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Crescimento Desordenado – por Celso Ciampi

Redação30 de agosto de 20239min0
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Nos últimos anos as cidades vêm crescendo de forma desordenada, principalmente aquelas que são chamadas de cidades polo de uma determinada região, essas explodiram por conta das oportunidades de trabalho, de acesso a escolas e universidades, além de terem boa rede de serviços oferecidos à população.

Mas, de forma geral, salvo algumas poucas exceções, esse crescimento não foi acompanhado de investimentos constantes e pesados pelas prefeituras em melhorias nos serviços prestados à população, o que tornou essas cidades verdadeiras bombas relógio, que ao menor sinal de chuva perigam inundar, sofrer com os desabamentos de encostas e também sofrem com sérios problemas de trânsito, pois as ruas são mais estreitas do que deveriam ser para dar conta de tantos carros.

Crescer não é o problema, nesse caso, o problema está nas prefeituras em não realizarem obras que mitiguem esses sérios efeitos colaterais do crescimento. São obras caras que necessitam de muito investimento financeiro, que faltam ao caixa da maioria das prefeituras e que os governos estaduais e federal criam um monte de chicanas para não financiarem. Evitar o crescimento populacional é impossível, porque as pessoas, além de terem liberdade de deslocamento, precisam trabalhar, se formar e buscar oportunidades de crescimento profissional e pessoal.
Esse crescimento das cidades força cada vez mais que elas se expandam em direção às periferias, pois o centro e os bairros adjacentes a ele já estão saturados e morar nessas regiões torna-se muito caro para o cidadão de baixa renda, que tem como opção morar um pouco mais longe a preço melhor de aluguel e IPTU, mas, em contrapartida, com dificuldade de transporte para chegar ao centro, onde se concentram todos os serviços, ou a maior parte deles, que ele precisa usar. Enfim, a cidade expande moradias pelas periferias, mas não vão junto os serviços necessários ao cidadão, nem o trabalho, que também está concentrado no centro, sendo poucas as oportunidades nas periferias.

O deslocamento de pessoas para os pontos periféricos das cidades, além de gerar problemas de transporte urbano, pois sempre haverá menos ônibus que o necessário para transportar o grande número de gente que necessita se deslocar, levam também problemas de ordem sanitária, pois as galerias de esgoto e captação de águas pluviais, normalmente muito velhas nas áreas centrais, pois foram construídas em uma época em que a população era bem menor e não se vislumbrava seu crescimento tão grande, nesse caso, das periferias, foi feito ainda de forma mais precária, ou nem foi feito, então, não dão conta desse crescimento e entram em colapso com as chuvas quando existem.

As cidades estão sendo impermeabilizadas, perdem áreas verdes, que absorviam as águas das chuvas, geravam sombra e tornavam o ar mais respirável ao devolver umidade para o ambiente. O asfaltamento das ruas e a construção de novos, e grandes, empreendimentos, onde moraram milhares de pessoas, em terrenos antes ocupados por casas, onde residia apenas uma família, com quintal aberto que permitia a circulação do vento, que contribuía para refrescar o ambiente e com plantas e árvores que contribuíam para uma melhor qualidade do ar, tornam a cidade mais quente, com ar de menor qualidade e com o risco real de sofrer enchente.

Impedir que as cidades cresçam é impossível, não há como limitar a movimentação de pessoas, elas precisam buscar melhores condições de vida para elas e suas famílias. Talvez uma forma mais inteligente de lidar com isso seria levar para as periferias os serviços e empregos que estão no centro, fazendo com que as pessoas precisem se deslocar menos pela cidade, reduzindo a pressão sobre o centro e dando qualidade de vida para quem mora em áreas periféricas, pois tendo trabalho e serviços essenciais ali onde moram teriam uma vida menos estressante. Algumas cidades estão fazendo isso, mas de forma ainda muito tímida e cara para o cidadão, consiste na construção de condomínios de casas ou verticais, onde também existe uma área comercial anexa, onde as pessoas podem trabalhar. Mas só isso não basta, porque nessas regiões ainda tem problemas de sinal de celular, a internet é precária e as linhas de transmissão de energia são sofríveis.

Falta investimento público nessas áreas, elas são sempre as últimas a receberem alguma atenção das autoridades porque estão fora da vista do eleitor, apesar de serem regiões onde se concentram boa parte deles. Além disso essas são obras que ninguém vê, não levam placas para a eternidade, não tem como inaugurar e fazer uma grande festa. São obras que ficam enterradas no asfalto, ou suspensas em postes, não “marcam” o governante, a não ser pelo transtorno que causam, que prefere obras que causam maior impacto na população para mostrarem em suas próximas campanhas.

Enquanto as cidades crescem de forma desordenada e sem investimentos públicos que possam frear um pouco as suas consequências, o povo é quem que sofre vítima das promessas sem fim dos políticos oportunistas de plantão, que de quatro em quatro anos vão até esses lugares, prometem que resolverão os problemas e depois somem, se enfurnam em seus gabinetes e deixam o povo à deriva, sofrendo com as consequências nefastas das chuvas, da falta de transporte, de serviço médico próximo de sua casa e de melhor qualidade de vida.

Em qualquer cidade as galerias de esgoto são velhas, construídas há mais de cinquenta anos, cem anos, que têm um déficit muito grande entre a sua capacidade de recolhimento e a quantidade de esgoto que recebem, sofrendo constantemente com quebras de manilhas e entupimento, gerando transtornos para quem mora por perto. Quase a totalidade delas são construídas junto com a rede de coleta de águas pluviais, então, em dias chuvosos, além de todo esgoto que recebem, ainda precisam dar conta de recolher toda água que chega com a chuva, não têm vazão para tanto e isso causa a enchente, que destrói casas, ceifam vidas e tudo em questão de minutos.

Vale lembrar que o cidadão, que paga IPTU e outros impostos, é sempre o mais prejudicado com a falta de investimento em infraestrutura. Quando a prefeitura não realiza as obras necessárias para conter uma encosta, para redimensionar a rede de coleta de água e esgoto, quando autoriza construções de enormes condomínios verticais em áreas já saturadas e quando permite que a população de uma determinada área cresça em progressão geométrica, ela está trabalhando para agravar os problemas que deveria estar cuidando para resolver.

É preciso que as prefeituras cobrem das construtoras contrapartidas ao aprovarem um projeto. Determinar que paralelo ao empreendimento elas façam obras que contribuam para amenizar os efeitos causados por eles nas redes de água e esgoto, proporcionalmente à quantidade de pessoas que ali vão residir, equilibrando assim esses efeitos. Seria um caso a pensar.

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