Infecção urinária toda hora? Seu corpo está pedindo socorro!
Ardência para urinar, dor na bexiga, urgência para ir ao banheiro e aquela sensação de que a urina não foi toda embora. Se você já passou por isso mais de uma vez, sabe o quanto uma infecção urinária pode ser incômoda. Mas quando os episódios se tornam frequentes, é hora de parar de tratar apenas os sintomas e encarar o problema de frente.
Infecção urinária de repetição não é normal. E, mais importante: não é culpa sua. Muitas mulheres lidam com esse problema por anos, tentando se adaptar com chás, antibióticos e mudanças na higiene íntima, sem saber que há causas ocultas por trás e, sim, existe solução definitiva na maioria dos casos.
“Quando a mulher tem três ou mais episódios de infecção urinária no ano, já consideramos como infecção recorrente. A partir daí, é essencial investigar a causa com profundidade. O corpo está tentando comunicar que algo está errado, e o urologista é quem pode ouvir esse pedido de socorro com a atenção que ele merece.”
— Dr. Alexandre Sallum Bull, urologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
O que é infecção urinária de repetição?
É quando a mulher tem infecções recorrentes do trato urinário, geralmente causadas por bactérias, em especial a Escherichia coli, que vive naturalmente no intestino e pode chegar à uretra. Em casos de repetição, o problema pode envolver fragilidade da flora vaginal, alterações anatômicas, questões hormonais ou comportamentais.
Atenção aos números:
1 em cada 5 mulheres que já teve uma infecção urinária terá outro episódio em menos de 6 meses.
Se acontecer 3 vezes em 12 meses ou 2 vezes em 6 meses, o quadro já é considerado de infecções recorrentes e exige investigação médica detalhada.
Causas além da higiene íntima: o que pode estar por trás das infecções recorrentes?
A higiene íntima inadequada costuma levar a culpa, mas, na maioria dos casos, o problema vai muito além disso. Aqui estão as causas mais comuns que um urologista precisa investigar:
Alterações da flora vaginal
O uso excessivo de sabonetes íntimos, duchas vaginais, antibióticos e até anticoncepcionais pode desequilibrar a microbiota natural da vagina, facilitando a entrada de bactérias no trato urinário.
Menopausa e queda de estrogênio
A baixa hormonal causa afinamento e ressecamento da mucosa uretral e vaginal, deixando a região mais vulnerável a infecções. Muitas mulheres começam a ter infecções urinárias de repetição justamente após os 45-50 anos.
Atividade sexual
A relação sexual pode empurrar bactérias da região anal ou vaginal para a uretra. O risco aumenta se houver lubrificação inadequada, uso de espermicidas ou histórico de baixa imunidade.
Anatomia favorável
Ala uretra feminina é mais curta alem disso algumas mulheres tem a bexiga com esvaziamento incompleto ou alterações congênitas que favorecem a permanência de bactérias na região.
Problemas intestinais e constipação
O intestino preso aumenta a proliferação de bactérias e eleva o risco de contaminação urinária, especialmente se houver distensão intestinal crônica.
Uso crônico de antibióticos sem cultura
Cada novo episódio tratado de forma genérica pode estar criando resistência bacteriana, tornando os quadros mais difíceis de curar e mais propensos a reaparecer.
O impacto das infecções recorrentes na saúde e na vida da mulher
Não é só incômodo: as infecções repetidas causam danos físicos e emocionais reais. Entre os principais impactos estão:
- Cansaço físico e mental
- Falta de libido e insegurança nas relações
- Queda na imunidade e risco de infecção renal (pielonefrite)
- Uso frequente de antibióticos, que alteram o intestino e a flora vaginal
- Medo constante de sentir dor ou ter uma nova crise
“Muitas pacientes se sentem culpadas ou começam a se privar de viver com liberdade: evitam viagens, relações sexuais, até saídas mais longas. Isso vai minando a autoestima e a saúde mental, quando na verdade o problema tem solução e nem sempre é medicamentosa,” reforça o Dr. Alexandre Sallum.
Como o urologista pode resolver o problema?
O tratamento começa com uma escuta atenta e uma investigação precisa. O urologista irá avaliar hábitos de vida, histórico ginecológico, função intestinal, uso de medicamentos e, claro, os exames adequados, como:
– Urocultura com antibiograma
– Ultrassom do trato urinário
– Estudo urodinâmico (se houver suspeita de alteração funcional da bexiga)
– Avaliação hormonal (em mulheres no climatério)
– Cistoscopia (em casos complexos ou suspeita de alteração anatômica)
Tratamentos possíveis:
– Ajuste na flora vaginal e urinária com probióticos;
– Reposição hormonal local (estrogênio intravaginal);
– Terapia antibiótica preventiva ou pós-relação sexual
– Reposição de mucosa com ácido hialurônico vaginal ou laser íntimo;
– Melhora do hábito intestinal com suplementação e ajustes alimentares;
– Imunoterapia oral com vacinas específicas contra E. coli (tratamentos inovadores e preventivos).
Se o problema volta, ele nunca foi resolvido.
“Infecção urinária recorrente não é “azar”, nem “frescura”, nem algo que a mulher deva aprender a conviver. É um sinal claro de que algo está desequilibrado e isso merece atenção, diagnóstico correto e tratamento definitivo.”. finaliza o Dr. Alexandre Sallum Bull.
Dr. Alexandre Sallum Bull CRM 129592
Médico Urologista
Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)