Preço do café cai nas bolsas e mercado espera redução ao consumidor nos próximos meses
Ao contrário do movimento observado em 2024 e no início deste ano, o preço do café está recuando nas bolsas internacionais. A saca do arábica opera, em junho, abaixo de R$ 2.200, valor que não era visto desde dezembro do ano passado. Apesar do recuo na cotação, o produto só deve ficar mais barato ao consumidor, no varejo, no segundo semestre, conforme projeções de representantes do setor.
O preço do café, inclusive, subiu 2,86% em todo o país, conforme os resultados apresentados nessa quinta-feira (26) pelo IBGE na prévia da inflação de junho, medida pelo IPCA-15. Em Belo Horizonte e região metropolitana, o avanço foi menor – de 1,45%. Por outro lado, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada Departamento de Economia, Administração e Sociologia (Cepea), a redução acompanha o avanço da colheita de café nas principais regiões produtoras.
“No acumulado da parcial de junho (até o dia 16), a retração é de 7,2%”, atestou o Cepea. No caso do café tipo robusta, o recuo foi de 8,65%. A analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Sistema Faemg Senar) Ana Carolina Alves explica que a queda de preço, com o avanço da colheita, é um movimento normal. “Uma vez que a gente aumenta a oferta do produto no mercado, então tem mais disponibilidade de café”, diz.
A especialista lembra que no início da colheita, os produtores ainda estavam trabalhando com preços mais elevados. “E os produtores acabaram vendendo bastante café nessa época, aproveitando os bons preços, então essa condicionante de queda nesse momento é normal. Porém, o café depois do petróleo é a commodity que tem mais volatilidade no mercado. Ou seja, fatores geopolíticos, câmbio, clima, ritmo de produção tudo isso impacta e afeta drasticamente o preço. Não somente fatores como oferta e demanda”, relembra Alves.
Geada preocupa
Em Minas Gerais, estado que concentra a maior produção de café do país, possibilidades de geadas na região Sul preocupam o setor. Ana Carolina Alves, da Faemg, diz que o setor espera uma frente fria, com possibilidade de formação de camadas de gelo de fraca intensidade. “É uma região típica cafeeira, a maior de Minas Gerais. E isso deixa o mercado em alerta. Pode ser que nas próximas semanas a gente, se a geada acontecer, tenha uma elevação dos preços”, projeta.
A analista acredita que, no curto prazo, os preços do café devem se manter nos patamares atuais. “Uma vez que a gente está com entrada de café no mercado, né? Com essas exceções de geada e chuva, que podem fazer com que os preços possam se elevar, mas isso tudo depende muito do impacto do grau de severidade desses fatores na produção”, complementou.
E nos supermercados?
Oficialmente, os supermercados não comentam sobre os preços. Nas últimas semanas, no entanto, as embalagens de 500gr de café ficaram ligeiramente mais baratas em Belo Horizonte e região metropolitana. O presidente do Sindicato e Associação Panificação e Confeitaria de Minas Gerais (Amipão), Vinicius Dantas, diz que há uma projeção, no mercado, para uma queda em torno de 15% no preço do café.
“Agora, estamos com estoque muito alto e isso provoca queda de preço”, destaca. Segundo ele, o encarecimento de 82% considerando os últimos 12 meses, afetou as vendas. “Tivemos um declínio, em quantidade, nas vendas. A gente percebe que houve essa queda até mesmo nos próprios hábitos”, complementa.
Fonte: O Tempo