Mortes acendem alerta para meningite C em Minas Gerais
A morte de duas crianças por meningite C, no Sul de Minas, acende o alerta para uma doença grave, que pode levar ao óbito ou deixar sequelas graves. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que foram registrados 53 casos de doença meningocócica em 2024 e 46, até ontem, neste ano.
Segundo a secretaria, foram confirmados três casos de meningite meningocócica causada pela bactéria Neisseria meningitidis do sorogrupo C, em Extrema, sendo que duas das crianças infectadas morreram. A SES-MG ressalta que todas as medidas de vigilância epidemiológica e controle foram imediatamente adotadas, incluindo a identificação e a administração de medicamentos profiláticos para pessoas que tiveram contato próximo com as crianças infectadas, conforme protocolos do Ministério da Saúde.
Já em Itapeva, também no Sul de Minas, um caso do mesmo sorogrupo foi notificado, porém, sem vínculo epidemiológico com os de Extrema. “As análises preliminares indicam tratar-se de um evento isolado”, diz a pasta, em nota. A SES-MG informa ainda que, “até o momento, não há novos casos confirmados para o mesmo agente etiológico nos municípios citados nem em outras localidades da região.”
Apesar disso, afirma que a cobertura vacinal em Extrema indica a necessidade de reforço nas ações, já que em menores de 1 ano é de 83,8%, e entre adolescentes de 11 a 14 anos está em 76,8%. O Ministério da Saúde estabelece meta de 95% para bebês de até um ano e 80% para os adolescentes.
“A vacinação é a medida mais eficaz e segura para prevenir a doença meningocócica. A SES-MG reforça a importância da atualização da caderneta vacinal, especialmente entre crianças e adolescentes, grupos mais vulneráveis à infecção. O município de Extrema intensificou as ações de imunização, com horário estendido das salas de vacina, busca ativa de não vacinados e mobilização das equipes da Atenção Primária à Saúde, em parceria com a Regional de Saúde de Pouso Alegre e com o apoio técnico da SES-MG”, diz a nota.
A pasta lembra que a vacinação está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS). Pais e responsáveis devem comparecer com a caderneta de vacinação para verificar e atualizar as doses.
Monitoramento e atenção aos sintomas
A SES-MG, por meio da Subsecretaria de Vigilância em Saúde (SUBVS) e da Superintendência de Vigilância Epidemiológica (SVE), diz que mantém o monitoramento constante da situação e presta apoio técnico permanente aos municípios, em parceria com o Ministério da Saúde e as Regionais de Saúde.
Ressalta que todas as ações de prevenção, investigação e comunicação de risco são conduzidas de forma articulada entre estado, municípios e instâncias federais, visando à proteção da população e à transparência das informações. E alerta para a atenção aos sintomas, como febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, vômitos, sonolência ou manchas na pele. Nestes casos, é essencial buscar atendimento médico imediato.
Inflamação
Infectologista da Santa Casa BH, Alexandre Moura explica que a meningite é uma inflamação das membranas que envolvem o cérebro, podendo ser causada por vírus, fungos ou bactérias. No caso do sorogrupo C, a doença é causada por uma bactéria específica chamada meningococo, considerada mais agressiva. “Mas há vacina contra ela. Se a criança está vacinada adequadamente, não terá forma grave”, ressalta o especialista.
Ele lembra que as formas graves transmitidas pela bactéria se reduziram nos últimos anos, porque a cobertura vacinal da meningite é relativamente boa se comparada a outras vacinas. Enquanto a bactéria pneumococo é mais frequente em adultos e idosos, a meningococo acomete mais crianças e adultos jovens. “É uma doença que tem uma gravidade maior. Se não tratada, pode evoluir para óbito rápido. A letalidade é entre 20% a 30%. Se não matar, pode gerar sequelas neurológicas, déficit motor e alterações auditivas”, alerta Moura.
A transmissão acontece por contato com secreção respiratória. No caso da meningite meningocócica, o médico afirma que é feita uma busca por todas as pessoas que tiveram contato com o infectado. “Elas devem tomar antibiótico para não se infectar nem transmitir para outros também. É um tratamento preventivo.”
Os sintomas mais comuns são febre alta e dor de cabeça forte, seguida de vômito. “A pessoa fica prostrada, debilitada muito rápido. Nesses casos, é preciso procurar atendimento o mais rápido possível.” Além disso, o infectologista recomenda a vacinação como método mais eficaz de prevenção. “É manter o cartão de vacina em dia, já que é uma doença perigosa.”
Fonte: Estado de Minas








