e entender que, ao promover uma compreensão mais ampla e valorizar a individualidade, podemos fazer do vestuário uma ferramenta de comunicação e expressão pessoal.

“Vivemos em uma sociedade em que principalmente nós, mulheres, somos constantemente julgadas à luz do que a nossa imagem representa. Nesse sentido, nossas roupas comunicam e comunicam muito mais do que costumamos imaginar”, assegura a especialista. Para ela, ao selecionar uma peça específica para determinada ocasião, consciente ou inconscientemente, estaremos necessariamente passando uma mensagem para as outras pessoas. “Então, a partir do momento em que elas nos veem, elas sumariamente interpretam aquele conjunto de informações e criam uma impressão inicial sobre nós – isso tudo acontece de maneira subconsciente”, expõe.

Deborah ressalta que a primeira impressão que deixamos é formada em questão de segundos, e as roupas que usamos desempenham um papel crucial nesse processo. Ela cita que, quando nos vestimos de maneira adequada e nos sentimos confortáveis, é mais provável que sejamos vistos de forma positiva. Por outro lado, roupas inadequadas podem levar a interpretações negativas sobre nós.

Mas, obviamente, esta não é uma equação tão simples, afinal, vários preconceitos baseados na aparência correm em paralelo e também são considerados na formulação do juízo que fazem de nós, mesmo que inconscientemente. Inclusive, as roupas também podem reforçar estereótipos e preconceitos existentes na sociedade. Por exemplo, alguém vestido com roupas formais pode ser automaticamente associado a uma posição de poder e autoridade, enquanto uma pessoa vestindo roupas mais informais pode ser vista como relaxada ou pouco profissional – julgamentos que podem ser injustos e limitantes.

Autopercepção 

Mas será mesmo que nos vestimos para os outros, pensando apenas na impressão que vamos causar em quem sequer conhecemos? Deborah Zandonna garante que não. Para ela, nossas escolhas de moda não apenas influenciam a percepção dos outros, mas também afetam nossa autoimagem e autoconfiança. Isto é, quando nos vestimos de maneira em que nos sentimos bem, estaremos mais propensos a transmitir confiança e autenticidade.

Para embasar seu argumento, a especialista cita pesquisas relacionadas à teoria da cognição do vestuário, formulada pelos norte-americanos Hajo Adam e Adam Daniel Galinsky, que indicam que as roupas exercem poder sobre quem as veste, interferindo na construção da autoimagem e afetando a autoestima e a produtividade. A tese, prossegue a estrategista, pôde ser verificada na prática durante o período da pandemia à luz de um livro publicado pelas autoras brasileiras Sintya Motta e Leila Rabello.

“Em ‘Quarentena sem Pijama: O Poder das Roupas sobre a Autoimagem e a Produtividade’, elas observam que, em um momento em que muitas pessoas trabalhavam de casa, sem precisar se preocupar com as roupas que usariam durante o expediente, o ato de não se vestir adequadamente para aquela ocasião afetava a produtividade. Ou seja, as pessoas que costumavam trabalhar de pijama em casa não eram tão produtivas quanto no escritório”, aponta, acrescentando que, segundo Sintya Motta, roupas podem ser úteis nesses momentos difíceis para que nos sintamos mais motivados e capazes de realizar nossos projetos e sonhos.

Deborah acrescenta ainda que, embora as roupas possam moldar a percepção social, é importante lembrar que cada indivíduo é único e não deve ser julgado exclusivamente por sua aparência. Lembrando que a moda oferece uma oportunidade para expressar nossa individualidade e criatividade, ela defende que vestir-se de acordo com nosso estilo pessoal também pode impactar a nossa autoestima, nos ajudando a construir uma identidade positiva. Por fim, ao abraçar estilos diferentes e desafiar normas preestabelecidas, ela acredita que podemos contribuir para a diversidade e a aceitação na sociedade.

Moda reflete os humores do mundo 

Além de transmitir mensagens para os outros e para nós mesmos, as tendências de moda, de forma mais ampla, refletem os humores do mundo, como salienta Suzana Cohen, PhD em tendências, professora e consultora. Ela cita que vivemos hoje, globalmente, um contexto de crise e guerra, o que gera um sentimento de ansiedade e insegurança, com um grande ponto de interrogação a respeito do futuro. “Essa imprevisibilidade do amanhã, somada à sobriedade desse contexto de crise, infelizmente, tende a reprimir aquele sentimento de dopamina, exagero, irreverência e alegria, que tanto celebramos neste mundo ‘pós-pandêmico’”, pontua.

Somando-se a isso, Suzana lembra que a indústria da moda está, não é de hoje, nos holofotes, sendo responsabilizada por um sistema insustentável, que incentiva o consumo desenfreado, a mão de obra barata e com alto impacto negativo no meio ambiente. “Por esses motivos, as agências de tendências preveem que a moda para os próximos anos estará mais sóbria e menos colorida. O preto, o cinza, o bege tendem a emergir, com cortes atemporais, minimalistas e funcionais. Essas cores neutras e atemporais se somam a uma valorização de peças duráveis. É o consumo consciente ganhando espaço. Mais vale investir em peças atemporais, duráveis e neutras do que cair em modismos que marcam e cansam rapidamente”, informa.

“Não podemos nos esquecer de que tecidos de fibras naturais, como o linho, e tons também naturais estão aí há algum tempo e dialogam com esses conceitos. Os tons terrosos e a emergência de cores como o Apricot Crush para 2024, que puxa para o alaranjado, marcam a transição do excesso de cores para os tons neutros. É a volta à terra e à matéria-prima”, complementa a especialista em tendências, mencionando ainda que a cor Future Dusk – um tom entre o azul-escuro e o roxo, eleita pela Worth Global Style Network (WGSN, uma empresa de previsão de tendências) para a paleta de 2025 – já caminha para um sentimento mais de melancolia do que daquela alegria que vinha como promessa anteriormente.

“Mas, ao fazer essa análise, é importante lembrar que as tendências de moda andam muito pulverizadas devido principalmente ao poder das redes. Por isso modismos setoriais surgem a todo momento, de forma dispersa, e aquele sentimento de que todo mundo usa a mesma coisa vai ano a ano caindo por terra para dar lugar a uma expressão pessoal mais autêntica e independente”, pondera.

Singularidade brasileira 

Suzana Cohen sustenta que “o Brasil vive um momento muito peculiar de descolonização, passando a valorizar mais uma expressão local na moda”. Então, mesmo havendo previsões de escolhas de moda mais sóbrias e atemporais, ao caírem no Brasil, essas tendências certamente vão adquirir uma roupagem própria.

“É comum, no país, a apropriação de conceitos que muitas vezes vêm do exterior, mas com uma interpretação única, impulsionada pela alegria, pela criatividade, pelo drama, pela permanente crise e pelo desejo de mudança. E, com esse movimento ‘decolonial-latina-tropical’, certamente observaremos a emergência de uma expressão própria que dialoga com o contexto em que vivemos. Já começamos a ver isso em relatórios de tendências focados no mercado local e concursos de moda inclusivos que visam valorizar o talento nacional”, finaliza.

Fonte: O Tempo

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