Vai usar o 13º para pagar as contas de janeiro? Veja como se planejar
Um dos personagens mais aguardados do fim do ano para o trabalhador CLT é o 13º salário. A segunda parcela do benefício deve ser paga até esta quarta-feira (20). Essa grana extra é o que ajuda, muitas vezes, nas compras de presentes, na ceia de Natal e até mesmo como reserva financeira para as despesas de janeiro.
Mas para fazer o dinheiro se “multiplicar”, é preciso ter o controle financeiro muito bem feito. Veja a seguir o que os especialistas recomendam para aproveitar o décimo terceiro, fazer as compras de Natal e ainda garantir o pagamento das despesas de começo do ano:
Orçamento apertado? Organize quais contas serão pagas no início do ano
De acordo com o administrador de empresas e especialista em finanças pessoais João Victorino, quem tem pouco orçamento precisa planejar as contas a pagar nos meses de janeiro e fevereiro. “Por exemplo, descobrir o valor destas despesas e, ao receber o décimo terceiro, deixar guardado o máximo possível para estas finalidades nos primeiros meses do ano”, diz. Ele lembra ainda de, no caso de material escolar, buscar descontos e promoções.
Já o planejador financeiro e especialista em finanças Marlon Glaciano lembra que, para quem vai receber um pouco mais de um salário mínimo como décimo terceiro, por exemplo, é importante analisar se as despesas anuais como IPTU, material escolar e renovação escolar fazem sentido como pagamento de forma anual (uma única parcela) ou se essas despesas devem ser projetadas ao longo do ano (parcelamento).
“Para quem não se planejou é importante entender se fracionar essa despesa ficará mais fácil dentro do fluxo financeiro, levando em consideração que nesse período do ano temos muitas despesas extras. Além disso e dos impostos, é importante levar em consideração todo o planejamento financeiro para que a pessoa não precise tomar um crédito, isto é, fazer um empréstimo”, diz Glaciano.
Cuidado ao separar despesas pagas à vista e no cartão de crédito
Muita gente divide as despesas entre o que pode ser pago com dinheiro, usando o 13º, e o que pode ser pago com cartão de crédito. Mas essa estratégia também precisa ser muito bem pensada.
Para Victoriano, separar as despesas entre o que pode ser pago à vista ou no cartão terá benefícios apenas se a pessoa se planejar com antecedência. “Sob a minha ótica, pagar com dinheiro ou com cartão não faz muita diferença”, diz.
Já o planejador financeiro e especialista em finanças Marlon Glaciano acredita que, com inteligência financeira, é possível obter vantagens com o cartão de crédito, usando programas de pontos das operadoras dos cartões, por exemplo. “Quando você tem inteligência financeira você consegue utilizar o cartão gerando uma pontuação que pode ser revertida em produtos ou benefícios e até mesmo em dinheiro”, diz.
“O fato de utilizar o 13º à vista ou não é uma decisão muito pessoal para quem não tem um controle ainda do fluxo financeiro. Pode ser que seja interessante utilizar o dinheiro em espécie, evitando a contração de uma nova dívida que vai gerar uma bola de neve”, avalia Glaciano.
Cuidado com as compras “por impulso”
Fim de ano é também uma “tentação” para muita gente. Diversas lojas fazem promoções, shoppings ficam lotados e a ideia de um dinheiro extra, como o 13º, faz com que muita gente gaste mais do que deveria. Mas é preciso cautela, segundo Victoriano.
“Para quem quer gastar tudo e mais um pouco no final do ano, nossa recomendação é: repense um pouco suas ideias. Repense um pouco esse formato. Veja se este é o caso de realmente fazer isso. Nós defendemos que as pessoas gastem menos do que ganham sempre”, orienta.
Já Glaciano pede cuidado na compra de presentes. “O ponto mais importante para o fim do ano é entender que nada mudou e você tem uma rota financeira e um planejamento financeiro a seguir. Então, se você tiver muitas coisas para comprar, faça uma lista e priorize em relação a sua capacidade financeira, principalmente em relação aos presentes. Lembre-se de que presente caro não é sinônimo de presente bem sucedido”, diz.
Planeje o ano inteiro
Apesar de o 13º salário ser uma “mão na roda” na hora de pagar as despesas de dezembro e janeiro, fazer um planejamento ao longo do ano é o melhor caminho, na visão dos especialistas.
João Victorino lembra que é muito importante ter uma reserva e saber como gastar mês a mês, e não esperar o 13º ou fim do ano para se planejar. “Ao longo do meses, separe um pouquinho para pagar essas contas de início de ano. A gente recomenda que as pessoas tenham tanto a reserva de emergência (que é aquela provisão para ocasiões de força maior na família), como também construam outras reservas para atingir demais objetivos”, diz Victoriano.
“Isto deve ser um mantra, deve ser um hino, deve ser uma coisa que a pessoa precisa repetir todos os dias para ela: se eu ganho 100, eu gasto 90. Se eu ganho 1.000, gasto 800. Se eu ganho 10 mil, eu tenho que gastar no máximo 9.000 ou 9.500. Sempre tem que fazer sobrar para se ter uma vida financeira feliz”, frisa.
Marlon Glaciano lembra que o começo do ano é hora de botar “na ponta do lápis” as despesas mensais. “A principal dica para quem tem muitas contas para pagar no início do ano é sempre fazer uma reflexão. Mais do que isso, partir para ação. Você pode fazer uma lista de despesas e considerar o nome da despesa e o valor. Classifique-as em obrigatória e não obrigatória. Após classificá-las, entenda se existe alguma possibilidade de redução ou exclusão”, orienta. “É importante ter, no máximo, 70% da sua receita comprometida todo mês para que você tenha uma sobra financeira”, sintetiza.
Fonte: O Tempo