Doenças Raras: quais são e a importância do teste do pezinho para diagnóstico
O acesso ao diagnóstico correto de doenças raras é um caminho difícil para muitos pacientes. Do ponto de vista médico, o mapeamento dessas patologias envolve processos desafiadores. No entanto, nesta data em que é celebrado o Dia Mundial das Doenças Raras, alguns avanços da ciência e saúde nesse sentido precisam ser considerados. É o caso da ampliação do número de doenças rastreadas pelo conhecido teste do pezinho, realizado a partir do sangue coletado do calcanhar do recém-nascido.
Em Minas, desde 30 de janeiro deste ano, mais três condições raras passaram a ser identificadas pelo programa Estadual de Triagem Neonatal (PTN-MG), realizado pelo teste do pezinho. Na mesma data, por meio do exame foi registrado o primeiro caso de uma criança diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME). Atualmente, o número total de identificações de doenças pelo teste chega a 15, e segundo o Estado, a expectativa é que até o final de 2024, o procedimento seja capaz de diagnosticar cerca de 60 doenças.
Segundo o diretor médico do Laboratório DLE do Grupo Fleury, Armando Fonseca, o teste do pezinho é um dos instrumentos mais importantes para o diagnóstico precoce das doenças raras. “Uma criança após 48 horas de vida, já está apta a fazer o exame e ele deve ser feito até 5 dias após o nascimento. Esse teste, que auxilia para que medidas preventivas sejam tomadas a tempo, evoluiu muito nas últimas décadas, a nível de tecnologia e de números de doenças detectadas. E isso tem um enorme impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes, no bem-estar das famílias e também na economia em saúde no país.”
Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), é classificada como doença rara a condição que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 para cada 2 mil pessoas. No Brasil, estima-se que cerca de 13 milhões de pessoas sejam afetadas por essas patologias. As doenças raras são caracterizadas pela diversidade de sinais e sintomas e variam não só de doença para doença, mas também de pessoa para pessoa. Geralmente elas são crônicas, progressivas e incapacitantes, podendo ser degenerativas e também levar à morte
Conheça as 15 doenças triadas atualmente pelo teste do pezinho realizado no SUS em Minas:
- Hipotireoidismo congênito
- Fenilcetonúria
- Doença falciforme
- Fibrose cística
- Deficiência de biotinidase
- Hiperplasia adrenal congênita
- Toxoplasmose congênita
- Atrofia Muscular Espinhal (AME)
- Imunodeficiência Combinada Grave (SCID)
- Agamaglobulinemia (AGAMA)
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa (VLCADD)
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia longa (LCADD)
- Deficiência de proteína trifuncional – DPTC
- Deficiência primária de carnitina – DPC
- Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia média (MCADD)
Dia das Doenças Raras
A data foi criada em 2008 pela Organização Europeia de Doenças Raras (Eurordis), e é celebrada em 28 de fevereiro ou 29 em anos bissextos — o dia mais raro do ano. O objetivo é sensibilizar governantes, profissionais de saúde e população sobre a existência e os cuidados com essas doenças. Além disso, o dia é visto como uma oportunidade para buscar apoio aos pacientes e incentivo às pesquisas para melhorar o tratamento. No Brasil, a data foi instituída pela Lei nº 13.693/2018.
Confira algumas das doenças consideradas raras:
- Acromegalia;
- Anemia aplástica, mielodisplasia e neutropenias constitucionais;
- Angioedema;
- Aplasia pura adquirida crônica da série vermelha;
- Artrite reativa;
- Biotinidase;
- Deficiência de hormônio do crescimento – hipopituitarismo;
- Dermatomiosite e polimiosite;
- Diabetes insípido;
- Distonias e espasmo hemifacial;
- Doença de Crohn;
- Doença falciforme;
- Doença de Gaucher;
- Doença de Huntington;
- Doença de Machado-Joseph;
- Doença de Paget – osteíte deformante;
- Doença de Wilson;
- Epidermólise bolhosa;
- Esclerose lateral amiotrófica;
- Esclerose múltipla;
- Espondilite ancilosante;
- Febre mediterrânea familiar;
- Fenilcetonúria;
- Fibrose cística;
- Filariose linfática;
- Hemoglobinúria paroxística noturna;
- Hepatite autoimune;
- Hiperplasia adrenal congênita;
- Hipertensão arterial pulmonar;
- Hipoparatireoidismo;
- Hipotireoidismo congênito;
- Ictioses hereditárias;
- Imunodeficiência primária com predominância de defeitos de anticorpos;
- Insuficiência adrenal congênita;
- Insuficiência pancreática exócrina;
- Leucemia mielóide crônica (adultos);
- Leucemia mielóide crônica (crianças e adolescentes);
- Lúpus eritematoso sistêmico;
- Miastenia gravis;
- Mieloma múltiplo;
- Mucopolissacaridose tipo I;
- Mucopolissacaridose tipo II;
- Osteogênese imperfeita;
- Púrpura trombocitopênica idiopática;
- Sarcoma das partes moles;
- Síndrome hemolítico-urêmica atípica (Shua);
- Síndrome de Cushing;
- Síndrome de Guillain-Barré;
- Síndrome de Turner;
- Síndrome nefrótica primária em crianças e adolescentes;
- Talassemias;
- Tumores neuroendócrinos (TNEs).
Fonte: O Tempo