Além do calorão, El Niño pode aumentar inflação da comida no Brasil, diz Copom
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central disse ter elevado um pouco o impacto do fenômeno climático El Niño sobre a inflação de alimentos em suas projeções para o cenário à frente, conforme ata publicada nesta terça-feira (19/12).
No último encontro, em novembro, o colegiado do BC tinha mantido a hipótese de considerar um impacto relativamente pequeno do El Niño, mas alguns membros alertaram para os efeitos sobre a inflação em caso de um fenômeno mais extremo.
O comitê disse também ver avanço no combate à inflação, mas ressaltou que há longo caminho a percorrer, reforçando a necessidade de uma flexibilização de juros mais cautelosa.
“O Comitê avalia que houve um progresso desinflacionário relevante, em linha com o antecipado pelo comitê, mas ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas [convergência em direção à meta] e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária”, escreveu.
O comitê destacou que a incorporação de cenários, como a dinâmica fiscal ou o cenário externo, “se dá por meio de seus impactos na dinâmica prospectiva de inflação, sem relação mecânica com a determinação da taxa de juros”.
Na última quarta-feira (13/12), o Copom anunciou a redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,25% para 11,75% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove membros do colegiado do BC na última reunião de 2023.
Esse foi o quarto corte consecutivo na mesma intensidade, conforme estratégia adotada pelo Copom desde o início da flexibilização de juros, em agosto. A taxa básica atingiu o menor patamar desde março de 2022, quando estava fixada em 10,75% ao ano.
O comitê também se comprometeu a manter o mesmo ritmo de queda da Selic nas próximas reuniões, ou seja, pelo menos nos dois primeiros encontros de 2024, agendados para os dias 30 e 31 de janeiro e 19 e 20 de março.
(Nathalia Garcia/Folhapress)