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Sonho americano? Morar nos EUA pode ser até 230% mais caro que no Brasil

Redação2 de maio de 20258min0
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Levantamento mostra que brasileiros que moram em território norte-americano precisam desembolsar mais valores mensalmente para sobreviver

O chamado sonho americano é uma realidade histórica para muitos brasileiros que deixam o país rumo aos Estados Unidos em busca de melhores condições. Estima-se que cerca de 2 milhões de cidadãos, inclusive, tenham residência em território norte-americano, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores. Mas cruzar a fronteira pode não significar, diretamente, uma rotina mais tranquila.

Além da intensificação da rotina de deportações de imigrantes ilegais desde o início do governo Donald Trump, um estudo da plataforma Numbeo mostrou que o custo de vida nos Estados Unidos é, em média, 56,8% maior do que para viver no Brasil. Se considerados apenas os gastos com aluguel, o percentual sobe a 80,6%, conforme o levantamento. Quando analisados os dados das capitais dos dois países – Brasília e Washington DC – a diferença de valores fica ainda mais evidente.

No geral, morar na capital norte-americana pode representar um gasto quase 256% maior do que em Brasília, considerando os custos de aluguel. Os preços de alimentos em Washington, segundo a Numbeo, são 199,8% mais altos do que em Brasília, enquanto os valores em restaurantes nos Estados Unidos são 185,6% mais elevados. Por outro lado, de acordo com a pesquisa, o poder de compra em território estadunidense supera o da capital brasileira em 229,3%.

“Você precisaria de cerca de R$ 49.744,6 (US$ 8.852,0) em Washington, DC, para manter o mesmo padrão de vida que você pode ter com R$ 14.000,0 em Brasília – supondo que você alugue em ambas as cidades”, calculou a Numbeo. A professora da Universidade Vale do Rio Doce, doutora em ciências humanas e pesquisadora de assuntos migratórios, Sueli Siqueira, assinalou que o custo de vida mais alto nos Estados Unidos resulta em condições de vida vulneráveis dos brasileiros.

Ela relatou que em conversas com deportados, é possível identificar jornadas de trabalho exaustivas, que chegam a 16 horas em grande esforço físico, além de rotinas inadequadas de alimentação. No caso das moradias, além de mais caras, a pesquisadora citou condições precárias.

“Muitos alugam apartamentos para dividir com duas, três famílias, ou alugam um quarto em uma casa, enquanto no Brasil a pessoa morava em uma casa apenas com a família. Lá ele mora em um quarto de uma casa e ocupa apenas um quarto que os americanos não utilizam, porque é o local onde fica o aquecedor, onde ficam os equipamentos da casa. Então, o acesso à moradia é muito mais precário do que no Brasil, são locais insalubres”, frisou Sueli Siqueira.

A docente relatou que itens como celulares, carros seminovos e roupas acabam sendo mais acessíveis, em comparação ao Brasil. “Às vezes eles pensam que conseguem ir em restaurantes que no Brasil não conseguiam, mas comparativamente com as posições e os ganhos, o cidadão vivia até melhor no Brasil do que vive nos Estados Unidos, porém tem essa impressão e sensação de que tem acesso a coisas que aqui não teriam. Mas em compensação ele trabalha 12, 16 horas por dia  em condições insalubres, sem nenhuma segurança, sem nenhuma previdência. Então, ele não percebe tanto esse custo de vida, esse aumento do preço, de moradia”, citou a pesquisadora.

Sonho é histórico

A economista e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni, lembrou que a construção do chamado ‘sonho americano’ entre brasileiros começou em meados de 1945, quando os EUA saíram vitoriosos da Segunda Guerra, e com o dólar valorizado perante às outras moedas. No entanto, ela lembrou que nos últimos anos, há um movimento de empobrecimento da população estadunidense nos últimos 10 anos, com queda do poder de compra dos cidadãos.

No país, conforme a docente, a renda de uma família de quatro pessoas considerada pobre gira em torno de pouco mais de US$ 34,5 mil – cerca de R$ 195 mil na conversão para o Brasil. “É uma renda que é completamente incompatível com o nível de pobreza no Brasil. Então, para uma família americana de quatro pessoas, ela precisa ter muito para poder sair do patamar de pobreza. E isso tem a ver com o custo de vida da sociedade americana”, relatou Beni.

A economista confirmou que as diferenças de custo de vida entre os dois países têm relação com a depreciação do real frente ao dólar. “Então, quando você compara o real com o dólar, o Brasil é um país barato, entre aspas, nesse sentido. Nos Estados Unidos, para você poder viver, para você poder ter uma condição básica, você precisa de um valor maior para poder se alimentar, pagar o aluguel, os seguros devidos e tudo, porque você, por exemplo, não tem saúde pública gratuita”, frisou.

A tendência, na visão dela, é de um crescimento maior do custo de vida para imigrantes nos EUA, de acordo com Carla Beni, após as deportações de Donald Trump. Em alguns setores como construção civil e agricultura, a mão de obra é majoritariamente formada por cidadãos de outros países.

“Você retirar essas pessoas vai dar um problema com mão de obra muito grande, porque o americano precisaria querer se sujeitar a este trabalho para ganhar menos, porque a indústria americana, o construtor americano, ele se aproveita do imigrante ilegal para poder pagar menos. Isso também vai mudar a reconfiguração da própria lucratividade das empresas, porque se ela quiser contratar um serralheiro americano, ele não vai se sujeitar a receber o mesmo valor que o mexicano ilegal recebia”, exemplificou.

Fonte: O Tempo

Redação


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