Inadimplência no agro cresce e crédito fica mais difícil para produtores


Com isso, os bancos passaram a liberar menos dinheiro para o campo e a exigir mais garantias. No primeiro semestre do Plano Safra 2025/26, a concessão de crédito caiu cerca de 15%. Além disso, os juros mais altos tornaram os financiamentos ainda mais pesados para o produtor pagar.
Hoje, somando dívidas atrasadas, renegociadas ou prorrogadas, o problema já atinge mais de 15% do crédito rural, o equivalente a R$ 123,5 bilhões. Entre produtores pessoa física que tomam empréstimos a juros livres, a inadimplência chegou a 11,4% em outubro. Em julho de 2024, esse número era bem menor.
No Banco do Brasil, principal financiador do agro, a inadimplência do setor passou de 5%. Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o cenário ainda vai levar tempo para melhorar. A avaliação é que muitos produtores estão usando boa parte da renda apenas para pagar dívidas.
No Bradesco, a inadimplência subiu, mas ainda está abaixo de 2%. Segundo o banco, o maior problema hoje é o custo financeiro. Os juros altos estão consumindo a margem de lucro e não sobra dinheiro para amortizar os financiamentos. Mesmo assim, a maioria dos clientes segue pagando em dia, e o banco deve continuar atendendo produtores menos endividados.
Já o Santander avalia que a recuperação será lenta. Muitos produtores se endividaram quando os juros estavam baixos, as commodities em alta e o crédito mais fácil no período pós-pandemia. Agora, o ajuste está sendo doloroso.
A tendência, segundo analistas, é que os bancos fiquem mais rigorosos de vez. As exigências de garantias devem aumentar, e o crédito não deve voltar a ser tão fácil como antes. Para quem está muito alavancado, a saída pode ser reduzir a área, renegociar contratos ou até deixar a atividade.
Mesmo com as dificuldades financeiras, a área plantada no país continua crescendo e pode chegar a mais de 84 milhões de hectares. A expectativa é de nova safra recorde de grãos em 2026, acima de 350 milhões de toneladas. No entanto, o clima será decisivo, especialmente para o milho safrinha.
A possível queda da taxa Selic em 2026 não deve resolver o problema de imediato. Especialistas explicam que, para quem já está endividado, uma pequena redução nos juros ainda pesa no bolso. O alívio real só viria com juros abaixo de dois dígitos.
Outro efeito já sentido é no mercado de terras. Arrendatários mais endividados tendem a devolver áreas ou renegociar contratos. Com isso, pode haver concentração maior no setor, com produtores mais estruturados assumindo áreas de quem não consegue mais se manter.
Consultores avaliam que o agro passa por uma “peneirada”. Produtores sem organização financeira ou fora de cooperativas e sistemas integrados devem reduzir produção, vender áreas ou sair da atividade. A recomendação é clara: ajustar o tamanho do negócio à realidade financeira para continuar no campo.
Fonte: Portal Onda Sul

















