Entenda o que é ‘quiet cracking’, nova crise no ambiente de trabalho
A chamada “demissão silenciosa” (quiet quitting) deixou de ser a principal preocupação no mundo corporativo e deu lugar a um fenômeno mais recente: o “quiet cracking”, ou “quebrando em silêncio”. A expressão foi destacada por Frank Giampietro, diretor de bem-estar da EY Americas, em entrevista ao “Business Insider”.
Segundo ele, o quiet cracking ocorre quando os funcionários continuam cumprindo suas funções, mas enfrentam sofrimento silencioso durante o processo. “O que temos visto é que muitas pessoas permanecem em seus empregos atuais, mas não estão prosperando. Elas se sentem presas, não por escolha, mas por não enxergarem alternativas melhores”, explicou.
Esse quadro resulta em altos níveis de insatisfação e desengajamento, com efeitos diretos sobre a moral das equipes, a produtividade e até o aumento do risco de burnout. Dados da consultoria Gallup, divulgados em abril, apontam que o engajamento global dos trabalhadores caiu de 23% para 21% no último ano, o que representou um prejuízo estimado de US$ 438 bilhões (cerca de R$ 2,4 trilhões) à economia mundial em produtividade perdida.
Mas por que esses profissionais não simplesmente pedem demissão? O “Business Insider” observa que fatores como a instabilidade econômica, o medo de mudanças bruscas no mercado de trabalho, a dependência financeira do salário e a falta de confiança em encontrar oportunidades melhores fazem com que muitos permaneçam em empregos que já não os satisfazem.
Os sinais do quiet cracking, alerta Giampietro, podem se confundir com os do burnout. Eles incluem queixas físicas — como fadiga constante e dores de cabeça frequentes —, queda de desempenho em profissionais antes altamente produtivos e mudanças no comportamento, como perda de entusiasmo e otimismo. “Tudo se resume a identificar alterações no padrão típico de comportamento de cada membro da equipe”, disse.
Quadro resulta em altos níveis de insatisfação e desengajamento, com efeitos diretos sobre a moral das equipes, a produtividade e até o aumento do risco de burnout
Para lidar com essas situações, o especialista recomenda que gestores evitem atribuir o problema imediatamente ao desempenho. Em vez disso, sugere um diálogo aberto e empático com o funcionário. “Algo como: ‘Notei uma mudança no seu comportamento. Podemos conversar? Quero ter certeza de que você está bem’”, exemplificou.
Giampietro concluiu que, embora a pandemia tenha colocado o bem-estar dos colaboradores em destaque, a estabilização da rotatividade e o foco em cortes de custos fizeram com que esse tema perdesse espaço em muitas organizações. “O bem-estar pode não estar recebendo a atenção que realmente merece”, reforçou.
Quiet cracking
O que é quiet cracking: trata-se de um processo em que o profissional permanece no emprego, mas passa a sofrer em silêncio, sem motivação ou perspectivas de crescimento, comprometendo tanto sua saúde mental quanto os resultados da empresa.
Fonte: ICL Notícias