Consumo errado de alimentos no inverno reduz imunidade e pode aumentar fome, diz Unicamp
Basta a temperatura cair para o apetite a aumentar. O inverno é a época do ano em que é mais difícil evitar as comidas calóricas, o que deixa muitas pessoas apreensivas, com medo de ganhar peso. Para pesquisadores da Unicamp, no entanto, a alimentação reforçada é indispensável para manter a imunidade elevada e evitar doenças comuns nessa estação.
A atenção também deve se voltar para opções que esquentam o organismo momentaneamente, mas, em vez de saciar, provocam aumento da fome. Café, chocolate, gengibre, canela, pimenta e alguns chás são exemplos termogênicos, e responsáveis por um gasto de energia que o corpo precisa suprir.
Professora e doutora em ciências de alimentos na Faculdade de Engenharia de Alimentos em Campinas (SP), Glaucia Pastore explica que a manutenção da temperatura corporal exige a aceleração do metabolismo e o consumo de mais calorias.
“O frio faz com que o nosso corpo precise queimar mais calorias para equilibrar a temperatura corporal. Você faz isso digerindo mais alimentos. […] É uma estação muito curiosa porque a comida que você come vai ser metabolizada mais depressa. Precisa gerar mais energia do que o corpo humano está acostumado”, afirma.
A baixa nas temperaturas leva à redução da resistência do organismo, e o crescimento de vírus e bactérias é favorecido.
“Quando você gasta energia para equilibrar a temperatura, a sua imunidade cai um pouco. Por isso que, no geral, no inverno a gente fica mais doente”, diz a professora.
Para que isso não aconteça, é preciso se agasalhar bem no frio e não é recomendada a redução ou a restrição de calorias.
“Alimentos mais consistentes com valor calórico mais elevado, acabam fornecendo uma boa sustentação”, diz Glaucia.
Alimentos termogênicos
Apesar de causar a sensação instantânea de conforto e calor, quem não quer ganhar uns quilos a mais precisa tomar cuidado com os alimentos termogênicos.
“Quando você toma uma coisa com gengibre, num primeiro momento você sente um calor, mas na sequência da transformação bioquímica vai gastar a sua energia. Talvez sinta mais fome, vontade de comer mais”, afirma a professora.
O ideal é manter o equilíbrio e combinar os alimentos. Caldos quentes e sopas garantem um bom aporte calórico e o chocolate quente também é uma boa opção para repor o que o corpo necessita.
“É um bom alimento, tanto ele como o cacau, que seria melhor porque a concentração de substâncias protetoras do organismo é maior. Vai dar um aquecimento e uma boa quantidade de energia”.
Hábitos saudáveis
Doutoranda da Faculdade de Ciências Aplicadas em Limeira (SP), Josiane Miyamoto lembra que não há problema em consumir um pouco a mais de calorias quando se mantém hábitos saudáveis ao longo do ano.
“Uma pessoa que é ativa e se cuida, independente da estação, não será prejudicada por querer comer essas comidas mais pesadas, vez ou outra. Gastamos mais energia no inverno”.
Ela ainda pontua que dietas muito restritivas podem fazer mal.
“Se você não se sente confortável em levar aquilo por muito tempo, quer dizer que tem radicalismo intrínseco. Isso causa, inclusive, o desequilíbrio no consumo de certos grupos de alimentos, e acaba trazendo consequência a longo prazo”.
O professor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) e coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo em Campinas, Mário Maróstica, reforça que o importante é escolher bem o que se esta ingerindo.
“A facilidade em engordar e a alimentação dependem muito de pessoa para pessoa. A questão é manter as escolhas corretas e ter uma alimentação consciente, sempre”, afirma.
Equilíbrio + calorias + vitamina C
Outro aliado para aumentar a resistência do organismo é o consumo de vitamina C, destaca Glaucia Pastore. Menos solicitados nos dias mais frios, os sucos cítricos precisam ser consumidos para reforçar a nutrição.
“O sucos cítricos, laranja, limão, morango, abacaxi, são importantes porque têm alto teor de vitamina C, que nessa fase é muito importante porque evita a perda de resistência. No inverno o metabolismo acelera muito e, se não tiver esta vitamina, estamos sujeitos a baixar a resistência”, explica.
Fonte: G1.com.br