Covid-19 tem nova variante sob monitoração

A variante NB.1.8.1 foi inicialmente identificada em janeiro de 2025, com a primeira amostra coletada na China. Desde então, seu número de casos vem crescendo, principalmente na região do Pacífico Ocidental.
O surgimento dessa variante está associado a uma linhagem derivada da recombinante XDV.1.5.1, apresentando alterações genéticas na proteína Spike do vírus, o que pode impactar suas propriedades biológicas.
Características genéticas e impacto na transmissibilidade
A proteína Spike é o componente do vírus que permite sua entrada nas células humanas e é o principal alvo dos anticorpos produzidos pelas vacinas e pelo sistema imune. Na variante NB.1.8.1, foram detectadas mutações importantes em três posições:
- Posição 445: Relacionada ao aumento da transmissibilidade viral, podendo facilitar a propagação mais rápida entre as pessoas.
- Posição 435: Associada a uma redução da eficácia dos anticorpos neutralizantes, o que pode diminuir a proteção do sistema imune.
- Posição 478: Contribui para a evasão imunológica, ou seja, a capacidade do vírus de escapar parcialmente da resposta imune, aumentando a chance de reinfecção.
Apesar dessas mutações, a OMS ressalta que o efeito dessas alterações ainda é considerado marginal em relação à variante LP.8.1, que vem perdendo espaço globalmente.
Risco global e avaliação da OMS
A Organização Mundial da Saúde avaliou o risco global da variante NB.1.8.1 e classificou-o como baixo. Essa avaliação considera que, mesmo com o aumento dos casos em certas regiões, as vacinas aprovadas continuam eficazes para prevenir formas graves da doença causadas por essa variante.
Além disso, os dados clínicos coletados até o momento não indicam que a NB.1.8.1 provoque quadros mais severos do que as variantes anteriores. O número de hospitalizações e casos graves permanece estável, sem evidências claras de aumento em unidades de terapia intensiva (UTI) ou em taxas de mortalidade.
Disseminação geográfica e crescimento da variante
Embora a variante NB.1.8.1 ainda esteja presente em número relativamente pequeno comparado às variantes anteriores, seu crescimento é significativo. Segundo dados do GISAID, em 18 de maio de 2025, 518 amostras desta variante foram sequenciadas em 22 países, representando cerca de 10,7% das sequências globais naquela semana epidemiológica.
O crescimento mais notável acontece na região do Pacífico Ocidental, onde a circulação da variante está associada a um aumento simultâneo de casos e hospitalizações. No entanto, a monitorização contínua não detecta mudanças significativas no perfil clínico dos infectados.
Implicações para a saúde pública e recomendações
A detecção e o crescimento da variante NB.1.8.1 reforçam a necessidade de manutenção das estratégias de vigilância epidemiológica global. Embora a OMS considere o risco baixo, é fundamental que os sistemas de saúde acompanhem a evolução da variante para identificar rapidamente qualquer alteração no comportamento do vírus.
- Vacinação: Continua sendo a principal ferramenta de proteção, já que as vacinas existentes mantêm eficácia contra essa variante.
- Monitoramento: A vigilância genômica deve ser intensificada para detectar novas mutações e tendências de disseminação.
- Medidas Preventivas: Uso de máscaras em ambientes fechados, higiene das mãos e distanciamento social ainda são recomendados, principalmente em áreas com aumento de casos.
A constante evolução do SARS-CoV-2 impõe um desafio contínuo para a ciência e as políticas de saúde pública. A variante NB.1.8.1, apesar do crescimento, não representa atualmente uma ameaça maior do que outras variantes do Omicron em circulação. No entanto, sua monitorização rigorosa é essencial para prevenir surpresas e adaptar estratégias rapidamente.
Pesquisas continuam sendo desenvolvidas para entender melhor o impacto das mutações específicas, inclusive em relação à resposta imune de vacinas e tratamentos. Além disso, avanços em terapias antivirais e imunomoduladores são fundamentais para ampliar o arsenal contra a Covid-19.
Até o momento, a nova variante não altera o curso da pandemia nem a eficácia das vacinas, trazendo uma mensagem de cautela, porém com esperança, dada a robustez das medidas já implementadas.
Fonte: Tribuna de Minas