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Na relação entre pais e filhos, o exemplo dos adultos deve ir além da teoria

Redação9 de outubro de 20239min0
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Pai, mãe e especialista socioambiental falam sobre como é importante – e nada fácil – educar os filhos e ter hábitos coerentes com o que pregam no discurso

Educar uma criança é tarefa dificílima, requer paciência, sensibilidade, rigor, disposição, disciplina, equilíbrio, vontade de acertar, humildade para reconhecer erros que sempre aparecem pelo caminho. E no meio dele há coisas que fazemos muitas vezes sem pensar, porque é simplesmente um hábito, já está internalizado em nós, já é tão natural que repetimos sem qualquer questionamento. Ensinar é importante, mas dar exemplo é tão fundamental quanto, especialmente nos primeiros anos da vida de uma pessoa.

Você pode não perceber ou não acreditar, mas aquela criança está atenta a tudo que acontece à sua volta. E, na primeira infância, os pais – e aqui estamos falando dos diversos modelos de família cabíveis em uma sociedade que se pretende democrática e civilizada – são a principal referência daquele ser humano que absorve tudo como uma esponja e, a partir disso, começa a criar seu mundo particular. Não adianta falar, cobrar, pedir ou exigir que seus filhos tenham uma atitude que você não pratica. É, no mínimo, contraditório.

Quer que seu filho tenha uma alimentação saudável? Encha seu prato de verduras, consuma frutas, evite os processados, não se entupa de refrigerante. Espera que seu filho seja educado e gentil com os próximos? Tenha uma postura ética e respeitosa com todos. Não quer que seu filho cresça pensando que a diversão de uma criança está na tela de um celular ou da TV? Passe menos tempo com o rosto mergulhado nas telas, desligue-se da tecnologia por um momento e sente-se no chão para brincar com ele. É fácil? De jeito nenhum.

“A questão é sempre o adulto. A criança capta tudo que ele coloca no mundo, principalmente os pais e os responsáveis que estão no dia a dia educando, construindo valores. Eles são referência, e a infância é a base, a construção. Essa percepção tem ficado cada vez mais forte. Pais e mães não são perfeitos, mas podem tentar fazer o melhor. O importante é ligar essa chavinha”, afirma Renata Fialho, professora, especialista em inteligência socioemocional e kid coach, profissional que utiliza metodologias e estratégias lúdicas e específicas para trabalhar emoções, sentimentos, resoluções de conflitos e outras demandas das crianças, desde a primeira infância até os 12 anos.

Renata é mãe de duas mulheres – a mais velha tem 29 anos, 11 a mais que a caçula, que sempre quis ser jogadora de futebol. Em julho passado, Yasmin foi morar nos Estados Unidos para estudar e se dedicar ao esporte. Se a professora e o pai da jovem não a tivessem incentivado, talvez ela se sentisse reprimida a seguir seu sonho; se, em casa, ela ouvisse besteiras do tipo “como assim? Jogar futebol não é profissão para mulher!” ou “mulher não entende nada de bola, né?”, ser jogadora profissional possivelmente não estaria na lista de suas prioridades.

A palavra reverbera, traz ensinamentos – nem sempre bons – e deixa consequências. Com o exemplo dos pais, que viram com naturalidade a escolha da filha, porque natural é, Yasmin se encorajou. “O que os pais falam e fazem quando a criança tem 2, 5 ou 7 anos é muito importante. Quando você vê, o que foi construído nos primeiros anos foi levado para a vida toda. Dar amor e limites, marcar presença de maneira forte e significativa tem que ser na base. Depois, lá na frente, vai ser muito mais difícil, você vai ter que desconstruir para reconstruir”, ressalta Renata Fialho.

Na prática

Pai dos gêmeos Thiago e Nicholas, que completam dois anos em dezembro, o jornalista Daniel Ottoni admite que, a princípio, não tinha a exata noção de ser, desde os primeiros dias, a principal referência dos meninos, que, mesmo antes de aprenderem a andar, já repetiam o que viam no ambiente familiar. Depois de pesquisar, conversar com outros pais e experimentar na prática, percebeu que os filhos realmente replicam gestos, atitudes e frases.

“No dia a dia, isso ficou muito claro. Pequenas coisas ficam muito presentes para eles, marcadas mesmo. Eles conseguem interpretar, lembrar e repetir. Tenho trabalhado muito para que eu dê exemplos, faça as coisas da forma mais correta possível”, comenta o jornalista, que prega um diálogo sério e sem agressividade “para que o aprendizado e a assimilação aconteçam de forma tranquila, mesmo que num primeiro momento eles possam não entender completamente”.

Thiago e Nicholas passam oito horas por dia na escola, dormem, em média, outras 12 horas. Restam, portanto, apenas quatro para Daniel Ottoni aproveitar a companhia dos filhos, e é comum que, nesse intervalo, ele ainda esteja trabalhando em esquema home office. No tempo livre com os gêmeos, ele admite que dá suas escorregadas: “Quando estou com eles, evito ao máximo (ficar no celular), mas, às vezes, eles estão entretidos e, inevitavelmente, acabo pegando o celular quando podia estar com eles ou mesmo só observá-los. Deixar telas e redes sociais de lado é fundamental”.

A professora Virgínia Costa é mãe dos pequenos Valentim, 5, e Antônio, 3. Ela também pondera sobre a questão e concorda que nem sempre a teoria é colocada em prática: “Sabemos que a educação vem do exemplo, mas temos alguns hábitos tão automatizados que os repetimos na frente das crianças sem perceber. Atualmente isso acontece muito com o celular. Já tive que ouvir do meu filho de 5 anos que eu não estava prestando atenção em algo porque estava no celular. Morri de vergonha e passei a tentar me controlar, mas ainda deslizo”.

Parceria entre os pais é fundamental

Os pais devem dividir a criação e a educação dos filhos para que ninguém fique sobrecarregado – e sabemos que, na maioria dos casos, quem fica mais atarefada é a mulher. Renata Fialho diz que é preciso romper de vez com a cultura de que a mulher é quem cria os filhos – “até hoje temos isso muito forte” – enquanto os homens ficam alheios esperando o que vai acontecer ou serem demandados.

“É uma educação compartilhada. Os pais têm papel especial nisso porque podem dar exemplos para os filhos, meninos e meninas, de que eles também pegam a vassoura e varrem a casa, arrumam a cozinha”, observa a professora e especialista em inteligência socioemocional.

Para Virgínia Costa, o ideal seria que a divisão de tarefas acontecesse “de forma mais orgânica, mas, infelizmente, em função da nossa estrutura social, o mais comum é que o pai fique passivo diante de uma mãe que toma a frente das tarefas”. “Eu mesma só me dei conta do desequilíbrio nessa divisão quando me percebi exausta. A partir daí, passamos a dialogar para buscar uma divisão mais justa”, acrescenta a professora.

Fonte: O Tempo

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