Vinhos de inverno mineiros ganham qualidade e devem ter safra de destaque em 2025
Minas Gerais tem se destacado, cada vez mais, na produção de vinhos. O clima propício e a técnica da dupla poda – o que permite a colheita das uvas no período seco – tem gerado safras de alta qualidade com bebidas conquistando mais prêmios. Conforme a Associação Nacional dos Produtores de Vinho de Inverno (Anprovin), as expectativas para a safra 2025 são muito positivas em relação à qualidade e a produção deve girar em torno de 1,1 milhão de garrafas na região de atuação da associação.
A diretora técnica da Anprovin, Aline Mabel, explica que a colheita das uvas está avançada. A associação representa 51 vinícolas, distribuídas em Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Bahia e Distrito Federal. A maior parte das vinícolas, cerca de 35%, é de Minas Gerais. Ao todo, são 500 hectares plantados com uvas voltadas para a produção de vinhos de inverno.
“A maioria das variedades de uvas brancas já foi colhida, porque são uvas mais precoces. Na segunda quinzena de julho começou a colheita das variedades tintas. O processo se intensifica bastante no fim de julho e devemos seguir colhendo até primeira quinzena de agosto. Entre as uvas produzidas, no caso das brancas, a maior parte é Sauvignon Blanc e das uva tinta a gente tem o maior volume de Sirah”, explica.
Ao longo da safra, as lavouras enfrentaram desafios climáticos, o que deve gerar um menor rendimento da produção. A diretora explica que a falta de chuvas nos primeiros meses do ano e as altas temperaturas foram desafios que prejudicaram a floração das videiras. Os fenômenos climáticos provocaram em alguns vinhedos uma desordem fisiológica, chamada filagem – quando a inflorescência começa a se desenvolver e por estresse climático reverte, fazendo com que a flor não se desenvolva totalmente.
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“Foi um ano muito mais desafiador para a produção dos vinhos de inverno por conta das condições climáticas. A gente começou a podar os vinhedos no final de janeiro e o processo se estendeu até fevereiro, só que foi um ano muito mais seco. Tivemos uma estiagem em fevereiro, março até meados de abril, meses que, normalmente, apresentam maior volume de chuvas. Então, os vinhedos que não tem irrigação sofreram um pouco na brotação e na floração já que a água nesse período é importantíssima”, confirma Aline Mabel.
Todos estes fatores tendem a provocar uma queda na produtividade das videiras, porém, o volume final de produção deve permanecer próximo aos 1,1 milhão de garrafas da safra 2024, o que representa cerca de 850 mil litros de vinho no ano. A manutenção do volume se deve ao envelhecimento dos vinhedos, o que os tornam mais produtivos, e também de novas áreas entrando em produção.
Por mais que o setor tenha enfrentado desafios na floração, as expectativas em relação à qualidade são muito positivas.
“Após abril, o clima está muito favorável para uma boa maturação. Qualitativamente, essa nossa safra será muito boa. O ano está muito mais frio. A amplitude térmica – com as noites e as manhãs bem frias e as tardes quentes e ensolaradas – contribui para uma qualidade da uva excepcional. Então, por mais que a gente esteja tendo uma maturação um pouquinho mais lenta, a qualidade vai ser muito boa”.
O mercado para os vinhos de inverno é crescente, a expectativa é encerrar o ano com vendas cerca de 15% a 20% maiores que em 2024. “As pessoas estão conhecendo mais os vinhos de inverno e vendo que a qualidade é muito superior, o que contribuiu para o aumento da demanda. Além disso, o enoturismo estimula o mercado e as vinícolas estão investindo, cada vez mais, no receptivo e na experiência para os visitantes”, finaliza.
Fonte: Diário do Comércio