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Dia Mundial do Fígado é lembrado em 19 de abril; impacto das doenças hepáticas é crescente

Redação19 de abril de 20249min0
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Maior glândula do corpo, o fígado tem funções essenciais para o funcionamento adequado do organismo; doenças podem ser evitadas

O Dia Mundial do Fígado é lembrado nesta sexta-feira, 19 de abril. A data tem como objetivo destacar o impacto crescente das doenças hepáticas e a necessidade de conhecimento e políticas de saúde pública em todo o mundo.

Como a maior glândula do corpo, o fígado tem funções essenciais para o funcionamento adequado do organismo. Entre elas estão o metabolismo da glicose; metabolismo proteico; armazenamento de vitamina e minerais; metabolismo de medicamentos; eliminação de toxinas; produzir proteínas, entre outras.

‘Um bom exemplo é, quando ao ingerir um alimento que não está bom para consumo ou álcool em excesso, o fígado funciona como uma barreira para impedir que a toxicidade passe para o resto do corpo. Em consequência, ele sofre um dano, uma lesão. Mas tem a capacidade de se regenerar’, explica Maria de Fátima Leite, professora do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG.

Doenças hepáticas

Quando o fígado funciona como ‘barreira’ constantemente ele perde a capacidade regenerativa e, com isso, surgem as doenças hepáticas. Entre elas estão:

  • HepatitesInflamação do fígado. Pode ser viral (hepatites A, B, C, D e E), alcoólica ou autoimune (provocada pelo sistema imunológico do próprio indivíduo).
  • Doença do fígado gorduroso ou Esteatose hepática: acúmulo de gordura no fígado, que pode ser genética ou causada por alcoolismo;
  • Cirrose: caracterizada pela substituição do tecido do fígado por fibrose. Pode ser causada por alcoolismo ou pelo avanço de outras doenças hepáticas, como hepatite B e C e esteatose.
  • Insuficiência hepática aguda: é uma diminuição rápida da função do fígado, o que pode ser fatal. Geralmente é causada por envenenamento, principalmente por meio de medicamentos em altas doses e contato com substâncias tóxicas. Também pode surgir como uma complicação de outras doenças hepáticas.
  • Câncer de fígado

Doenças no fígado são mais difíceis de diagnosticar?

Segundo a especialista Maria de Fátima, as doenças hepáticas não são mais difíceis de diagnosticar em comparação a outras. Há, sim, a falta de estratégias.

‘As doenças são de evolução muito lenta e há falta estratégias de diagnóstico para casos mais iniciais. Então o método padrão para diagnosticar algumas das doenças hepáticas, por exemplo, envolve biópsia, que retira um pedaço do tecido hepático. Esse é um método extremamente invasivo e você não indica isso para qualquer pessoa que está com um pouco de alteração pelos exames bioquímicos, então muitas vezes o diagnóstico é feito de forma tardia e às vezes já passou da hora de fazer alguma intervenção’, explica.

Em 2021, o Brasil apresentou um cenário grave. Cerca de 20% das pessoas que foram internadas por doenças hepáticas morreram, uma quantidade muito superior ao que se observa na América do Norte e na Europa.

Estudo indica situação do Brasil

Um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais coordenado pelo professor André Oliveira e pela professora Maria de Fátima fez um levantamento do perfil das doenças hepáticas no Brasil, nas duas últimas décadas. A pesquisa teve apoio do Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) Nanobiofar.

A pesquisa do Departamento de Fisiologia e Biofísica da UFMG usou a plataforma DATASU para realizar um recorte por sexo, raça, número de hospitalizações, mortes, tempo de permanência do paciente no hospital e o custo de internações. ‘Tudo isso levando em conta que as cinco macrorregiões geográficas do Brasil: Norte; Nordeste; Sul; Sudeste e Centro-Oeste. E o que nós verificamos é que as doenças hepáticas no país são heterogêneas, variam com gênero, raça e região’, explica Maria de Fátima Leite.

A principal conclusão da pesquisa, que será publicada The Lancet Regional Health Americas, é que o cenário da progressão das doenças hepáticas no Brasil é grave.
‘A notícia boa que vem junto é que nós temos maneiras para suavizar este problema e isso graças a este levantamento de perfil. O que vai permitir fazer, junto com o Ministério da Saúde, campanhas mais assertivas visando prevenir o avanço dessas doenças no país’, ressalta.

Os pesquisadores já apresentaram os dados preliminares do estudo para o Ministério da Saúde, no setor de doenças hepáticas infecciosas e não infecciosas.

Intervenção e prevenção

Segundo Maria de Fátima Leite, as intervenções precoces no diagnóstico poderiam solucionar o impacto das doenças hepáticas no Brasil, que podem ser evitadas.

Uma pesquisa liderada pela professora em 2019, identificou uma molécula que aparece em diversos casos de câncer do fígado e que pode servir como indicador de risco de desenvolvimento da doença, abrindo caminho para o seu diagnóstico precoce. ‘Ela parece ser um marco universal’, afirma a professora.

A presença da molécula não necessariamente confirma o diagnóstico de câncer, mas, quando identificada, pode ajudar na prevenção, fazendo com que o paciente elimine hábitos que aumentem o seu risco, como o consumo excessivo de álcool e de alimentos gordurosos.

‘Podemos nos perguntar porque tem esse avanço crescente das doenças hepáticas e porque podem superar a taxa de mortalidade de outras doenças, como cardíaca. A resposta é porque o fígado é um órgão negligenciado‘, ressalta.

Segundo a professora, a falta de financiamento para pesquisa científica e diagnóstico resulta na alta mortalidade das doenças hepáticas.

‘Se fizemos o diagnóstico precoce de alguma doença do fígado nós conseguimos radicalmente reverter esse cenário’, conlcui.

Fonte: Itatiaia

Redação


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