Dia do Idoso: saúde mental e socialização como pilares do envelhecimento ativo

Redação1 de outubro de 20256min0
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Estruturas modernas, seguras e com cuidado especializado se consolidam como espaços de convivência, acolhimento e promoção da saúde

O Brasil nunca teve tantos idosos como agora. Segundo o Censo 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 32 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, o que representa 15,6% da população, crescimento de 56% em pouco mais de uma década. No Dia do Idoso, celebrado em 1º de outubro, a atenção se volta para a saúde mental e a qualidade de vida dessa população que enfrenta desafios como solidão e depressão.

Esse cenário impulsiona também o crescimento dos residenciais sênior no País, que se tornam alternativas cada vez mais valorizadas pelas famílias brasileiras. Estruturas modernas, seguras e com cuidado especializado vêm substituindo se consolidam como espaços de convivência, acolhimento e promoção da saúde. “Por muito tempo, os residenciais de idosos foram associados à ideia de isolamento e abandono. O que mostramos hoje é exatamente o contrário: eles podem ser espaços de saúde, convivência, bem-estar e qualidade de vida”, explica Felipe Vecchi, médico geriatra e diretor médico e operacional dos residenciais Cora e Vivace, da BSL Saúde.

Uma meta-análise publicada em 2024 mostrou que programas estruturados em grupos de convivência e atividades guiadas, por exemplo, reduzem de forma consistente a solidão em idosos que vivem na comunidade (PubMed, 2024). “O residencial não deve ser visto como ponto de exclusão, mas como local de encontro. Criamos ambientes de convivência, como cafeterias, cinemas, playgrounds e até parcerias com escolas do bairro, que trazem vida e integração entre gerações”, contou o médico.

Um dos diferenciais apontados por Vecchi é a humanização do cuidado, que vai além do atendimento clínico. Para ele, cada idoso deve ter respeitada a sua forma de viver bem. “Para alguns, qualidade de vida é caminhar, para outros, é bordar ou cozinhar. Nosso papel é proporcionar essas escolhas”, destaca.

Nos residenciais Cora e Vivace isso se traduz em programações personalizadas que vão desde exercícios físicos e oficinas de artes até passeios externos, encontros familiares e projetos de inclusão digital. Esse novo olhar tem ajudado a romper preconceitos e aproximar as famílias.

“O que buscamos é transformar o residencial em algo próximo da casa da avó: um lugar onde a família visita, participa, almoça junto e compartilha momentos. Assim, o familiar deixa de ser apenas cuidador e volta a ser filho, neto ou sobrinho”, completa Vecchi.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que socialização significativa, grupos de apoio e atividades físicas são estratégias fundamentais para reduzir sintomas depressivos e aumentar a satisfação de vida dos idosos. Em relatório de 2023, a entidade também destacou a importância de oferecer suporte aos cuidadores, peças-chave no bem-estar da população sênior (OMS, 2023).

Apoio ao idoso e também à família

O especialista também lembra que o cuidado domiciliar, quando assumido apenas pela família, pode gerar sobrecarga. “Muitas vezes, o familiar abre mão do trabalho, da vida social e até da própria saúde para cuidar de um idoso. A verdade é que o amor vem acompanhado de culpa, sobrecarga e renúncia. O residencial surge como apoio não apenas para o idoso, mas também para a família”, explica Vecchi.

Essa perspectiva acompanha um movimento crescente no Brasil: segundo o Censo 2022, mais de 160 mil idosos vivem em instituições de longa permanência. A expectativa é de que esse número aumente nas próximas décadas, acompanhando o envelhecimento acelerado da população.

Tecnologia como ponte contra o isolamento

No campo da inovação, ferramentas digitais têm se mostrado eficazes no combate à solidão. Tablets com interface facilitada, videochamadas e até robôs sociais já demonstraram impacto positivo. E esse movimento já chegou ao Brasil. Em parceria com a USP, a BSL Saúde introduziu nos residenciais Cora o robô Sara, voltado ao letramento digital de idosos. O projeto é liderado pela professora Meire Cachioni e acompanhado pela gerontóloga Clara Raiana do Nascimento, que trouxe a iniciativa para a unidade Cora Tatuapé.

“Os residentes têm tido boa aceitação com o robô e avaliam positivamente a aprendizagem por meio dessa tecnologia”, explica Clara. Programada para se comunicar de maneira intimista e fluida, Sara interage com os idosos em atividades que vão de questionários cognitivos a dinâmicas de socialização. Segundo a especialista, a robô tem se mostrado eficaz para estimular a cognição, aumentar o engajamento e promover interação social.

“O robô social é uma ponte entre o idoso e o mundo digital. Ele não substitui o contato humano, mas facilita conexão, estimula aprendizado e complementa o cuidado. Em um residencial humanizado, tecnologia e afeto podem caminhar juntos”, finaliza Felipe Vecchi.

  • Muzambinho.com

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