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O que esperar do preço dos combustíveis, com impostos de volta e fim do PPI?

Redação3 de julho de 20237min0
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Especialistas avaliam como valores do etanol e da gasolina podem se comportar nos próximos meses

Habitualmente, era o preço internacional do barril de petróleo o que guiava as altas e baixas do valor da gasolina. Mas as movimentações no primeiro semestre de 2023 justificam-se, principalmente, pelas idas e vindas de impostos. O consumidor assistiu ao retorno dos impostos federais, à nova padronização do ICMS da gasolina e, recentemente, ao aumento da alíquota do imposto estadual sobre o etanol. Agora que não há previsão para outras mudanças na seara da tributação, o que o motorista pode esperar do preço nos postos de combustíveis nos próximos meses?

“Os preços ficarão mais suscetíveis aos fundamentos que norteiam o mercado de petróleo e derivados. Estamos vivendo um momento misto, ora de movimentos de alta e ora de baixa”, introduz o sócio da Raion Consultoria Eduardo Melo, especialista no mercado de combustíveis. A Petrobras anunciou, em maio, o fim de sua política de Preço de Paridade de Importação (PPI), que vigorava desde maio e condicionava a variação do preço da gasolina no Brasil aos valores internacionais. Hoje, os preços do exterior não são o principal norteador das decisões da empresa, contudo eles ainda são um fator para o cálculo.

Com isso, Melo lista alguns fatores de pressão de alta sobre a gasolina. Um deles é a nova diminuição da oferta de petróleo pela Arábia Saudita e a Rússia, anunciada nesta semana, o que tende a elevar preços internacionalmente. Por outro lado, ele lembra que o dólar tem diminuído no Brasil, o que pode atenuar os aumentos do barril do petróleo. “Um cenário de redução pode ocorrer, mas estamos em um cenário misto, por haver fatores que podem influenciar a alta de preço”, pontua.

O diretor comercial da Valêncio Consultoria Combustíveis, Murilo Genari Barco, concorda com o colega. “Mesmo sem a questão dos impostos, existem fatores que podem fazer a gasolina oscilar. O cenário não é tão previsível quanto era com o PPI”, diz.

A empresa anunciou, no dia 1º de julho, uma nova redução do preço da gasolina — segundo as consultorias de mercado, isso pode significar queda de R$ 0,10 na bomba dos postos, se ela for integralmente repassada ao consumidor. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito em maio que poderia haver reduções quando os tributos federais retornassem integralmente, o que ocorreu na quinta-feira (29/06).

Já o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, declarou, em sua conta no Twitter, que o objetivo da última redução não era compensar o retorno de tributos. “Estamos tão somente acompanhando o mercado, mas, como prometido, sem o automatismo da estratégia anterior, reconhecendo que a contenção de volatilidade é um benefício que se convém apresentar à sociedade em geral”, escreveu.

Etanol tende a ficar mais competitivo nos próximos meses

O etanol acaba de passar por mais uma mudança tributária. A alíquota do ICMS em Minas foi reajustada, no início deste mês, de 9,29% para 11,63%, o que pode representar um aumento de cerca de R$ 0,09 no litro do combustível, se toda a alta chegar até a bomba.

O presidente da Associação da Indústria Sucroenergética de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, explica que o reajuste da alíquota ocorreu para manter a paridade de impostos entre o álcool e a gasolina. O ICMS da gasolina no Estado aumentou neste ano devido à padronização do imposto em todo o Brasil em junho, definida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).

Mesmo com a possibilidade desse aumento no curto prazo, Campos avalia que o etanol deve se tornar mais competitivo nos próximos meses, pois a safra de cana em Minas está superando a anterior. “É uma safra grande, em que temos muita matéria-prima no campo. Esse etanol precisa ser consumido e ele provavelmente disputará espaço com a gasolina”, sublinha o presidente da entidade.

Além da safra, os movimentos da Petrobras sobre o preço da gasolina podem interferir no valor do etanol, lembra ele. “O que podemos ter, nas próximas semanas e daqui a dois, três meses, é uma concorrência maior dos dois produtos na bomba, e isso pode levar a uma queda de preço ao consumidor”, completa.

Murilo Genari Barco, da Valêncio Consultoria Combustíveis, também reforça que o preço do etanol depende, em parte, do valor da gasolina. “Com a queda da gasolina, a tendência é que o preço do etanol caia um pouquinho nas usinas, para manter aquela paridade entre eles. Porém, se a demanda por ele aumentar muito, o caminho do etanol pode seguir o sentido contrário, de uma alta. Acho difícil, neste momento, até porque estamos em plena safra da cana de açúcar e temos estoque suficiente para suprir a nossa demanda neste período do ano”, finaliza.

Fonte: O Tempo

Redação


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