Um terço dos brasileiros gasta todo o dinheiro da conta em menos de três dias após receber
Pelo menos 35% dos brasileiros gastam todo o dinheiro recebido em suas contas em até 36 horas. O dado é de uma análise inédita realizada pela klavi, fintech líder em inteligência de dados financeiros via Open Finance. O estudo analisou movimentações bancárias reais de mais de 7.000 pessoas em diferentes instituições financeiras e identificou um padrão acelerado de liquidação das contas logo após o recebimento dos valores.
De acordo com o levantamento, 18% dos clientes gastam todo o saldo em até 24 horas e 42% após 36 horas. Além disso, mais da metade dos usuários (56%) deixam menos de R$ 100 disponíveis.
Conforme análise da fintech, os números refletem o desafio de lidar com uma renda frequentemente comprometida por dívidas, contas fixas e custos básicos do dia a dia. “Os dados mostram que o brasileiro tem pouca margem de manobra financeira. O que entra na conta, em grande parte, sai quase de imediato para cobrir despesas fixas e dívidas. Isso revela um cenário de vulnerabilidade que precisa ser olhado com atenção”, aponta Bruno Chan, CEO e cofundador da klavi.
Dados da Serasa revelam que o Brasil alcançou, em junho de 2025, o maior número de inadimplentes da série histórica: 77,8 milhões de pessoas. O valor médio das dívidas ultrapassa R$ 6.000 por indivíduo, totalizando R$ 477 bilhões em débitos em aberto.
Para Bruno Chan, o cenário aponta para uma população que, além de ter dificuldades em poupar, encontra obstáculos para retomar o equilíbrio financeiro. “Esse comportamento pode estar relacionado a um padrão que já identificamos em outros cenários: o uso do cheque especial como uma espécie de capital de giro pessoal”, diz.
“Muitas vezes, a conta parece ‘limpa’ porque o saldo foi recomposto, mas isso ocorreu com recursos do próprio limite do cheque especial, um crédito caro e de alto risco. Esse movimento, somado a gastos recorrentes acima da renda, cria um terreno fértil para o endividamento crônico. Sem um planejamento financeiro sólido, políticas de crédito mais responsáveis e iniciativas efetivas de renegociação, o resultado tende a ser um ciclo difícil de quebrar”, analisa.
Fonte: O Tempo