AMM denuncia falta de sete tipos de vacinas em MG e teme surto de coqueluche após morte de bebê
Três dias após a divulgação da morte de um bebê de um mês e 23 dias em decorrência da coqueluche em Minas Gerais, a Associação Mineira de Municípios (AMM) enviou um ofício cobrando informações do Ministério da Saúde em relação à escassez de algumas vacinas no Estado. Conforme apurado pela associação, estão em falta sete imunizantes: tríplice viral, hepatite A, febre amarela, varicela (catapora), raiva em cultura celular/vero, meningocócica conjugada grupo C e meningocócica conjugada ACWY. O documento foi assinado pelo presidente da AMM, Marcus Vinicius, que também é médico e prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. O Ministério de Saúde e a Secretária de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) foram demandados, mas se posicionaram sobre o assunto até a publicação desta matéria.
O presidente garantiu que, em alguns locais, a falta de imunizantes já chega a 90 dias. A partir desta quarta-feira (3 de setembro), a AMM vai realizar um levantamento para mapear quais vacinas estão faltando nos 853 municípios do estado. “O risco iminente é de um surto de coqueluche ou de sarampo, por exemplo”, diz o médico. No último dia 30 de agosto, O TEMPO mostrou que o número de casos de coqueluche aumentou em Minas Gerais — saltou de 14, em todo o ano de 2023, para 121 nos primeiros meses deste ano.
A morte do bebê em Poços de Caldas, no Sul de Minas, ocorreu após cinco anos sem registros de óbito em decorrência da doença no Estado — o último foi registrado em 2019. A prefeitura da cidade do Sul de Minas lamentou o ocorrido e ressaltou a importância da imunização. “Reforçamos a importância da vacinação para prevenir a coqueluche, destacando a necessidade de manter as crianças vacinadas conforme as recomendações do calendário nacional”, ressaltou o Executivo municipal.
Ainda de acordo com Marcus Vinicius, em Coronel Fabriciano há falta de três imunizantes: tríplice viral, e as vacinas que previnem meningite e febre amarela. “Se, nos próximos dias, houver muita procura, teremos falta da vacina contra o tétano. Nosso calendário (de vacinação) virou um queijo suíço; é mais fácil perguntar quais vacinas estão disponíveis nos postos. O trabalho de três décadas (de imunização) pode ser perdido. A gente não via mais casos de coqueluche e sarampo”, salientou o presidente da AMM. Segundo o censo de 2022, Coronel Fabriciano tem 104.736 habitantes.
Baixa procura por vacinas no Estado
O infectologista Leandro Curi considera que a disponibilização de vacinas é dever do Estado e deve ser cumprida. Imunizantes para a Mpox, por exemplo, estão em falta no país. “É uma vacina que eu prescrevo e sei que está em falta, mas o Brasil já entrou na fila (para a compra)”, disse. Além disso, o especialista alerta para a necessidade das pessoas também manterem o cartão de vacinação em dia. “É fundamental o cidadão ir se vacinar, porque a vacinação previne a doença para si e a transmissão para o outro. Lembrar que a gente mora em sociedade, somos cidadãos e convivemos com pessoas, então podemos ser o agente da doença do outro, assim como podemos ser o agente da nossa própria doença se não nos prevenirmos”, explica o médico.
Ele explica que, para muitas doenças, o ideal é que a cobertura vacinal seja de 95% do público-alvo — como no caso da coqueluche. Em Minas Gerais, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a cobertura da vacina pentavalente (que imuniza contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B) é de 83,50%. Já a cobertura da vacina tríplice bacteriana (DTP), que imuniza contra a difteria, tétano e coqueluche, é de 83,73%. Ou seja, em ambos os casos, a cobertura vacinal não está dentro do ideal. Com relação à vacina DTP, a pasta reconheceu que há escassez no estado e que a regularização ocorreria durante o mês de setembro.
Fonte: O Tempo