Casos de Coqueluche em Minas neste ano já são o triplo do registrado em todo 2023
Tosse seca, nariz escorrendo e febre são alguns sintomas confundidos com uma gripe, mas que podem estar ligados à coqueluche. A doença deixa em alerta as autoridades de saúde em Minas Gerais, que já registraram, de janeiro a julho deste ano, 49 casos. O número é o maior dos últimos seis anos e já supera em três vezes os casos confirmados nos 12 meses de 2023 (14).
O aumento registrado em Minas segue uma tendência observada no Brasil. No país, a média de diagnósticos por mês mais que dobrou desde o ano passado, subindo de 18 para 37. Nos 12 meses de 2023, foram 217 diagnósticos contra 240 de janeiro a julho de 2024.
Transmitida pelo ar, em gotículas de saliva, a bactéria causadora da coqueluche é a grande preocupação para pais de crianças com até 1 ano, casos em que a doença pode evoluir para quadros graves. Professora da Faculdade de Medicina da UFMG, Carolina Lins avalia que o aumento dos casos pode estar relacionado à baixa cobertura vacinal. “É lamentável, porque é um país que, historicamente, sempre foi muito aberto à imunização. Nos últimos anos, a eficácia das vacinas tem sido colocada em questionamento, e isso está influenciando as pessoas”, afirma.
Segundo a especialista, em adultos, os casos não costumam ser graves, tendo somente a tosse persistente como principal incômodo. Já em crianças, a doença pode levar a complicações. Apesar disso, desde 2021, não há registros de óbitos pela doença, segundo o Ministério da Saúde.
Cobertura
Em Minas, segundo informações da Rede Nacional de Dados em Saúde, a cobertura vacinal em 2024 (até abril) da pentavalente em menores de 1 ano foi de 80,13%, e a da vacina tríplice bacteriana (DTP) em crianças de 15 meses, de 74,90%. A meta para as duas vacinas é 95%. Em 2023, a cobertura para as duas vacinas ficou abaixo da meta. A pentavalente ficou em 87,57%, e a DTP (primeiro reforço) ficou em 80,84%.
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais afirmou que está buscando formas de ampliar a imunização do público infantil e recomenda que adultos trabalhadores da saúde, especialmente da área de ginecologia, e trabalhadores de creches e berçários sejam vacinados. “Em caso de sinais e sintomas, busque assistência para avaliação de um profissional de saúde, sempre se atentando para manter as medidas de boas práticas e higiene onde estiver”, disse a pasta em nota enviada a O Tempo.
Já o Ministério da Saúde informou que há uma onda global de aumento de casos, mas que, no Brasil, a doença está controlada.
Entenda a doença
Os sintomas da coqueluche costumam aparecer em três fases:
Fase catarral (1 a 2 semanas):
– Nariz escorrendo (Coriza)
– Febre baixa
– Espirros
– Tosse leve e ocasional com aumento gradual que segue a próxima fase
Fase paroxística (2 a 6 semanas):
– Tosse intensa e rápida, que pode durar vários minutos
– Tosse com um som característico de “guincho” ao final
– Vômitos após os episódios de tosse
– Fadiga extrema após os episódios de tosse
Fase de convalescença (semanas a meses):
– Redução gradual da tosse
– Episódios de tosse podem reaparecer com a instalação de outras infecções respiratórias
Tratamento:
Após a confirmação do diagnóstico com exames clínicos e laboratoriais, o tratamento é feito com antibióticos. Além de repouso, hidratação adequada e medicamentos para aliviar os sintomas. É indispensável a manter o paciente isolado até o término do antibiótico para evitar a propagação da doença.
Transmissão:
A transmissão da coqueluche ocorre, principalmente, pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar.
Esquema vacinal:
Três doses da tríplice bacteriana: aos dois, aos quatro e aos seis meses de idade. Depois, uma dose de reforço aos 15 meses e um segundo reforço aos quatro anos. Gestantes também devem receber a vacina a partir da 20ª semana de gestação para proteger o bebê
A vacina para adultos não está disponível pelo Sistema Único de Saúde, com exceção de gestantes e trabalhadores da saúde
O imunizante pode ser adquirido no serviço privado, por cerca de R$ 200, e a imunização dura de cinco a 10 anos.
Fonte: O Tempo