Gripezinha? Estudo mostra que COVID-19 é muito mais mortal que gripe comum
A COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus, é mais mortal que a gripe? Muito mais, conclui um novo estudo da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, e publicado na revista especializada Health Affairs. A pesquisa também aponta um futuro sombrio para países que não estabelecerem uma luta firme contra a disseminação do vírus.
Após analisar os dados dos pacientes diagnosticados com o novo coronavírus nos Estados Unidos, os autores da pesquisa estimaram em 1,3% a taxa nacional de mortes entre as pessoas que foram infectadas pelo SARS-CoV-2 e apresentaram sintomas. Como comparação, o índice de óbitos entre os pacientes que pegam gripe comum é 0,1%.
“A COVID-19 é mais letal que a gripe. Podemos encerrar esse debate”, afirmou, em um comunicado à imprensa, Anirban Basu, um dos autores da pesquisa e professor de economia da saúde na Universidade de Washington.
Perto de 500 mil mortes
Para coletar os dados, a Escola de Farmácia da universidade criou um site que coleta os casos e as mortes em 116 condados de 33 estados norte-americanos. O professor Basu ressalta que o site ajuda a criar um panorama atualizado da pandemia em diferentes regiões dos Estados Unidos e a estimar, de maneira mais confiável, o impacto do vírus se ele se disseminar de maneira ampla.
E as perspectivas são preocupantes, afirma o pesquisador. Segundo ele, cerca de 3,5 milhões de americanos (pouco mais de 1% da população) foram infectados pelo vírus da gripe na temporada de 2018 e 2019. Se o mesmo número de pessoas for infectado pelo novo coronavírus e apresentar sintomas, a quantidade de mortes nos Estados Unidos poderia ser entre 400 mil e 500 mil.
Porém, o novo coronavírus tem se mostrado mais infeccioso que o vírus influenza e tem potencial para contaminar um número muito maior de pessoas. Basu, então, afirma que, se 20% da população americana forem infectados, o total de mortos poderia variar entre 350 mil e 1,2 milhão de pessoas.
Medidas de saúde pública
Apesar de avanços importantes na busca por uma vacina, a produção em larga escala de doses para imunizar toda a população ainda deve demorar. É necessário, então, tomar medidas que diminuam a circulação do vírus, defende o professor.
“Esses são números impressionantes, que só pode ser reduzido medidas de saúde pública sólidas. Nossa esperança é que nosso estudo estimulem políticas locais e nacionais que salvem vidas. Por fim, queremos que nossos resultados ajudem a proteger as pessoas ao redor do mundo.”
Como a taxa de mortalidade depende de uma série de fatores, incluindo o acesso a hospitais, os números encontrados por Basu nos Estados Unidos não podem ser transpostos automaticamente para outros países.
Porém, é possível prever, com base no novo estudo, um imenso número de mortos no Brasil caso se concretize a previsão, constantemente repetida pelo presidente Jair Bolsonaro, de que 70% dos brasileiros serão infectados. Pesquisadores brasileiros já estimaram que uma taxa tão alta de infecção no Brasil levaria a 1,8 milhão de mortes por covid-19 no país.
Fonte: EM