La Niña pode voltar neste trimestre; veja como fenômeno pode impactar o Brasil
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) anunciou na madrugada desta terça-feira (2/9) que o La Niña pode retornar neste trimestre, afetando padrões meteorológicos e climáticos a partir de setembro. A última ocorrência do La Niña foi de dezembro de 2024 a março de 2025.
O fenômeno é parte das variações naturais do clima e ocorre quando há um resfriamento do oceano Pacífico perto da linha do Equador (no El Niño, acontece o oposto), o que costuma fazer com que as temperaturas no planeta caiam temporariamente.
Apesar disso, o órgão meteorológico das Nações Unidas adverte que nos próximos meses os termômetros devem continuar registrando índices acima da média em grande parte do mundo.
No Brasil, geralmente o La Niña muda a distribuição de chuvas, com precipitação maior nas regiões Norte e Nordeste e menor no Sul e Centro-Oeste. As temperaturas costumam ficar mais baixas no país.
A organização disse, ainda, que há pouca chance de o El Niño se desenvolver no segundo semestre.
Desde março, o cenário é de condições neutras, sem a presença do El Niño nem do La Niña, com a variação da temperatura da superfície do mar permanecendo próxima da média em todo o Pacífico equatorial.
De acordo com as previsões mais recentes dos Centros Globais de Produção para Previsão Sazonal da OMM, há 55% de chance de as temperaturas da superfície do mar no Pacífico equatorial esfriarem para níveis de La Niña, e 45% de chance de permanecerem em níveis neutros no período de setembro a novembro.
Para outubro a dezembro de 2025, a probabilidade de condições de La Niña aumenta ligeiramente, para cerca de 60%.
“As previsões sazonais para El Niño e La Niña e os impactos associados a eles em nosso clima são uma importante ferramenta de inteligência climática. Elas se traduzem em milhões de dólares de economia para setores-chave como agricultura, energia, saúde e transporte, e salvaram milhares de vidas quando usadas para orientar ações de preparação e resposta”, afirmou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
A Administração Nacional Atmosférica e Oceânica (Noaa, na sigla em inglês) dos Estados Unidos anunciou em agosto que há 56% de chances das condições neutras continuarem até outubro, sendo seguidas por um “breve período de La Niña” até as primeiras semanas do próximo verão. Depois disso, a agência espera que as condições neutras retornem.
EL NIÑO, LA NIÑA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS
O La Niña é caracterizado pelo resfriamento periódico em larga escala das temperaturas da superfície do oceano nas regiões central e oriental do Pacífico equatorial. Essa variação está associada a alterações na circulação atmosférica, como nos ventos, na pressão e nos padrões de precipitação.
Tipicamente, o La Niña traz impactos climáticos opostos aos do El Niño, especialmente em regiões tropicais.
No entanto, esses eventos climáticos naturais estão ocorrendo no contexto mais amplo da mudança climática induzida pelas atividades humanas – que está aumentando as temperaturas globais, exacerbando eventos climáticos extremos e impactando a sazonalidade das chuvas e da variação nas temperaturas.
Diante de um planeta cada vez mais quente, o resfriamento trazido pelo La Niña em anos recentes não tem sido suficiente para refrescar significativamente as temperaturas globais.
Assim, levando em conta a crise climática e também outros padrões meteorológicos, a OMM alerta que, mesmo que o La Niña chegue no próximo trimestre, as temperaturas devem ficar acima do normal em grande parte do hemisfério Norte e em grandes áreas do hemisfério Sul de setembro a novembro.
Quanto à chuva, as previsões para o período são semelhantes às condições tipicamente observadas durante um La Niña moderado.
(JÉSSICA MAES/Folhapress)