Vacina da UFMG contra a Covid-19 poderá ser disponibilizada no segundo semestre de 2025
A vacina contra Covid-19 desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a SpiN-TEC, poderá ser disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir do segundo semestre de 2025. Isso porque o imunizante vai entrar na última fase de ensaios clínicos. A vacina é a primeira contra o coronavírus desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente brasileiros.
“Concluímos no mês passado a penúltima etapa para a vacina ser registrada e, agora, estamos organizando os resultados para encaminhar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com a expectativa de que ela aprove. Do ponto de vista da segurança, nós já temos os resultados e não tivemos problema algum. Agora, analisamos a resposta imunológica contra o vírus. Dando tudo certo, começaremos a fase três neste segundo semestre”, afirma o pesquisador do CT Vacinas da UFMG e coordenador do estudo, Ricardo Gazzinelli.
Na fase 3, conforme explica o pesquisador, o imunizante é produzido exatamente da mesma forma como será produzido para produto comercial. “É um teste com milhares de pessoas [em torno de 4 mil voluntários]. Dando tudo certo nessa última etapa, já partimos para o registro da vacina, que tem como alvo principal o Sistema Único de Saúde (SUS), que cuida da saúde pública brasileira. Vamos mostrar que somos capazes de fornecer um imunizante para o sistema de saúde que também vai representar uma economia para o país, porque, ao invés de importar vacinas, vamos produzir aqui mesmo”.
‘Vacina no braço’
A previsão é de que os estudos clínicos da fase 3 da SpiN-TEC durem entre nove meses e um ano. “A expectativa é de que, dando tudo certo, no meio do ano que vem, no segundo semestre, nós já teremos a vacina registrada e ela possa ser aplicada”.
O imunizante brasileiro contra a Covid-19 tem características próprias que poderão, segundo Gazzinelli, proporcionar a cobertura vacinal de ainda mais pessoas. “A SpiN-TEC é uma vacina que, ao contrário das usadas atualmente, você consegue manter em temperatura de geladeira por mais de um ano e em temperatura ambiente por até um mês. Ela será uma vacina mais fácil de distribuir para regiões mais remotas do país”, diz.
Além do Brasil, a vacina poderá ser utilizada até mesmo em outros países, conforme sugere o pesquisador. “Talvez consigamos também a distribuição internacional. Vai depender muito da comparação dela com os imunizantes já existentes”, complementa.
A vacina SpiN-TEC usa a fusão de duas proteínas do SARS-CoV-2, S e N, para formar uma proteína “quimera”. Segundo os desenvolvedores, essa associação confere à SpiN-TEC um diferencial em relação aos demais imunizantes, que miram apenas a proteína S, por ser aquela que o vírus utiliza para invadir as células humanas.
Fonte: O Tempo