Saiba como proteger as compras do cartão de crédito das fortes oscilações do dólar
Com a atual disparada do dólar, o viajante deve redobrar o cuidado no uso do cartão de crédito fora do país e nas compras internacionais, e ficar de olho nas opções para evitar surpresas negativas no retorno ao Brasil. Isso porque o valor cobrado pela operadora é baseado sempre na cotação da data de fechamento da fatura, e não a do dia de cada gasto.
Quem fez compras no começo de agosto, por exemplo, pode levar um susto com o valor da fatura. No acumulado do mês, o dólar subiu mais de 10%. No dia 1º de maio, a moeda dos EUA era cotado a R$ 3,75, e atingiu R$ 4,19 nesta terça-feira (4), rondando máximas históricas. E isso sem contar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), cuja alíquota atual é de 6,38%. A moeda está perto de bater o recorde histórico e, nas casas de câmbio, o dólar turismo já chega a ser negociado acima de R$ 4,60. Veja a cotação de hoje
A possibilidade travar a cotação nas transações com cartão de crédito com o valor do dólar do dia da compra foi liberada pelo Banco Central no final de 2016, mas os bancos ainda resistem em oferecer esta opção aos clientes.
A Caixa Econômica Federal ainda é o único dos grandes bancos que aderiu à nova norma do Banco Central. A conversão pela data da compra, entretanto, é sempre opcional, e deve ser solicitada na primeira vez em que o cliente liberar o cartão internacional.
A maioria dos bancos oferece como alternativa apenas a opção de quitação antecipada da fatura pelo câmbio do dia do pagamento.
Procurada pelo G1, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) destacou informou em nota que a oferta da conversão de moeda estrangeira com base na cotação do dia da compra não é obrigatória.
“A oferta dessa alternativa é facultativa aos emissores de cartão, que, de acordo com suas políticas, sistemas e estratégias comerciais, podem ou não disponibilizá-la aos seus clientes. A Abecs não comenta as estratégias comerciais de seus associados quando totalmente alinhadas às normas regulatórias”, disse a associação.
Imposto de 6,38%
Para o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), Reinaldo Domingos, não é do interesse dos bancos oferecer a alternativa. “Os bancos não vão se esforçar para cobrar menos”, afirma.
Ele lembra ainda que, financeiramente, sempre será mais vantajoso comprar dólares em espécie para levar nas viagens, pelo fato de a alíquota do IOF para o cartão de crédito e pré-pago ser mais alta (6,38% contra 1,1%).
Segundo o educador, o mais recomendado é que o cartão de crédito seja usado no exterior somente para emergências e que seja feita antecipadamente uma reserva orçamentária para esse gasto.
“Não é porque o dólar aumentou que não se pode viajar mais. O que é preciso fazer é uma readequação orçamentária e achar onde cortar. Quanto ao cartão de crédito, o ideal é usar só em caso de emergência e se efetivamente tiver uma oportunidade que valha a pena, porque além o IOF, há o risco de taxas de 300% [ao ano] em caso de inadimplência”.
Veja as opções oferecidas por cada banco
Caixa
Oferece a opção de converter o valor gasto fora do país pela cotação em reais do dia de cada compra. Regra também vale para compras feitas pela internet em sites de outros países. A conversão pela data da compra é sempre opcional, e deve ser solicitada na primeira vez em que o cliente liberar o cartão internacional.
Itaú
Permite ao cliente fazer carregamento em dólar, euro ou libra nos cartões de crédito ou múltiplo. Neste serviço, a conversão é feita pela cotação de câmbio da data da carga ou recarga. “O cliente escolhe o dia da cotação, além de poder fazer múltiplas recargas como planejamento para sua viagem. Além das compras em lojas, hotéis, restaurantes e demais estabelecimentos afiliados à bandeira do cartão, o cliente também pode realizar compras em sites internacionais e ainda sacar valores no exterior, que também serão abatidos deste saldo pré-carregado”, informou.
Banco do Brasil
Oferece cartões múltiplos que permitem compras na função crédito (conversão na data do pagamento) e na função débito (cotação da hora da compra). Outra alternativa é o uso de cartão pré-pago em euro ou dólar americano, que permite a aquisição prévia dessas moedas.
“Caso os clientes que compraram na função crédito entendam que o dólar está favorável, eles podem antecipar o pagamento de sua fatura, utilizando a cotação do dia para conversão de seu saldo na moeda estrangeira”, informa o banco.
Bradesco
Para compras no cartão de crédito, oferece a opção de pagamento antecipado das despesas em moeda estrangeira pelo câmbio do dia. “Não há serviço de trava da cotação para pagamento posterior na data de vencimento da fatura”, informou.
Santander
Não faz trava de cotação de dólar, mas permite o pagamento antecipado. A taxa de conversão do dólar para a moeda nacional é informada na fatura do cartão de crédito. “Caso a taxa utilizada na data de fechamento da fatura seja diferente na data do pagamento ou do vencimento da fatura, o que ocorrer primeiro, a diferença será creditada ou debitada na fatura seguinte”, informou.
Nubank
Não oferece opções para travar cotação do dólar. Nas compras internacionais, o dólar é sempre calculado com base no dia de processamento da compra. “Depois, se houver alguma diferença entre a cotação do processamento da compra e do dia do pagamento da fatura, passa pela variação cambial. Nesse caso, lançamos um débito (se a cotação tiver aumentado) ou um crédito (se a cotação tiver caído) na fatura em aberto”, informou.
Fonte: G1.com.br20