A paixão tem prazo de validade? Entenda como sentimento atua no corpo e mente
Coração acelerado, embrulho no estômago, explosão de energia e pupila dilatada quando uma pessoa olha pra você? Tem algo de estranho aí… Seria alguma doença? Algum problema que a própria medicina desconhece? Que nada! Esses são sintomas de paixão, conforme o ponto de vista científico do neurocientista Thiago Porto.
Questionado se o sentimento tem prazo de validade, o neurocientista afirma que “a paixão é um sentimento de conquista e, por isso, ela tem um prazo de validade”. Ele esclarece que esse sentimento se caracteriza pela intensa e irresistível atração em relação a outras pessoas. Pela perspectiva científica, com o tempo, neurotransmissores como dopamina, norepinefrina e serotonina diminuem, influenciando o fim da paixão.
O psiquiatra Bruno Brandão explica que a transição da paixão para o amor pode ocorrer ou não: “O amor é caracterizado por um vínculo emocional duradouro. Ele está relacionado a mudanças na atividade cerebral, incluindo uma maior ativação de áreas associadas ao apego e ao afeto duradouro, como o córtex cingulado anterior. A paixão tende a diminuir com o tempo, e quando não substituída por um vínculo emocional mais forte, uma intimidade mais profunda, isso pode significar o término do relacionamento, pois o desenvolvimento do amor requer tempo e um aprofundamento da conexão emocional entre os parceiros”, aponta.
A artesã Ademildes Silva conta que tinha 14 anos quando se apaixonou por João Vicente Silva, seu marido. Ela explica a importância de compatibilidade, respeito e compromisso para além da paixão inicial. Após 30 anos de casados, a artesã afirma ainda serem apaixonados um pelo outro: “Acho que hoje somos mais do que apaixonados, temos sonhos iguais, compramos a ideia um do outro; além de estarmos sempre juntos, temos um mesmo amor, nossos filhos e neto”.
Relacionamentos que começam com paixões avassaladoras não necessariamente terminam com um amor duradouro. Os casais podem encontrar uma base sólida para amizade ou mesmo optar pela separação. A trajetória de um relacionamento é influenciada por fatores complexos, como a personalidade dos parceiros, experiências de vida, suporte social e a capacidade de adaptar-se às mudanças emocionais ao longo do tempo, afirma Bruno Brandão.
Relacionamentos a longo prazo
O psiquiatra Bruno Brandão explica que a comunicação é a chave para os relacionamentos duradouros: “É necessário entender que não temos uma bola de cristal e que não temos o poder de ler a mente dos outros. Muitos problemas de relacionamentos ocorrem devido a uma comunicação falha”, aponta o profissional, que prossegue: “E, muitas vezes, a pessoa presume o que a outra está pensando, sentindo ou querendo fazer, e isso pode ser perigoso, pois na imensa maioria das vezes, as nossas deduções estão erradas. ‘Ele ou ela não gosta mais de mim’. ‘Acho que ele ou ela está pensando que eu sou um chato’, e por aí vai. Não temos uma bola de cristal, é preciso perguntar ao outro, conversar, e não deduzir”, conclui.
A advogada Adriana Cruz, 44, e o analista de comércio exterior Washington Cruz, 44, estão juntos há 29 anos. A advogada conta que sempre foi apaixonada pelo marido. Ao ser questionada sobre como manter a chama acesa, Adriana revela que “o segredo está na perseverança, em acreditar que a família está acima dos obstáculos”.
O psiquiatra também dá dicas para manter a chama acesa em relacionamentos longos: trabalhar o autoconhecimento, melhorar as habilidades de comunicação, reconhecer que todo ser humano é único e aceitar as diferenças dos outros. E saber ceder: “Assertividade envolve justamente isso, a habilidade (de decidir) entre ceder e se impor”, define.
Fonte: O Tempo