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Chuva em MG é efeito do ‘descontrole’ climático que causa o Milton; incêndios vão facilitar desastre

Redação11 de outubro de 20246min0
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Minas tem mais de 580 mil pessoas morando em áreas de risco; solo queimado impede absorção da água

chuva que atinge Minas Gerais após a maior seca das últimas quatro décadas já chega desregulada. As precipitações, há quase seis meses ausentes na maioria do Estado, são resultado de um processo de aceleração das mudanças climáticas que veio para ficar. O alerta é da ambientalista e especialista em recursos hídricos, Jeanine Oliveira. Segundo ela, os mineiros estão fadados à dualidade do calor extremo seguido das tempestades – efeito do mesmo aquecimento dos oceanos que provoca o furacão Milton nos Estados Unidos, além de outros dois ciclones simultâneos no Atlântico Norte. “Uma hora estamos preocupados, cozinhando de calor, e outra hora estamos preocupados se não vamos morrer em uma enchente ou um deslizamento de terra”, diz Oliveira.

A ambientalista explica que os fenômenos climáticos do Brasil costumam acompanhar o mesmo cenário de “descontrole” da América do Norte, com um “atraso” semestral e alinhados com as características do país. O aquecimento da temperatura, a seca e o avanço dos incêndios florestais aconteceram tanto no hemisfério Norte quanto no Sul. “Nos Estados Unidos, secou tudo. Eles tiveram grandes incêndios, como aqui. O Milton foi gerado pelo recorde de calor nas águas do Golfo do México. Uma parte dele desce até a Cordilheira dos Andes, e vem para o Brasil. Essa chuva que chegou já é resultado desse descontrole do clima”, afirma.

Minas Gerais foi o Estado mais afetado pelo aquecimento das cidades no ano passado – o ano mais quente da história do Brasil – tendo 19 das 20 cidades com maiores aumentos de temperatura. O dado do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) elenca Belo Horizonte como a capital que mais “esquentou”. No mês de novembro de 2023, houve uma elevação de 4,23º C em relação à média para o mês com base em dados coletados desde 2000.

O clima desregulado têm efeito no aumento da seca e em precipitações mais intensas e rápidas. “Estamos vivendo um quadro instável. O aquecimento provoca nuvens típicas de tempestades, que podem inclusive desenvolver granizo. Essas chuvas que chegaram dão início ao período chuvoso e são favorecidas pela circulação intensa dos ventos”, explica Claudemir Azevedo, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Azevedo analisa que as principais regiões em risco para chuvas intensas, em Minas Gerais, são Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Oeste e Noroeste do Estado. Segundo a previsão, a princípio, Minas vai receber pancadas de chuvas de alta intensidade em um curto espaço de tempo. “Depois, em novembro e dezembro, vão acontecer aquelas chuvas contínuas, que duram cerca de três dias direto”, continua.

Minas tem mais de 580 mil pessoas morando em áreas de risco, e situação do solo após incêndios florestais é problema

Segundo o levantamento do Estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB), Minas Gerais tem 582 mil pessoas que vivem em áreas de risco geológico, com possibilidade de deslizamentos de terra. Na capital, só neste segundo dia de chuva consecutiva após a seca, a região do Barreiro entrou em alerta de “risco geológico forte”. “Recomenda-se atenção no grau de saturação do solo, sinais construtivos e cuidados com quedas de muros, deslizamentos e desabamentos”, informou a Defesa Civil Municipal.

Um dos pontos de risco deste período chuvoso, conforme a ambientalista Jeanine Oliveira, é a situação do solo após uma série de queimadas em Unidades de Conservação (UC) do Estado e nas vegetações nas cidades. O Corpo de Bombeiros chegou a anunciar quase 300 incêndios em 24 horas no mês de setembro. Esta quinta (10), foi a chuva que cessou o fogo na Serra da Moeda, na região Central do Estado. A vegetação queimou por quatro dias consecutivos.

“Houve uma degradação do solo, que foi queimado. Assim, quando chove, causa deslizamento de terra seguido de alagamento. O solo está descoberto. Quando você tem vegetação, o verde absorve a água, e as raízes das plantas favorecem a infiltração dessa chuva. Sem raízes, sem mato, a água vai escorrer em maior quantidade e rapidamente vai se acumular no fundo do vale, contribuindo para enchentes”, alerta.

Fonte: O Tempo

Redação


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